quinta-feira, 23 de outubro de 2014

DUREXIT & BREXIT


(Nicola Jennings, http://www.theguardian.com)

José Manuel Barroso, Durão para consumo interno, despediu-se hoje no Parlamento Europeu com um dos seus melhores discursos destes dez anos (que rápido anda o tempo!). A ponto de até ter conseguido entusiasmar um homem habitualmente moderado e pouco dado a grandes extroversões, o socialista Francisco Assis.

Mas não se vá ao ponto de pensar que, no seu discurso em Estrasburgo, a criatura disse algo de relevante, nem muito menos que daquele tenha saído algum tipo de honorável ato de contrição – nada disso! Tratou-se tão-só de mais um dos muitos “louva-a-eu” que Durão produziu repetitivamente ao longo dos seus mandatos, apenas integrando uma assinalável diferença: é que, talvez para disfarçar a tristeza que naturalmente sentia, Durão optou por um discurso sem papel, por um tom mais vivo e por uma atitude menos rígida para defender a sua “dama” de uma Europa que ele tanto insiste em considerar que ajudou a crescer, a resistir e a fortalecer (?). Sendo que, para bem o comprovar, lá deixou um calhamaço (capa abaixo), criteriosamente preparado para o efeito – mais de seiscentas páginas de publicidade não paga e que podem ser objeto de um download gratuito em sites oficiais ou da especialidade; em qualquer caso, um documento que pode vir a revelar-se útil a vários títulos.


Mas sejamos justos: não foi apenas na hora da despedida que Durão esteve menos mal do que no resto do tempo, foi também na sua última prestação pública em exercício. Com efeito, e numa intervenção em Londres, deixou uma advertência ao primeiro-ministro britânico quanto ao “erro histórico” de uma política de imigração que aliena os seus aliados naturais na Europa Central e de Leste. Tendo ainda enfatizado a sua “dificuldade em aceitar esse pressuposto de que há uma tensão permanente entre os interesses do Reino Unido e o interesse europeu” e até mesmo que o aquele país perderia grande parte da sua relevância mundial se viesse a abandonar a União Europeia. Vale o que vale perante a conjuntura política que se vive naquelas paragens, mas não obstante...


(Jeremy Banks, “Banx”, http://www.ft.com)

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