quarta-feira, 28 de maio de 2025

O NACIONALISMO CATALÃO EXCLUDENTE NO SEU PIOR

 

(Já fui, devo expressá-lo sem qualquer ressentimento, um devoto apreciador do regionalismo catalão, sobretudo da sua máquina imparável de planeamento, sobretudo do planeamento urbano, nos bons tempos de Pasqual Maragall e até ganhei amizade com um dos responsáveis do planeamento estratégico urbano, Manuel de Forn, que trabalhou na equipa de planeamento estratégico de Lisboa com o saudoso Jorge Sampaio. Mas à medida que a Convergencia y Union de Pujol se desintegrou e depois da morte de Manuel Vázquez Montalbán comecei a ficar mais crítico, sobretudo quando emergiu o chamado supremacismo catalão, pretensamente superiores a todos os outros espanhóis, organizado em torno de um nacionalismo bafiento, excludente e por vezes xenófobo, bem representado pelo não confiável Junts per Catalunya de Puigdemont. O nacionalismo catalão excludente teve sempre atravessada na sua garganta sensível a vitória observada há alguns anos de Inés Arrimadas do Ciudadanos. Nas eleições autonómicas de 2017, Arrimadas fez história tornando o Ciudadanos a primeira força política da Região, mas dada a ausência dos apoios necessários nunca conseguiu formar governo, projetando-se depois na política nacional em 2019. Na altura, o slogan revanchista dos nacionalistas catalães era o de regressa a Cádiz dirigido a Arrimadas, pois o facto de uma andaluza ter chegado a ser a líder mais votada na Catalunha era uma espinha na garganta do supremacismo. A política está mais volátil do que nunca e Arrimadas eclipsou-se com o Ciudadanos de Rivera, ainda tentou aguentar o barco, mas uma das mais fulgurantes políticas espanholas regressou à sua terra natal Jerez de la Frontera, empobrecendo o ambiente político espanhol).

O jornal digital El Español faz referência a essa invocação, projetando para a notícia uma carta da ex-Presidente do Parlamento da Catalunha de 2010 a2015, Núria de Gispert, que considero ser uma representante do tal nacionalismo catalão excludente, supremacista e muitas vezes xenófobo, veja-se a política imigratória do Junts, na qual expressa todo o seu ódio, quase 10 anos depois da vitória de Arrimadas, com o desaparecimento da vida política de Arrimadas e com o seu regresso a Jerez de la Frontera. A carta é escrita na qualidade de Presidente de uma denominada Associação dos Ex-parlamentares catalães, respira ódio e rancor e o que é notável é que é escrita quase 10 depois dos acontecimentos de 2017.

Quando o regionalismo se transforma em nacionalismo excludente e ferozmente supremacista, como é o pior do catalanismo, que deixa de ser essencialmente um movimento de afirmação e diferenciação cultural para se transformar numa coisa totalmente diferente e não compatível com os princípios da convivialidade democrática, estamos no pior dos mundos, sobretudo no contexto de generalizadas e diversificadas ameaças à democracia.

As notícias são como as cerejas … Não consegui deixar de pensar nestes temas quando a questão da regionalização parece querer acordar de novo cá por estas bandas. Pelo menos como aviso saudável.

 

 

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