(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
Decorrem hoje e amanhã as eleições para escolha do secretário-geral do Partido Socialista. Ao contrário da maioria das vezes na sua história, o PS só conseguiu que se apresentasse um candidato – José Luís Carneiro (JLC) – e este merece uma palavra de apreço pela sua corajosa decisão num momento difícil da vida da organização. Medina e Mariana, e talvez alguns mais, deram sinais de estarem tentados a ir à liça, mas faltou-lhes engenho para evidenciarem capacidade de risco – particularmente essencial no domínio da política –, já que nem sempre se constata que “cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém”. A verdade é que uma boa dose de militantes e apoiantes socialistas – diz-se que maioritariamente sulistas e elitistas – procurou jogar pela certa no forçar de um conveniente adiamento (que iria colocar o partido numa incompreensível hibernação), com a antecipação de JLC a vencer esses calculismos e a garantir-lhe a vitória imediata. Mas o pior está pela frente, em face de um partido dividido internamente e descredibilizado externamente que carece de impulsos rompedores que não se vislumbram. Desde logo, porque os socialistas ainda devem aos portugueses explicações convincentes, seja sobre o intrincado dossiê Sócrates ou sobre a desgraçada governação de Costa, o que parece não estar de todo no horizonte (nem mesmo dos chamados “moderados”, como Assis ou Beleza, que não conseguem livrar-se do “uma no cravo e outra na ferradura”). Depois, pela agravante de um possível confronto público entre dois “notáveis” (Seguro e Santos Silva) que concorrencialmente aspiram a ser a escolha da área do PS para as presidenciais de janeiro. Veremos, entretanto, o que dirá JLC ao País no fim de semana, mas confesso as minhas baixas expectativas.

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