quarta-feira, 28 de maio de 2025

EM BUSCA DE RESPOSTAS (4)

(Elaboração própria a partir de https://www.eleicoes.mai.gov.pt e de informação estatística publicada em https://www.ine.pt

Uma última componente do exercício a que me abalancei a pretexto da pornográfica votação do Chega nas eleições legislativas do dia 18 tem a ver com a tentativa de medir a relação entre o voto extremista e três das determinantes habitualmente aventadas para o mesmo: as qualificações (ou falta delas), a subsidiação (ou seu menor peso) e a imigração existente (ou relativamente menos presente). O mapa acima resume o essencial do que obtive, a saber, que em 50% dos concelhos nacionais aquela relação se revela perfeita (com os três elementos explicativos a comportarem-se expectavelmente) ou quase perfeita (com dois dos três elementos explicativos a comportarem-se expectavelmente), o que está representado a cores verdes, e que nos outros 50% dos concelhos nacionais a dita relação se revela imperfeita (com apenas um dos três elementos explicativos a comportar-se expectavelmente) ou muito imperfeita (com os três elementos explicativos a comportarem-se inversamente ao expectável), o que está representado em tons avermelhados. Até que ponto este output deve ser ou não encarado como satisfatório é um tema que vou evitar e remeter para futuros momentos de análise.

 

Um breve apontamento adicional sobre os concelhos que se apresentam em situação de matching total, perfazendo um total de 27 divididos entre os 12 de maior incidência votante no Chega (Alvaiázere, Bombarral, Ferreira do Zêzere, Grândola, Monção, Monchique, Oliveira de Frades, Penamacor, Rio Maior, Vendas Novas, Cerveira e Vila Velha do Ródão) e os 15 de menor expressão votante no Chega (Angra, Espinho, Gondomar, Guimarães, Lamego, Macedo de Cavaleiros, Maia, Matosinhos, Ovar, Ponta Delgada, Santo Tirso, Trofa, Valongo, Vila Nova de Gaia e Vila Real). E outro apontamento ainda sobre os concelhos que se apresentam em completa ausência de sintonia entre o voto no Chega e as caraterísticas dos respetivos locais em termos de qualificação, subsidiodependência e imigração, assim apontando para a óbvia necessidade de aprofundamentos noutros sentidos a priori menos prováveis do que os escolhidos – são eles em número de 17, entre 4 de maior presença votante do Chega (Abrantes, Elvas, Estremoz e Viseu) e 13 de menor presença votante do Chega (Alcoutim, Arganil, Calheta-RAM, Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Góis, Marvão, Ourique, Pedrógão Grande, Penela, Ponta do Sol, Tábua e Vila Nova de Poiares).

 

Ao dar por encerrado este exercício, que não deixou de ter um lado “prazeiroso” a despeito da sua motivação de partida, concluo pela persistência de um mar de dúvidas por esclarecer no domínio em questão. Não sem admitir que os dados tratados e os comentários que eles me foram permitindo poderão, ainda assim, ter contribuído para algum avanço no (re)conhecimento do triste pesadelo que tão brutalmente se nos impôs desde a noite eleitoral, e que aí está bem vivo, neste dia de finalização da contagem dos votos da Emigração, a ponto de seguramente nos não permitir que tão cedo possamos ajuizar com realismo que já chega de Chega...

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