Amadeu Guerra e Ana Paula Martins são as caras que melhor definem o regime instalado e controlado por Luís Montenegro, com a devida aquiescência do comentador que persiste no Presidente da República.
Num país que viveu o que viveu neste primeiro quarto de século – do “pântano” à fuga de Durão, das dondoquices de Santana à esperança de um Sócrates reformista, da duplicidade deste às indescritíveis loucuras pessoais e políticas que exibiu, do pedido de resgate às maldades da Troika, dos excessos pseudo-patrióticos de Passos à “geringonça”, da esperança de um Costa absolutamente maioritário à incompetente e irresponsável auto-delapidação das suas condições de governação, da vitória pequenina de Montenegro ao desconstrutivo fenómeno da “Spinumviva” em que Montenegro transformou o escrutínio em ofensa (cito Poiares Maduro) e à consequente significância normalizada do intolerável radicalismo do Chega –, seguramente que dispensávamos bem a centralidade nacionalmente afirmada de uma esperteza saloia assente em cumplicidades indevidas e em palavras desonradas (vejam-se acima as elucidativas variações de humores que ambos manifestam nas suas declarações públicas em torno do caso Sócrates – cito o próprio: “eu penso que o Eng. José Sócrates sempre disse que queria ser julgado neste processo para provar a sua inocência, portanto acho que devemos dar essa oportunidade ao Eng. José Sócrates para provar a sua inocência; a ele e a todos os cidadãos, que é isso que nós queremos” – e dos resultados do inquérito da IGAS e posteriormente objeto de sucessivas operações de cosmética por parte de entidades tuteladas, já para não falar, e respetivamente, do vergonhoso frete que foi a reabertura de uma averiguação arquivada a Pedro Nuno Santos ou da gestão propriamente dita de um Serviço Nacional de Saúde crescentemente partidarizado e em transição para Sistema Nacional de Saúde).
Tudo quanto de essencial nos chega dos personagens em causa corresponde a manifestações de um estilo que o “chefe” pretende impor em nome de um especial gosto pelo poder e da criação de condições para o preservar no tempo, mesmo que à custa de desvios marcantes nos princípios orientadores de um ideário nobre que lhe cumpriria respeitar (apesar de o dossiê da imigração ser bem mais complexo do que o “preto e branco” que a maioria das forças de esquerda tendem a fazer sobressair) mas que os ditames da ambição e do taticismo obrigam a lateralizar – sem que se valorize a exigência de um distanciamento face ao indigno “circo” do Chega, de mínimos de humanidade ou de uma conformidade constitucional das medidas em vista. Será maldição ou algo pior?


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