Abri neste espaço as minhas inserções do mês referindo-me à “governanta europeia”; a meio do dito, acrescentei uma nota sobre a “verdadeira Ursula em ação”; termino agora o mesmo trazendo um comprovativo atualizado em torno da reprovável prática de uma presidente da Comissão que só aceita atuar por si e apenas se dá bem rodeada por yes menobedientes e bajuladores.
Os factos recentes aconteceram na Escócia, onde Ursula se deslocou para “negociar” com Trump, ali deslocado para jogar golfe na expectativa de desviar as atenções para as suas diatribes relacionadas com o caso Epstein, e deixaram patente quanto a União Europeia (UE) está entregue a uma impositiva e prepotente “chefa” cujo grande desiderato é o de alimentar à outrance a sua notoriedade e carreira. Claro que tal só se verifica porque os Estados membros da UE, perdidos nas suas desorientações estratégicos e entretidos com divagações nacionalistas, deixam o campo livre e à vontade da senhora em apreço; ao que acresce um PSE praticamente inexistente, onde pontua um medíocre comissário eslovaco (Maroš Šefčovič) a que Ursula atribuiu a pasta do Comércio e Segurança Económica – são dele as seguintes afirmações relativas ao acordo de subjugação que Ursula firmou com Trump, nestes termos: “foi o melhor acordo que conseguimos em circunstâncias particularmente difíceis”, “salva os fluxos comerciais transatlânticos, salva os postos de trabalho na Europa e abre novos capítulos nas relações entre a União Europeia e os Estados Unidos” e “a perspetiva real e absoluta era de que a partir de 1 de Agosto teríamos uma tarifa de 30% que interromperia todo o comércio”.
Nos media europeus, são os franceses e os espanhóis os mais críticos (bem hajam!), muitos deles não poupando em palavras como “capitulação”, “humilhação”, “frustração”, “basculação perante um mundo de predadores”, “oferta de uma vitória a Trump”... Por cá, prefere-se sublinhar que a nossa indústria considera o aumento tarifário de 15% “gerível” (felicidades!) ou que será a indústria nortenha aquela que mais poderá sofrer (um lugar-comum em todas as crises!), além de citar fontes oficiais da União segundo as quais “a partir de agora, só podemos ir para melhor” (sem dúvida que sim, uma asserção especialmente verdadeira se já se tiver batido no mais fundo dos fundos!).
Em suma: mais um de entre tantos benefícios concedidos ao ditatorial infrator Trump (a foto da infografia acima é por demais reveladora da inibidora atrapalhação de uma e da arrogância vitoriosa do outro!) – incompreensivelmente, a UE concedeu aceitar um aumento de 15% dos direitos aduaneiros aplicados pelos EUA às suas exportações e reduzir ou eliminar as tarifas cobradas à entrada no mercado único europeu de um conjunto alargado de mercadorias norte-americanas (designadamente, produtos agroalimentares ou automóveis) –, materializando assim uma pedrada adicional na ordem mundial liberal e deixando a nu uma construção europeia que navega à vista e ao serviço dos mesquinhos interesses de uma cidadã alemã em autêntica rédea solta.
(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)


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