Ainda em tempo de uma resposta breve ao último post do meu colega de blogue: é que eu já não consigo orientar-me entre tantos males, cada vez menos menores, como é o caso do provincianismo assumido e descarado que é a matriz do atual governo e que alastra em mancha de óleo pelo conjunto maioritário dos agentes políticos que se propõem ficar por aí, por um lado, e a bazófia intelectualizante mas profundamente ignorante dos inteligentes que se propõem explicar-nos o que passa e como devia ser, por outro. O meu pretexto recente está no debate que acabei de ouvir no “Contrapoder” da CNN, onde um impensável João Marques de Almeida (JMA) – que todos sabemos já que trabalha em Londres, pois então! – declamava as suas inquestionáveis verdades, como quase sempre em relação a matérias de que pouco ou nada sabe. Querem um exemplo? Sobre o problema da Saúde em Portugal, dizia-nos o finíssimo analista que apenas são precisas duas coisas para o resolver: construir mais hospitais e contratar mais médicos – ora aí está o caminho que Ana Paula Martins não imaginou sequer e que naturalmente Montenegro teria de prosseguir se quisesse aproveitar o que os melhores da nossa praça vão vomitando da boca para fora, sempre apostando em chamar o dito para concretizar no terreno a genialidade das suas ideias. Sobraram do programa em apreço dois aspetos: o reconhecimento por Anselmo Crespo da necessidade de a nossa comunicação social avaliar seriamente a esparrela em que crescentemente se deixa cair no que toca à cobertura do Chega (sempre a correr atrás da casca de banana diária) e uma afirmação plena de ironia de Sérgio Sousa Pinto segundo a qual este Governo não tem ponta de reformismo em nada e quase permite encontrar um ímpeto revolucionário nos governos de António Costa.
sexta-feira, 31 de outubro de 2025
AGARREM-ME, SENÃO... NADA!
O retrato ilustrado de uma década de passagem presidencial falhada. Claro que os exemplos são inúmeros e de vária ordem, podendo ser facilmente multiplicados, mas o caso recente da Saúde é paradigmático: durante meses, Marcelo ameaçou com avaliações de uma ministra “em grande desgaste” e disso foi fazendo uso para efeitos de alimentação dos microfones; chegado o momento, que tudo indica seria ontem na Fundação para a Saúde, eis que o corajoso Presidente – sempre tão duro com os fracos... – preferiu o discurso vazio e forçadamente estadista ao prometido diagnóstico sobre o problema do encerramento de urgências e, mais genericamente, sobre a governação da ministra da Saúde Ana Paula Martins no último ano e meio.
“Acordo de regime” foi o coelho que Marcelo conseguiu tirar da cartola para que não ficasse sujeito a mais uma acusação de zero absoluto que ponha em causa a ilusão das aparências, ou seja, a desejada tranquilidade do seu final de mandato. Sendo que um tal acordo, nesta área como em tantas outras já enfrentadas pela nossa história democrática, é coisa complexa e em que o Diabo se esconde nos detalhes e não uma espécie de mezinha miraculosa para todos os males, proclamada à exaustão por agentes políticos que mais parecem relógios de repetição a ecoarem sem parar – e a verdade é que já começou, só hoje já tivemos Marques Mendes e Gouveia e Melo a associarem-se à douta palavra presidencial.
SOBREVOO PELA POLÍTICA INTERNA
(A política interna está como a meteorologia por estes dias, cinzenta e enfadonha, aconselhando ao resguardo e a alguma bebida para animar as coisas. Parece indiscutível que as ideias e o comentário político estiveram por estes dias reféns das diatribes de Ventura e seus pares, tanto mais que o inexistente com prosápia vã Aguiar Branco permitiu sem decoro algum que o Chega ultrapassasse todos os limites em matéria de ética e educação parlamentares. O mais explícito tom taberneiro está instalado na Assembleia da República face à inconcebível invocação do direito da livre expressão do pensamento. Fora do Parlamento o estilo é conhecido. Um cartaz de implantação limitada basta para, com a ajuda preciosa das redes sociais, o Chega ocupar o espaço mediático, já que a grande maioria dos jornalistas mais indiferenciados são hoje meros animais amestrados, que reagem em modo pavloviano aos estímulos do animador-mor do reino. A comunicação de Montenegro ao país é um exemplo flagrante do que designaria de Entrudo institucional, anunciando uma insuportável onda do nacionalismo mais bafiento a propósito da lei da Nacionalidade, apresentada como o grande problema nacional de momento e canhestramente confundida com os problemas da imigração. A influência do Chega atinge o seu ponto máximo quando o próprio Governo acolhe um representante da sua animação permanente. Leitão Amaro vai à frente, provocando os danos maiores em termos de discurso político para depois Montenegro vir desempenhar o papel de putativo referente central do posicionamento entre o Chega e a oposição, por vezes algo envergonhada, do PS. E assim vamos caminhando pela bruma destes dias …)
Temos de convir que a tática do Chega está ajustada à debilidade dos seus recursos, praticamente limitados aos recursos histriónicos e discursivos de Ventura. De facto, não necessita de grandes investimentos discursivos para controlar os rumos da agenda mediática. Bastam pequenas incursões pelos exemplos do cartaz do “aqui não é o Bangladesh”, da rábula dos três Salazares e atoardas seletivas em torno da efabulação da imigração para que como marionetes bem manipuladas a discussão política se concentre nessas dimensões. E poderemos dizer que o Governo agradece pois esse foco do debate retira qualquer espaço à discussão do carácter malévolo da legislação laboral que está a ser gizada, dos ventos de controlo da despesa que se anunciam para o SNS sem que se vislumbrem soluções sólidas para os problemas dos últimos meses e para o flop em que as políticas de habitação do Governo estão a transformar-se (exceção feita à recente legislação sobre parcerias público-privadas para a transformação de edifícios públicos sem função em nova oferta de habitação, que merece a meu ver uma outra atenção).
O acompanhamento mimético das obsessões do Chega atinge agora no Governo a vertente do nacionalismo, completando o quadro.
No exterior desta agenda, o país político continua adormecido e esquivo em relação às grandes ameaças ao Estado de Direito que algumas iniciativas do Ministério Público têm vindo a protagonizar. Nem o Presidente da República, já em modo de desligar do motor ou em ponto morto, os partidos da oposição e personalidades ainda com algum peso de opinião se dignam acompanhar com VOZ o caso do juiz Ivo Rosa, o que nos fornece uma ideia algo preocupante do estado das coisas em matéria de defesa dos pilares da sociedade democrática.
quinta-feira, 30 de outubro de 2025
UM PODCAST IMPERDÍVEL
É verdadeiramente uma ilustração de história ao vivo o magnífico podcast que o “Observador” criou, sob a iniciativa do jornalista Miguel Santos Carrapatoso. Trata-se da “eleição mais louca de sempre”, a saber, das Presidenciais de 1986, abordadas de modo profissional e altamente atraente, quer para quem viveu aquela realidade quer para quem só agora se dá conta do então ocorrido. Alçapões e truques políticos de toda a ordem conduziram o à partida derrotado Mário Soares a uma vitória completamente imprevisível e épica. A sequência de detalhes é deliciosa, tendo-me permitido uma perceção cabal do que foi estando em causa. O curto-circuito de Cavaco a João Salgueiro, o papel de Proença de Carvalho, a “traição” de Eanes a Maria de Lurdes Pintasilgo, as reuniões socialistas, a zanga entre Soares e Zenha e o debate entre eles, as ajudas ao líder socialista vindas dos EUA, o contributo de Maria Barroso e tantos outros acontecimentos que se foram desenrolando até aos “finalmente” da surpreendente vitória tangencial de Soares, eis o que surge eloquentemente narrado e suscetível de retratar em termos inequívocos os grandes traços de um período político que marcou a sociedade portuguesa para sempre. Fica a sugestão, são seis episódios (“Apostamos no cavalo errado”, “Uma traição inesperada”, “Ele não é meu irmão”, “Portugal não é Moscovo”, “Uma armadilha em direto” e “A vitória mais curta da História”) e acreditem que são mesmo imperdíveis.
quarta-feira, 29 de outubro de 2025
OBRIGADO, JMT!
João Miguel Tavares (JMT) é dos bons intérpretes da atualidade em matéria de reflexão e análise sobre a realidade política, económica, social e cultural de Portugal. Por vezes condicionado pela necessidade de honrar as suas raízes de homem de Direita, o que o leva a posições nem sempre compreensíveis à luz da racionalidade e da isenção de que se reclama (e que quase sempre pratica), JMT não deixa de ser uma pedrada no charco que crescentemente é o nosso espaço público. Daí que, embora ainda não tenha lido a obra, o lançamento de um primeiro volume dedicado a José Sócrates, que intitula de “Ascensão 1975/2005”, me mereça uma saudação apriorística e independente dos termos concretos do resultado conseguido. Tem realmente de se reconhecer o caráter hercúleo do trabalho empreendido, aliás bem explicado no tocante aos seus variados objetivos intelectuais na excelente entrevista concedida a Bárbara Reis e publicada no P2 do último Domingo, e ademais a sua utilidade para a leitura do Portugal contemporâneo, que JMT judiciosamente qualifica como “das instituições fracas” – uma leitura que aqui tenho compartilhado com os frequentadores deste modesto espaço. Quanto ao mais, direi apenas que, tendo conhecido relativamente bem a atuação da figura de Sócrates, adiro completamente à ideia de fascínio pela sua personagem e de estarmos perante um homem com qualidades capazes de o terem levado a primeiro-ministro com maioria absoluta e “convertendo” as mais diversas figuras politicamente corretas do establishment que pulula o universo político-empresarial nacional; além de ficar com a curiosidade aguçada pelas “descobertas” que JMT terá feito em relação a múltiplos dossiês que – confirmo-o inteiramente – eram repetidamente falados mas sempre de forma ligeira e desculpabilizante perante a dura evidência dos factos e das manifestações de poder que tão criativamente eram exibidas pelo protagonista em causa. O meu obrigado, pois, a JMT!
terça-feira, 28 de outubro de 2025
ABRAÇAR O MUNDO COM AS MÃOS?
Mais uma reação a quente, no caso a uma entrevista a António José Seguro, com chamada de primeira página, no “Público” de hoje. O candidato presidencial, que foi secretário-geral do Partido Socialista e é apoiado oficialmente pelo partido em questão, posiciona-se de um modo estranho quando interrogado sobre se é de esquerda, a saber, “por que me tentam arrumar em gavetas?”, em clara contradição com outro momento da entrevista em que afirma “não troco os meus valores por votos”, não sem explicar em simultâneo que “eu quero ser um Presidente sem amarras”. Neste quadro, a pergunta pertinente corresponde a encarar a diferença que distingue Seguro para os cidadãos eleitores, seja em relação ao Almirante (será apenas uma hostilidade à farda por parte de alguns, visto que em sede de princípios a renúncia de Seguro ao aproveitamento do seu passado político tende a colocar os dois em efetiva igualdade de circunstâncias?) seja em relação a Marques Mendes (será apenas a estatura, visto que em sede de experiência, boa e má sublinhe-se, este levará sempre vantagem?). Ora, e assumindo o excesso de simplificação, se votar Seguro decorre de ele não ser militar de carreira nem um personagem de pequena dimensão física, eu acho que “vou ali e já venho” como diz uma famosa asserção popular – e, como eu, seguramente e para mal de Seguro, uma parte significativa dos portugueses que irão a voto em 18 de janeiro de 2026...
O POPULISMO ENTRANHA-SE
(Entre as notícias mais perturbadoras dos últimos dias, os resultados eleitorais positivos alcançados por Milei na Argentina ocupam, em meu entender, um estranho lugar de destaque. A chamada política de motosserra foi validada nas urnas, transformando de repente Trump e o controverso presidente argentino em vencedores declarados. Trump é-o na medida em que fez depender o resgate financeiro de uma perturbada Argentina do respaldo eleitoral das políticas de Milei e este último é-o também porque, apesar de toda a tragédia social necessária para vergar a inflação, sai reforçado e como os livros nos dizem, com novo fôlego para investir sobre regulações e direitos adquiridos. Do ponto de vista de uma orientação de centro-esquerda, estes resultados são em parte trágicos e recomendam uma profunda reflexão. Milei é hoje praticamente o único representante de um neoliberalismo militante e agressivo, tendo sido validado apesar dos fumos de corrupção que passaram pela sua família, nada de espantar num país de corrupção endémica.)
Os argentinos têm uma ampla experiência traumática de resgates financeiros adiados com séria deterioração das condições de vida enquanto a situação que lhes dá origem se prolonga, verificando-se depois o agravamento inequívoco das mesmas quando a condicionalidade dos resgates é inapelavelmente aplicada. Neste contexto, não me custa absolutamente nada admitir que a condicionalidade imposta por Trump pode ter sido decisiva para o resultado observado nas urnas. A dicotomia era simples e a chantagem não menos clara: haveria resgate americano acaso Milei fosse validado nas urnas. Os argentinos poderão ter pensado que seria melhor aliviar para já o fardo da austeridade, mesmo que lucidamente esperem ainda uma maior agressividade das políticas de Milei após o resgate prometido por Trump. Tudo isto é ainda mais surpreendente, mas explicável, se pensarmos que no início de setembro passado o partido de Milei, o Libertad Avanza, tinha passado por uma importante derrota nas eleições locais de Buenos Aires.
Não menos importante é o facto das alternativas políticas a Milei andarem pelas ruas da amargura. Convenhamos que admitir que Cristina Kirchner e os resquícios do peronismo poderão representar alguma alternativa saudável à motosserra de Milei equivalerá a remeter a alternativa a Milei para as calendas. A continuidade de Kirchner na crista da onda traduz o grau zero da renovação política e, o que é ainda pior, significa esperar que o comprometimento com as nuances da corrupção anterior poderão ser uma alternativa fiável e reconhecida como válida pelos argentinos.
E daqui ressalta a mais importante conclusão que podemos extrair da experiência de liberalização agressiva na Argentina. O estilo motosserra da desregulação violenta é tanto mais suscetível de ser aplicado quando mais entranhados estão os padrões de nepotismo, corrupção e compadrio existentes na situação sobre a qual pende a ameaça de um resgate financeiro. O peronismo, que historicamente conduziu a industrialização argentina segundo um modelo de proteção do mercado interno e de substituição de importações, agarrou-se ao poder como uma lapa, sofrendo primeiro o trágico assalto dos militares e depois a motosserra de Milei.
O que sabemos hoje é que são situações deste tipo, de compadrio entranhado, que abre o caminho à desregulação violenta. O paradoxo é acreditar que, com todo este malfadado passado histórico, os resquícios do peronismo poderão ser uma alternativa.
Valha-nos uma divindade qualquer.
segunda-feira, 27 de outubro de 2025
PELA LINHA E POR ALCÂNTARA A PENSAR NAS PRESIDENCIAIS
(Vouchers oferecidos que tinham de ser gozados e rumámos à Pousada do Palácio de Queluz para um curto fim de semana por terras de Lisboa, aproveitar para estar com a família e alguma procrastinação sobre o tempo político que se vive por cá e pelo mundo, com relevo para as presidenciais que, com algum esforço, tentámos transformar em algo de estimulante. Por ironia do destino profissional e pessoal, se há longos anos não passava pela célebre Linha, do CCB ao Guincho, estive a semana passada em Paço de Arcos, na Escola Superior (Politécnica) Náutica Infante D. Henrique, para regressar ontem domingo ao apelo da marginal e de novo apreciar a espantosa mole humana que corria, passeava ou se divertia por aquelas paragens. Uma breve passagem pelo equipamento dedicado a Julião Sarmento, uma bela peça arquitetónica de Carrilho da Graça, o qual procura ainda, pareceu-me, um âmbito expositivo diferenciado, embora me agrade a interdisciplinaridade artística que ali emerge. Um belo vídeo de João Onofre, centrado no Tejo e numa visão particular da outra banda, com uma pequena ilha flutuante vogando no rio até se perder de vista no mar longínquo, marca a exposição. A procrastinação em torno das presidenciais continua ensaiando encontrar estímulo e matéria de reflexão nos seus desenvolvimentos, a que poderia chamar presidenciais take 3, que não é matéria fácil de desbravar, dado o peso mediano dos protagonistas que apareceram a terreiro.)
É provável que algo de excitante ainda possa suceder até janeiro próximo, se calhar é otimismo a mais, mas admito que, estabilizados os protagonistas, o seu posicionamento relativo, possa ir mudando, espero que não comandados reactivamente pelas habilidades do Ventura. Isso está já a acontecer com Gouveia e Melo, certamente mais por influência do pensamento político que está ao seu lado do que pela convicção do candidato.
Ontem, no Princípio da Incerteza, Alexandra Leitão apresentou-se como uma espécie de representante do sentimento que vai emergindo pelas hostes de um certo PS, achando normal o apoio do partido ao seu ex-Secretário Geral António José Seguro, mas clamando que o centro-esquerda continua sem uma representação mais convincente. A matéria é óbvia e não serão Catarina Martins, António Filipe e Jorge Pinto a poder assumir essa representação, já que estarão na eleição apenas para salvar o coiro das respetivas formações políticas, Bloco, PCP e Livre.
O problema existe e constitui a principal dificuldade que o PS atual enfrenta, apesar dos esforços bem-aventurados de José Luís Carneiro. Depois da perigosa deriva do “pedronunismo”, claramente rejeitada nas urnas, sem apelo nem agravo, o PS procura um posicionamento de centro-esquerda que o faça permanecer imune às tentações miméticas do Chega para problemáticas específicas e o permita alcandorar a uma alternativa fiável em matéria de governação à onda de centro-direita e de direita da qual o governo de Montenegro tem cada vez mais dificuldade em distanciar-se. As Presidenciais poderiam ter sido uma grande oportunidade para evoluir nessa direção, mas a sequência dos acontecimentos eleitorais levou o partido a privilegiar procurar sair ileso das autárquicas, o que conseguiu.
A consolidação dessa alternativa de centro-esquerda é exigente em termos de tempo e de construção de uma base programática fiável e sobretudo reconhecível pelo eleitorado. Por isso, embora compreenda a pressão das autárquicas, a exigência da alternativa de centro-esquerda não se compadece com mais esta espera até que as presidenciais aconteçam. As negociações pontuais com o Governo podem abrir alguma oportunidade de diferenciação, mas creio que é no plano interno das estruturas do partido e do círculo de simpatizantes não inscritos que essa alternativa tem de ser preparada com convicção.
Será que José Luís Carneiro está disposto a protagonizar a organização dessa alternativa, envolvendo todas as sensibilidades que para ela podem construir?
Essa é para mim a questão central.
Quanto às Presidenciais, penso que temos de nos preparar para o pior em matéria de cenários de segunda volta. Com todas as interrogações que a sua candidatura tem despertado, adensadas com esta estranha atração dos “passistas”, claro que seria melhor termos um cenário de segunda volta com Seguro a bater-se contra o Almirante. Mas não poderemos enjeitar a hipótese de ser Marques Mendes a protagonizar esse embate. A bomba pode acontecer com Ventura a alcandorar-se a essa posição. Nesse cenário, em tempo de guerra não se limpam armas. Há que apoiar qualquer um, Gouveia e Melo, Marques Mendes ou Seguro.
Nota complementar
Para fechar a referência à marginal lisboeta, devo dizer que o MACAM – Museu de Arte Contemporânea Armando Martins é uma peça notável e que adensa consideravelmente a qualidade dos equipamentos daquele eixo da capital. Não só o projeto de recuperação do edifício é um exemplo de contenção e bom gosto, como a qualidade da coleção que Armando Martins conseguiu reunir encheria o ego de qualquer um, tamanha é a diversidade dos exemplos marcantes que aquele espaço alberga. Vários registos me inundaram a sensibilidade, sobretudo um Eduardo Viana de suster o fôlego e um Vieira da Silva com um tratado de luminosidade, como se a luz brotasse dentro do quadro. Mas no estilo mais irreverente, há um vídeo cujo autor tentarei recuperar nos próximos dias que projeta uma história com dois bonecos assombrosos, Karl Marx e Adam Smith, deambulando nas atmosferas do Occupy Wall Street, que foi das coisas mais divertidas de que pude usufruir nos últimos tempos.
Bela manhã de segunda-feira, regada por um sol copioso, que certamente iremos amargar pelos próximos tempos.
Nota mesmo final
Com um pouco mais de tempo foi fácil descobrir o autor do vídeo com as marionetas de Karl Marx e Adam Smith. O autor é Pedro Reyes e o próprio MACAM o torna disponível:
https://macam.pt/pt/obras/marx-and-smith-at-occupy-wall-street-marx-e-smith-no-occupy-wall-street










