domingo, 2 de novembro de 2025

UM SINALZINHO DE ESPERANÇA

Poderá ter começado ontem – pelo menos assim o espero – o princípio do fim do reinado da demagogia gratuita nas televisões portuguesas. Num ciclo especial de entrevistas presidenciais do programa “Verdade e Consequência” da CNN, moderado por um jornalista jovem mas eficaz (André Carvalho Ramos) assessorado por dois comentadores mais do que improváveis (Francisco Rodrigues dos Santos, bem melhor entrevistador do que político, e Pedro Costa, um filho do pai a querer sair da casca), André Ventura foi apertado como poucas vezes se viu e foi mostrando o seu desconforto com permanentes queixas vitimizantes. Como sempre, disse de uma a um cento do alto do seu discurso repetitivo e que raramente tem sido confrontado com um contraditório competente, como ontem tendeu a acontecer; mas desta vez sentiu a pressão e, após duas ameaças, preferiu fugir à questão final (“porque berra tanto?”) e refugiar-se num alegadamente ferido abandono do estúdio para impressionar os telespectadores mais sensíveis.



Os odiosos e provocatórios cartazes que colocou nas ruas de Portugal não terá contribuído grandemente para lhe conceder o aplauso maioritário dos eleitores, mesmo no que toca à maioria dos votantes no Chega. Mas, agora, o aspirante a “almirante” que o oportunismo de uma extrema-direita populista e destrutiva trouxe à centralidade da vida política nacional – com a ajuda de uma comunicação social preguiçosa e estimulada pelo espetáculo gratuito e pelas afirmações escandalosas e acusatórias que consideram fonte essencial de incremento das audiências e a adesão dos portugueses pobres, descontentes e fartos da governação inconsequente que há décadas por cá se pratica – talvez vá passar a ser objeto de maior cuidado nas escolhas editoriais e de uma menor atenção consagrada ao seu discurso vazio e espampanante. Se a lógica não for uma batata e um certo mix de macaquice de imitação e corporativismo vierem ao de cima, há esperança...


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