Junho começa com uma menção especial às crianças, que são afinal a única fonte de esperança que nos resta. O “Jornal de Negócios”, no seu suplemento de fim de semana, releva-o através de uma peça assinada por Filipa Lino em que se procura alertar para “o que a pobreza tira às crianças”, com Carlos Farinha Rodrigues a desmontar alguns mitos urbanos que nos tentam vender. Mas, por mais relevante e problemático que o tema se nos afigure neste cantinho europeu à beira-mar plantado, o que não pôde deixar de me vir à cabeça foram as imagens e os dados que traduzem uma parte do abominável sofrimento que está a ser cruel e gratuitamente infligido por Israel às crianças de Gaza – e já não é apenas a destruição, a perda de referências ou mesmo a morte (à razão média, necessariamente estimada por defeito, de uma em cada 45 minutos ou de 30 por dia) que afeta quem vê, ouve e lê sobre aquele “pão nosso de cada dia” que Netanyahu impõe na medida em que os requintes de malvadez crescentemente determinam mortes lentas, impiedosas e horríveis como as que são provocadas pelo alastramento da fome através do impedimento de práticas humanitárias que a pudessem enfrentar ou minorar. Com a comunidade internacional de bem a despertar vagarosamente para uma consciencialização de que a situação em Gaza já está muito para além do suportável e de que a palavra e a diplomacia claramente não bastam para dissuadir as forças do mal, o cidadão anónimo vê-se de mãos atadas e impotente perante o mundo que lhe é oferecido pela autoproclamada civilização dos resorts e da incomparável modernidade.




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