segunda-feira, 26 de maio de 2025

EM BUSCA DE RESPOSTAS (2)

(Elaboração própria a partir de https://www.eleicoes.mai.gov.pt e de informação estatística publicada em https://www.ine.pt)

Vamos lá, então, a um maior aprofundamento da análise à votação alcançada pela extrema-direita portuguesa nas recentes eleições legislativas. O primeiro passo que hoje dou vai no sentido de relacionar esse voto com traços estatisticamente captáveis do que designarei por “territórios de abandono”.

 

Para o respetivo efeito, e com o precioso suporte dos dados subjacentes aos três gráficos abaixo, sintetizo no mapa acima o essencial: foram 145 (ou seja, 48,4% do total de 308) os concelhos em que o resultado eleitoral do Chega foi superior à sua média aritmética nacional, observando-se ainda que 56 desses 145 (ou seja, 37,6%) apresentam valores sinalizadores de escasso dinamismo económico-social para dois ou três dos indicadores que para tal selecionei (menor peso relativo de população jovem até aos 19 anos, maior peso relativo de pensionistas e ganho médio mensal inferior à média nacional).

 

Eis, pois, uma primeira constatação relevante: a de uma consonância significativa entre a incidência da votação extremista e antisistémica e a detetável presença em Portugal de situações indiciadoras de um declínio próximo daquele que Andrés Rodríguez-Pose e outros autores especialistas em Economia Regional têm vindo a considerar típico do que designam por places that don’t matter ou left behind places, procurando deste modo explicar, nomeadamente, os fundamentos de uma evidente “vingança” que é manifestada através do voto radical. De entre os 56 concelhos que assim ressaltam, há 17 (mais de 30% dos mesmos, a negro no mapa) que se salientam pela presença invariável da tripla sintomatologia adotada – um pouco espalhados por todo o Interior do País, são eles Monção (Alto Minho), Mogadouro e Carrazeda (Trás-os-Montes), Vouzela e Carregal do Sal (Beira Alta), Fundão, Belmonte e Idanha (Beira Baixa), Alvaiázere, Ferreira do Zêzere, Sardoal e Coruche (Tejo), Crato, Arronches, Sousel e Alandroal (Alto Alentejo) e Almodôvar (Baixo Alentejo). De registar, ainda, que um único concelho (Cantanhede) não se mostra detentor de qualquer dos referidos indícios de risco e que a maior concentração do fenómeno ocorre visivelmente no centro e sul do País. Voltarei ao tema. 

(Elaboração própria a partir de https://www.eleicoes.mai.gov.pt e de informação estatística publicada em https://www.ine.pt)

(Elaboração própria a partir de https://www.eleicoes.mai.gov.pt e de informação estatística publicada em https://www.ine.pt)

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