sexta-feira, 9 de maio de 2025

A CIÊNCIA REGIONAL ESTEVE NO PORTO

Boas razões exógenas afastaram-me ontem deste nosso espaço e justificam que hoje apenas venha aqui dar conta de uma delas, a saber, a realização no Porto, mais precisamente na FEP, da Conferência Anual da “Regional Studies Association” (RSA), marcando adicionalmente os seus redondos sessenta anos de existência. A logística é muito especial, aproveitando a bela solução arquitetónica que Viana de Lima desenhou para a Faculdade – designadamente os seus corredores amplos e a conformidade das suas salas – e a ausência de estudantes por motivos de “Semana Académica”, e a cidade brindou os impressionantes 850 conferencistas com um tempo aprazível que permitiu fugas cirúrgicas ao trabalho para breves explorações da sua vivência e diversidade de oferta turística (além do jantar oficial no magnífico e imponente átrio do Palácio da Bolsa, onde pude privar de perto com a chair Sarah Ayres da Universidade de Bristol, ferrenha do Aston Villa, e o afável professor Martin Henning da Universidade de Gotemburgo). A organização local, que complementou na perfeição a do núcleo dirigente da RSA, merece um aceno sincero de congratulação pelo modo como tudo funcionou integralmente nos conformes e deixou assim bem visível a competência que sabemos exibir quando impera a seriedade e o profissionalismo – parabéns especiais ao Luís Carvalho e sua equipa, portanto. Por fim, duas pinceladas quase epidérmicas em relação a questões de conteúdo: a primeira para sublinhar a qualidade de algumas apresentações mais experimentadas e/ou estruturadas, como as que provieram de investigadores como John Bachtler, Ugo Fratesi, Ron Boschma ou Simona Iammarino, entre outros; a segunda para registar a permanência de uma certa incomodidade pessoal quanto ao modelo relativamente castrador que a “ditadura” dos papers impõe à lógica destes encontros académicos, desvalorizando objetivamente a reflexão cuidada, o debate aprofundado e a utilidade efetiva em favor de um mimetismo cumpridor de calendário para fins de mero acrescento curricular (com um elemento de contrabalanço positivo, que vai acontecendo cada vez mais generalizadamente e a RSA não é exceção, na abertura ao acolhimento de jovens investigadores em espaços próprios ou mesclados). Outros aspetos de conteúdo ficarão, se assim o sentir relevável, para cenas de próximos capítulos.

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