sexta-feira, 16 de maio de 2025

DESVENTURAS À VISTA

(excerto de Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

Último dia de uma campanha eleitoral medíocre e muito insuficientemente esclarecedora por ausência nela dos temas que dominam a realidade mundial e europeia que nos envolve e daqueles que impavidamente persistem no rol das nossas imensas debilidades estruturais.

 

O modo como os últimos dias foram mediaticamente ocupados pelas indisposições de André Ventura e pelos seus manifestos ataques de pânico diz bem do grau zero a que chegou a nossa comunicação social, profissionais experientes e tidos por responsáveis incluídos. Veremos no Domingo que vantagens retirou o “poderoso chefão” da extrema-direita do facto em causa, mas eu tenderia a apostar que alguma foi em termos de score final, especialmente na medida em que o recurso à normalidade do comum mortal e à lamechice pirosa pega no primário e superficial sentir do português da rua.

 

O resto resume-se em poucas linhas: quem virá, na noite eleitoral, louvar a sabedoria dos portugueses no momento do seu voto, todos sem exceção por conseguirem encontrar no seu resultado uma qualquer razão de vitória ou alegria bastante (do PAN porque elegeu Inês ou porque conseguiu um grupo parlamentar de dois deputados à custa do voto portuense à CDU porque elegeu mais dois deputados, do Bloco porque meteu um dos “seniores” na Assembleia ao Livre porque se tornou o segundo partido de esquerda em Portugal, da Iniciativa Liberal porque vai obrigar o PSD a considerar as suas mezinhas ao Chega porque nada evitou que se mantivesse uma força com significado no Parlamento, do PS porque teve mais uns votos do que a AD ou porque prosseguirá a sua saga apostólica venha o que vier à dita Aliança porque considerou validada a sua governação distributivista de onze meses e a discutível ética de atuação de Montenegro) ou apenas os beneficiários líquidos do resultado no seu conjunto? Eu tenderia a apostar que as perspetivas não se apresentarão de feição a uma redentora mudança de vida de um País que teima em não olhar de frente nem para a frente...

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