sexta-feira, 25 de julho de 2025

A FOME EM GAZA É A MAIOR VERGONHA DESTE SÉCULO!

(cartoon de Ricardo Martínez, http://www.elmundo.es) 

Alguém me falava ontem do seu enorme sentimento de culpa perante o genocídio em curso na Faixa de Gaza. Entre o silêncio quase normalizador da maioria de nós, cidadãos europeus e do mundo, e a impotência que patentemente se observa exibida pelos políticos que nos (des)governam, a verdade é que há mais do que razões para interiorizarmos um tal sentimento. As manifestações contra a atuação de Israel, provavelmente pouco procedentes em termos efetivos, têm adesões variáveis consoante a consciência moral dos diferentes povos e o seu consequente grau de cedência às benfeitorias do conforto – mesmo que as imagens televisivas que nos chegam suscitem instantâneos suspiros e lamúrias, a verdade é que o quotidiano se tende a impor largamente em relação a qualquer hipótese de ensaio de uma reação de protesto (um abaixo-assinado que seja!)... No tocante aos governantes, uma menção é devida a Emmanuel Macron pelos seus múltiplos e até desencontrados esforços no sentido de remar contra a maré, ontem tendo mesmo tomado a decente decisão de reconhecer o Estado Palestiniano, ao invés do cinismo desculpabilizante da grande maioria dos seus congéneres europeus (incluindo a corajosa dupla lusitana Montenegro-Rangel); as declarações de resposta a Macron, sobretudo as vindas dos EUA (Marco Rubio, p.e.: “isto é uma bofetada na cara das vítimas de 7 de outubro”) e de Israel (Yariv Levin, vice-primeiro-ministro e ministro da Justiça, p.e.: “uma mancha negra na história francesa e uma instigação direta ao terrorismo” e “agora é tempo de aplicar a soberania israelita na Cisjordânia”), envergonham qualquer ser humano que se preze de o ser quando somos confrontados com a gigantesca desconformidade que está a verificar-se na Faixa de Gaza com o objetivo de a destruir e ocupar sem contemplações em nome de uma alegada vontade de eliminar Hamas sem que se atendam mínimos humanitários (a fome das crianças e o seu assassinato quando procuram aceder a ajudas alimentares são por demais impressionantes e intoleráveis!) que desgraçadamente tanto se assemelham aos massacres de que os Judeus foram vítimas principais no Continente Europeu há cerca de oito séculos.

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