sábado, 8 de novembro de 2025

A FEIRA DE CERVEIRA INTERNACIONALIZA-SE, POLITICAMENTE

 

(A Vice-Presidente do Governo de Pedro Sánchez, Yolanda Diáz, líder do SUMAR, é praticamente o que resta de personalidades relevantes à esquerda do PSOE, principalmente após a derrocada do PODEMOS. É verdade que Ana Pontón do Bloco Nacionalista Galego é uma personalidade forte, mas por muito que lhe custe a sua notoriedade não ultrapassa o território galego. Para mais, Yolanda Diáz é ministra do Trabalho, logo está sujeita a um escrutínio, onde vale praticamente tudo para levar Sánchez a convocar eleições e assim perder com toda a probabilidade o poder. Vem isto a propósito porque a ministra do Trabalho esteve na última semana sob fogo cruzado, não porque tivesse publicado alguma legislação mais crítica ou tivesse proferido alguma daquelas afirmações controversas em que é pródiga. As críticas que lhe foram dirigidas tiveram origem em dois aparecimentos públicos da sua filha Carmela, nas quais era visível que a jovem usava uma carteira considerada de luxo, mais propriamente a TOTE BAG da marca Marc Jacobs. Os jornais espanhóis mencionavam um preço de cerca de 500 euros para a dita carteira e isso seria incompatível com o posicionamento e discurso da líder do SUMAR. O desfecho desta história, típica do tipo de escrutínio que pesa sobre os políticos como Yolanda, é desconcertante e aproveito-a para um post de algum desanuviamento dos tempos que correm, tanto mais que escrevo a partir de Seixas e muito próximo do “local do crime”.)

A explicação apresentada por Yolanda Diáz é ela própria desconcertante, mas tem uma história consistente a baseá-la. A Ministra passa regularmente férias na Galiza, em Baiona, e como qualquer galego que se preze dá a sua escapadela a Portugal, provavelmente para almoçar e também muito provavelmente para “feirar” em Vila Nova de Cerveira. Ora, alguém da família terá comprado na feira de Vila Nova de Cerveira a TOTE BAG de Marc Jacobs por 25 euros (ainda hoje antes do almoço passei pelas ditas, num dos feirantes mais populares e mais procurados pelo público feminino, já que a sua coleção de carteiras e de lenços de seda a cinco euros é por todos visitada.

Moral da história, a filha Carmela não usava nos eventos públicos uma peça de luxo, contrariando o esquerdismo da mãe, mas apenas uma de contrafação que atrai muita gente e que tem a grande virtude de banalizar peças só acessíveis ao topo dos rendimentos. A moral política da família Diáz estava salva, embora entrando no mundo da contrafação, acerca da qual o governo espanhol tinha em tempos feito jura de combate sistemático.

E, num ápice, a internacionalização da feira de Vila Nova de Cerveira virou política e talvez para muita gente, comigo entre esse grupo, a líder do SUMAR ter-se-á humanizado um pouco mais, cometendo o mesmo delito que muita gente comete. Nunca tive dúvidas disso, mas a feira de Vila Nova de Cerveira é um monumento.

 

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