sexta-feira, 2 de maio de 2025

DECRESCIMENTO

(José María Nieto, http://www.abc.es)

Não é habitual que nos debrucemos aqui sobre dados conjunturais, mas uma vez não são vezes. A questão é esta: o INE divulgou hoje as suas estimativas de crescimento do PIB nacional durante o primeiro trimestre de 2025 e veio pôr a nu o previsível abrandamento económico que nos envolve, no caso uma variação positiva de 1,6% em termos homólogos e uma variação negativa de -0,5% em cadeia (vejam-se abaixo os quadros e gráficos que deixam comparativamente clara a quebra observada); entretanto, e no quadro da campanha eleitoral em curso, os partidos apresentaram as projeções com base nas quais justificam a base financeira das suas propostas (isto se a seriedade mínima imperar, porque há quem prometa porque o papel aceita tudo e, sabendo que nunca será chamado a governar, nunca irá ser sujeito à comprovação da demagogia das suas promessas); em concreto, as projeções de PS e PSD, mais as deste do que as daquele diga-se, revelaram um otimismo que reputo de inaceitável, quer perante o quadro de escassa estabilidade nacional que vamos conhecendo quer face à incerteza radical que vem dominando os caminhos da economia mundial (entre a guerra e as diabruras de Trump, com claras manifestações regressivas nos diversos mercados e no aumento da despesa em Defesa, tudo matérias inconcebivelmente ausentes do debate dos líderes e das suas preocupações expressas publicamente); e é aqui que “a porca torce o rabo”, por muito que Montenegro se proclame um grande reformador e um crítico das "políticas invariantes” de Pedro Nuno, querendo convencer os portugueses da viabilidade das fantasias cor-de-rosa que integram o seu quadro macroeconómico. Ou seja, o que o INE nos veio dizer hoje foi que não acreditemos nas projeções nitidamente sobredeterminadas que provêm dos políticos e que, portanto, esperemos por tempos de algum aperto e míngua em que não poderá ocorrer certamente muito do que aqueles vão vendendo nas ruas e feiras do nosso País.


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