sábado, 29 de novembro de 2025

DESIGUALDADE E POBREZA

Hoje volto aos gráficos falantes. Acima, e a partir de informação disponibilizada pela OCDE, a desigualdade de oportunidades absoluta e relativa em termos de rendimentos das famílias (indivíduos dos 25 aos 59 anos) comparada entre muitos países integrantes da organização e mais três europeus (o gráfico é rigorosamente o mesmo em duas diferentes leituras). A evidência é chocante para o lado que mais diretamente nos toca: Portugal surge colocado no 4º pior lugar no conjunto de 32 países considerados, apenas ultrapassado pelo capitalismo selvagem que se apoderou dos EUA (estranho exemplo de dominância de uma civilização tida por humanista e socialmente justa!) e pelos dois países do leste europeu que invariavelmente ocupam as posições do fundo nos indicadores de natureza económico-social da União. Ao invés, e sem grande surpresa, as nações mais igualitárias – e com índices muito superiores aos da média da OCDE – são, por esta ordem, a Islândia, a Dinamarca, a Finlândia, a Suíça e a Noruega.

 

Complementarmente, e com base originária em informação do EUROSTAT, as taxas de risco de pobreza dos trabalhadores com mais de 18 anos nos países da União Europeia (do lado esquerdo), com a portuguesa a ocupar a 9ª pior posição no conjunto dos 27 (percentagem de 9,2%) e sete países a apresentarem valores inferiores em três pontos percentuais relativamente a nós (Finlândia, República Checa, Bélgica, Países Baixos, Irlanda, Eslovénia e Dinamarca), e as mesmas taxas com diferenciação entre os trabalhadores nacionais e estrangeiros (do lado direito), deixando clara a discriminação quase generalizada em presença além das enormes diferenças entre os parceiros europeus no tocante à debilidade relativa da situação dos imigrantes (com os segmentos de reta maiores a serem os registados em Chipre, Espanha, Bulgária, França e Itália e Portugal a ficar abaixo do meio da tabela e dos níveis europeus médios mas, ainda assim, a patentear um risco de pobreza dos trabalhadores imigrantes quase duplo do dos nacionais – e, como é óbvio, estes dados oficiais não incluem os casos de escravatura imigrante que vêm sendo detetados em várias zonas do País).

 

A nossa geografia do descontentamento e as sementes do discurso extremista da desesperança e do ódio que cresce por estas paragens também passam por aqui...  

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