quarta-feira, 24 de agosto de 2016

ACONTECEU UM MILAGRE, MIGUEL!


Sou dos que apreciam o talento literário e a independência cívica de Miguel Sousa Tavares (MST). Além, como é óbvio, o seu assumido gosto pelo espetáculo futebolístico e, nesse quadro, o seu fervoroso e pouco isento “portismo”.

Mas tenho também de reconhecer que o homem tem frequentemente tendência para fazer tudo quanto pode para exagerar na dose e assim chocar ora o leitor ora o alvo que elege para atingir. Sobretudo quando fala daquilo de que não sabe ou daquilo de que sabe menos ou daquilo de que desconhece contornos essenciais, MST fica-se pela rama e/ou asneia tão redondamente quão perentórias são as certezas que sempre proclama. São feitios e daí talvez não venha grande mal ao mundo, designadamente se ponderado o balanço muito positivo resultante da sua já longa intervenção no espaço público.

Refiro-me ao MST que, nos últimos anos, comenta no “Expresso”, na “SIC Notícias” e em “A Bola”. Sendo que vai errando em todos os casos, será especificamente em matéria de futebol, e sobretudo desde que está em oposição frontal ao poder estabelecido no FC Porto, que o declínio opinativo de MST se tem vindo a tornar crescente. Mesmo tendo as mais das vezes razão na substância dos pontos que escolhe focar. E hoje, no dia em que assinou em “A Bola” um artigo intitulado “Mais um ano falhado?” e na noite em que o dito clube da sua preferência se apurou para a fase de grupos da Liga dos Campeões com um concludente 3-0 no Estádio Olímpico de Roma, o seu incompreensível despropósito de comentarista bateu no fundo com estrondo – como quando escreveu que “esta equipa do FC Porto tem apenas quatro bons jogadores” (!), nomeou os ditos quatro (Marcano, Layún, Otávio e Corona, mas não Casillas, Maxi, Danilo, Ruben Neves, Herrera ou André André, p.e.) e ainda arrasou com aquele “a Roma mostrou ser claramente melhor equipa que o FC Porto (que não tem, de todo e por ora, estatuto de Champions, mostrou ter melhores valores individuais, mais claras ideias de jogo e uma atitude de conquista que no FC Porto se foi perdendo” – pois, afinal, lá irão ser os banais “azuis-e-brancos” a disputar mais seis partidas da maior liga europeia de clubes. Não seria tempo de MST se decidir corajosamente, como é seu apanágio, por uma renúncia a mais envolvimentos pretensamente sérios nesta matéria em que manifestamente não detém competências mínimas?

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