sexta-feira, 29 de maio de 2015

E EU A DAR-LHE COM O VAROUF!


Não lhe chamaria propriamente “quixotesco”, como o fez aquele que é talvez o mais apreciado cartunista nacional. Mas, e até prova em contrário, continuo a considerar notável a capacidade negocial e de resistência que tem vindo a ser continuadamente revelada pelo governo grego, com Yanis Varoufakis ao comando técnico.

Deixo dois exemplos demonstrativos da inteligência da sua presença pública, designadamente através de um gráfico que postou e de uma declaração escrita que produziu na passada semana. O gráfico bate na relevante tecla já aqui bastas vezes repetida da dimensão incomparável e incomportável da austeridade que foi imposta à Grécia ao longo destes anos de crise. A declaração, para além de colocar nos devidos e exatos termos o que realmente foi por ele dito a um jornal alemão que o desafiou a explicar como se fosse a um adolescente o tipo de relação que tem com Schäuble, revela-o como um sujeito bem mais hábil do que a imagem maléfica que alguma imprensa internacional insiste a toda a força – et pour cause... – em lhe colar. Atente-se, designadamente, em três apontamentos na mouche: um, a sensação de respeito perante uma figura lendária que segue criticamente há décadas; dois, a urgência de contrariar a sua abordagem dominante sobre a Europa; três, alguma frustração por não ter a oportunidade de discutir com ele na diferente configuração de um apropriado contexto federal e democrático em que o papel proeminente coubesse aos argumentos e não aos poderes relativos.

Não obstante tudo isso, nada impede que o andamento do tempo e o recrudescimento das dificuldades até nos possam conduzir à renovada constatação de que os cavalos também se abatem...


Sem comentários:

Enviar um comentário