sexta-feira, 13 de junho de 2025

A CAMINHO DAS AUTÁRQUICAS: UM PRIMEIRO ESQUISSO

(Elaboração própria a partir de https://www.cne.pt

Hoje proponho-vos um exercício, o de começarmos a olhar para as Autárquicas que estão no nosso horizonte político mais próximo. Acima, um mapa que nos recorda o que foram os resultados de 2021, com os votos bem distribuídos pelo País na sua fórmula então já tornada tradicional (maioria de 143 Câmaras para o PS, muitas outras para o PSD e os partidos que constituem a atual AD – 134, 19 vitórias do PCP e 12 vitórias de coligações integrando grupos de cidadãos eleitores, ditos independentes, uns mais do que outros na verdade).

Todos sabemos das especificidades dos localismos e dos elementos de proximidade que tornam possível que o output das eleições autárquicas possa divergir, e às vezes contrariar, o das eleições legislativas mas não só a tomada em conta desses fatores releva de dados frequentemente subjetivos de que não disponho como também é certo que vivemos no rescaldo do processo eleitoral explosivo e disruptivo de 18 de maio passado. Daí que deva iniciar o exercício com o mapa abaixo, onde surgem identificados os partidos vencedores em cada concelho nesse mesmo processo (o que desde logo exclui as candidaturas independentes e diversas histórias locais potencialmente impactantes, como será o caso da capacidade de resistência de alguns bastiões comunistas ou socialistas). Ali se constata a hecatombe do PS (apenas vencedor em 33 concelhos), por oposição à afirmação do Chega (ao comando em 60 municípios) e ao reforço do PSD (215 lideranças) – quase inacreditável a leitura comparada dos dois mapas, bem tradutora da mudança de situação (e, tendencialmente, de regime?) que decorreu das recentes eleições! 

(Elaboração própria a partir de https://www.cne.pt

Primeiro exercício realizado: admitir que os dois maiores partidos democráticos faziam acordos com os seus dois adversários mais próximos, o PS com o Livre e o PSD com a Iniciativa Liberal. O mapa seguinte apresenta o resultado aritmético dessa hipótese académica e mostra à saciedade que haveria ganhos evidentes para os dois lados, com o Chega a perder o domínio de 25 concelhos (42%) em favor da direita e da esquerda moderadas (que passariam a ser líderes em mais 16 e 9 concelhos, respetivamente, ou seja, um ganho de quase dois terços versus um terço em cada um dos casos). Apesar de a configuração do mapa não se alterar marcadamente, este último apresenta-se bem menos pungente do que o anterior e serve para pôr em destaque uma de muitas formas de se lograrem inversões face a um desastre anunciado e passível de efetivação. Que cada um faça a sua parte neste xadrez complexo que se nos impôs é a minha expectativa sincera, sobretudo porque confesso que não apreciaria sobejamente assistir a um fraturar extremista de uma Pátria que se vai deixando capturar por melodias desafinadas entoadas a um povo a transitar de encurralado para enganado...

(Elaboração própria a partir de https://www.cne.pt)

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