Eu sou portuense e tenho especial orgulho no modo original e interclassista como se festeja o São João na minha Cidade. Mas devo reconhecer – como ontem pude comprovar em termos inquestionáveis – que a festa em honra de São Pedro que acontece na Póvoa de Varzim representa igualmente um momento excecional de celebração popular. Testemunhei o entusiasmo da preparação dos habitantes dos bairros para a respetiva participação ativa no desenrolar dos acontecimentos da noite e andei pelas ruas cheias de música e de multidões animadas, de sardinha assada e cerveja ou vinho tinto, de claques e fogueiras, de palcos e tronos, como de rusgas representativas de seis bairros sadiamente rivais (os centrais, Norte, Sul e Matriz, e os mais periféricos, Belém, Regufe e Mariadeira) a desfilar incessantemente de um para outro lado exibindo as cuidadas blusas rendadas, os belamente decorados aventais cravejados de pedras e brilhantes com as cores do bairro e os cabelos presos num puxo e travessão adornados por brincos e colares a condizer das mulheres e de muitas meninas (algumas bem pequenas), com o papel dos homens e rapazes a ser dominado pela ostentação de arcos luminosos alusivos e sempre com o inestimável apoio de adeptos fervorosos vestidos com camisolas e agitando cachecóis. A Junqueira e a Avenida dos Banhos estavam cobertas por um mar de gente mas nem por isso as demais ruas e ruelas do Centro ou dos locais mais recônditos o estavam menos e das mais variadas formas de manifestação. Confesso que a admirável noitada que vivi na Póvoa de Varzim me reforçou a convicção na pureza do amor pelas raízes, na dedicação ao esforço organizativo e na força das energias focadas no local.

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