segunda-feira, 2 de junho de 2025

O ANO FUTEBOLÍSTICO

Por muito que ainda falte a disputa do inédito e imprevisível Mundial de Clubes, a época futebolística 2024/25 está fechada para o que mais releva. E fechou, diga-se, com chave de ouro, através de uma final da Liga dos Campeões memorável em que o Paris Saint-Germain derrotou o Inter de Milão pela barbaridade de uns 5-0. Além da qualidade do jogo, importa destacar a presença de quatro jovens portugueses na formação parisiense (onde sobressai a genialidade de Vitinha) e, mais do que tudo, quanto ficou claro que as infrutíferas apostas milionárias do passado recente (de Messi a Neymar, designadamente) foram em definitivo deslustradas perante a afirmação de um coletivo sem vedetas de primeiríssima grandeza comandado por um treinador eficaz e motivador como é Luis Enrique. O Inter de Simone Inzaghi, que fez uma boa temporada e teve na eliminação do Barcelona nas meias-finais o seu momento mais glorioso, acabou por ficar sem nada em termos de troféus, já que também perdeu a Série A para o regressado Nápoles de Antonio Conte.

Outros destaques da época são-nos recordados abaixo pelo traço de Momani, como sejam o fim do mito da quase invencibilidade do Real Madrid na Champions à mão (ou ao pé e à cabeça) do arsenalista Declan Rice, o título espanhol do Barcelona de Flick (e Lamine Yamal, Raphinha e vários produtos preciosos vindos de uma cantera imparável), a despedida de Ancelotti e a sua imediata contratação para recuperador da decadente seleção canarinha (com Xavi Alonso a vir de Leverkusen, onde deixou a marca de ter interrompido no ano transato a ímpar senda vitoriosa do Bayern de Munique, para orientar os “galácticos”), o regresso do LIverpool (dirigido por Arne Slot no banco e Mohamed Salah no campo) ao título da Premier League à custa do excelente Arsenal de Mikel Arteta e do incumbente Manchester City de um Pepe Guardiola que repentinamente surgiu a evidenciar uma espantosa perda de poderes.
 
Quanto a Portugal e aos portugueses, estes meses desenhados por Momani relevaram apenas três situações ligadas à nossa modesta casinha e de teor bem específico e diverso: a fixação de Cristiano Ronaldo em se arrastar no campo até perfazer os mil golos de carreira e/ou conseguir chegar ao Mundial do ano que vem (pelo menos...), a morte de um dirigente vitorioso e icónico como foi Jorge Nuno Pinto da Costa e o estranho flop em que resultou a tão badalada ida de Rúben Amorim para o Manchester United (embora o teste do algodão para o técnico ainda esteja ao virar da esquina do próximo ano desportivo). Em matéria mais caseira, já agora, limito-me ao registo sem grandes comentários da “dobradinha” do Sporting, apesar de um treinador de equipa pequena (porque excessivamente temeroso e defensivo) e de um presidente capaz de erros de palmatória como foi a entrega a equipa ao cuidado de um tenríssimo João Pereira mas beneficiando largamente da peculiaridade daquele “exército de um homem só” (Gyökeres) e de uma casa em arrumação profissional, da péssima gestão de Rui Costa no Benfica e da quase ausência de um FC Porto em regeneração estratégica e financeira mas desportivamente bastante amputado.

(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

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