quarta-feira, 6 de novembro de 2024

RESISTIR

 


(Tentando ser solidário com os derrotados por Trump, não vejo melhor solução do que reproduzir aqui o texto de Robert Reich hoje publicado no Guardian. É a voz de uma consciência crítica)


“Não quero ocultá-lo. Estou de coração partido. De coração partido e assustado, para vos dizer a verdade. Estou seguro que muitos de vocês o estão também. Donald Trump ganhou decididamente a presidência, o Senato e provavelmente também o Congresso e o voto popular, também.
Ainda tenho fé na América. Mas por agora, isso pouco conforta as pessoas que estão em maior risco.
Milhões de pessoas estão agora com medo de serem atingidas pela brutal deportação em massa de Trump – imigrantes documentados, como ele ameaçou no passado, assim como os sem documentos e milhões de Cidadãos Americanos com parentes ou mulheres sem documentos.
Mulheres e raparigas terão agora medo de serem forçadas a dar à luz ou lhes serem negados cuidados durante uma gravidez ectópica ou com problemas.
A América tornou-se menos segura para as pessoas trans – incluindo crianças trans – expostas ao risco de violência e discriminação.
Toda a gente que já foi alvo de preconceito e discriminação está agora em maior perigo do que nunca.
Recordem, recordem, o cinco de novembro, quando um mau tipo tentou fazer estourar um Sistema político.
Estão também em perigo os que se ergueram contra Trump, que prometeu vingança contra os seus opositores políticos.
Pessoas sem conta estão agora em perigo numa escala e intensidade nunca vista na América moderna.
A nossa primeira responsabilidade é proteger todos os que estão sujeitos a ser prejudicados.
Faremos isso resistindo às tentativas de Trump para suprimir as liberdades das mulheres. Lutaremos pelos direitos das mulheres e raparigas a decidir quando e se querem ter filhos. Ninguém forçará uma mulher a dar à luz.
Bloquearemos os esforços cruéis de Trump para as deportações em massa. Lutaremos para dar guarida aos elementos produtivos e cumpridores da lei nas nossas comunidades, incluindo os jovens que aqui chegaram ainda bebés ou crianças.
Não permitiremos prisões e detenções em massa de ninguém na América. Não permitiremos que as famílias sejam separadas. Não permitiremos que os militares sejam usados para intimidar e subjugar ninguém neste país.
Protegeremos as pessoas trans e toda a gente que seja perseguida devido ao seu aspeto ou aquilo em que acreditam. Ninguém deve ter vergonha do que é.
Combateremos os esforços de Trump para retaliar contra os seus inimigos conhecidos. Uma nação livre protege a dissidência política. Uma nação livre precisa de pessoas que se levantem contra a tirania.
Como é que conduziremos esta resistência?
Organizando as nossas comunidades. Combatendo através dos tribunais. Argumentando a favor da nossa causa através dos media.
Pediremos a outros Americanos que se juntem a nós – esquerda e direita, progressistas e conservadores, pessoas brancas e de cor. Seremos a maior e mais poderosa resistência desde a revolução Americana.
Mas será pacífica. Não cederemos à violência, que dariam a Trump e ao seu regime uma desculpa para para o uso organizado da violência contra nós.
Manteremos vivas as chamas da Liberdade e do bem comum, assim como preservaremos a democracia. Lutaremos pelas mesmas coisas que os Americanos lutaram desde a fundação da nossa nação – direitos enraizados na constituição e na Declaração de Direitos.
O preâmbulo da constituição dos EUA abre com a frase “Nós, o povo”, transmitindo um sentido de interesse partilhado e uma vontade de “de promover o bem-estar geral”, como o preâmbulo o afirma
Nós o povo lutaremos pelo bem-estar geral.
Nós o povo resistiremos à tirania. Preservaremos o bem comum. Protegeremos a nossa democracia.
Não será fácil, mas se a experiência americana no auto-governo for para continuar, será essencial.
Sei que estão assustados e sob pressão. Eu também estou.
Se está de luto ou assustado, não está sozinho. Dezenas de milhões de Americanos sentem o mesmo.
Tudo o que lhe posso assegurar é que agora e de novo, os Americanos optaram pelo bem comum. Hoje e de novo, valorizamos a ajuda do outro. Resistimos à crueldade.
Ajudámo-nos uns aos outros durante a Grande Depressão. Fomos vitoriosos sobre o fascismo de Hitler e o comunismo soviético. Sobrevivemos à caça às bruxas de Joe McCarthy, aos crimes de Richard Nixon, à guerra no Vietname de Lyndon Johnson, aos horrores do 11 de setembro e às guerras no Iraque e Afeganistão de George W. Bush..
Resistiremos à tirania de Donald Trump.
Embora pacífica e não violenta, a resistência será todavia comprometida e determinada.
Envolveremos todas as comunidades da América. Durará enquanto for necessária.
Nunca desistiremos da América.
A resistência começa agora.
 

Robert Reich, antigo Secretário do Trabalho, é professor de políticas públicas na Universidade da Califórnia, Berkeley e autor de “Saving Capitalism: For the Many, Not the Few and The Common Good”. O seu novo livro, “The System: Who Rigged It, How We Fix It” foi agora publicado. É um colunista do Guardian nos EUA. A sua newsletter pode ser lida em robertreich.substack.com
 

Mais do que um manifesto é um programa político, basista e de resistência, que procura não deixar morrer a tradição do bem comum.
 

Resistirá este bem comum aos Musks deste mundo desvairado?

(gralhas corrigidas, devidas à oscilação do Alfa Pendular)
 

TRUMP ARRASOU!

Dia de ressaca. Das maiores (ou a maior?) de sempre. De momento, só consigo pensar naquela velha história da mãe que no juramento militar do filho, com o passo deste desacertado dos restantes companheiros, louvava o seu Manel pelo facto de este ser o único que marchava de modo alinhado contra o desalinhamento de todos os outros. Estarei/estaremos mesmo fora do mundo que nos rodeia? Será que os valores já não valem mesmo?

BYE AMÉRICA

 


(De partida para Lisboa em trabalho e sem grande pachorra e tempo para me dedicar à escrita do blogue, registo apenas que os meus maus presságios quanto às eleições americanas se confirmaram, ou que tudo leva a crer que irão confirmar-se. Com um resultado que terá em meu entender consequências sérias para o modo como o mundo será governado no futuro próximo, na organização da economia mundial e na degradação das democracias por todo o mundo, gerando uma séria interpelação à esquerda em geral e à social-democracia-socialismo em particular. Tenho de confessar que, talvez em contradição paradoxal com os meus presságios e preocupação, dormi bem e sem estar agarrado à evolução dos resultados, depois de ter visualizado na RTP 2 um excelente filme-documentário sobre o amor e a relação de Antoine deSaint Exupéry com a sua mulher, a salvadorenha Consuelo Suncín-Sandoval Zeceña. Outros tempos. E, face ao caráter inequívoco da vitória de Trump, queda-me o desabafo “Bye America”, que quer apenas dizer que perdi assim as esperanças de revisitar um dia aquele território, que tanto me impressionou nas nossas três viagens já no passado distante. Com tal polarização e tão intensa irracionalidade não é país para velhos de mais de 75 anos, por mais fugidia e pontual que fosse a visita.

terça-feira, 5 de novembro de 2024

UMA PERGUNTA INCÓMODA

 

(Os acontecimentos trágicos na Comunidade Valenciana e a ira descontrolada que a perceção da Comunidade ter sido abandonada durante alguns dias à sua sorte madrasta gerou maioritariamente na população indefesa, visível na humilhação a que as estruturas do Estado, o Governo central, o da Comunidade e a Casa Real foram submetidas, sem dó nem piedade, na sua visita à localidade mais atingida, já foram abundantemente noticiados pelas televisões e jornais portugueses. Dispenso-me, por isso e por uma questão de pudor, de comentar a própria tragédia. Por outro lado, há que lamentar a falta de tato político em realizar aquela visita sem uma preparação mínima, sabendo sobretudo que a extrema-direita espanhola do VOX não olha a meios e está seguramente a trabalhar a ira e a raiva populares. O poder, qualquer que ele seja, não pode ser humilhado na rua, isso é das piores coisas que podemos fazer a uma democracia já de si frágil e vulnerável a toda a família de aproveitamentos políticos de tragédias e do abandono a que por vezes as populações são submetidas. Depois, não pode deixar de reconhecer-se que o Estado espanhol está no seu pior momento para acorrer célere e de forma competente às necessidades de uma tragédia, atendendo sobretudo ao clima de polarização em que a sociedade e a política espanholas estão mergulhadas. Mas a minha pergunta incómoda não incide sobre esses aspetos. Incide pelo contrário sobre uma dimensão que me interessa de sobremaneira que são os modelos da governação e da coordenação territoriais. E a minha pergunta incómoda, mas urgente e necessária, é a seguinte: a governação multinível funcionou?)

Curto e grosso, com a maior das frontalidades possíveis, direi simplesmente que a governação multinível não funcionou. Aliás, tal como já não tinha funcionado em plena pandemia em Espanha quando, por exemplo, comparada com o outro nível de governação em Portugal, onde o ataque à pandemia funcionou bem melhor.

Esta conclusão é fundamental que seja apreendida e devidamente estudada e não pode ser atirada para uma zona de esquecimento, simplesmente porque é uma questão incómoda e pode dar azo a que os fanáticos da centralização peguem no assunto e glorifiquem as estruturas centralizadas. De facto, a relação governo central, Comunidade Autónoma, ayuntamientos (mesmo que de muito pequena dimensão ao pé dos portugueses, não funcionou. Ponto. Com graves danos para as vidas humanas e para o bem-estar e segurança das populações. Em primeiro lugar, porque quando se fala de governo central, não estamos a falar de uma entidade única, mas de uma miríade de entidades que deveriam ter intervindo na tragédia. A administração central tem ela própria um problema sério de coordenação, como regra acontece nas tragédias à portuguesa. Esses problemas de coordenação adensam-se e complexificam-se quando passamos para a governação multinível, gerando o caos decisional, sobretudo quando a dimensão do problema não está previamente testada, como foi o caso da DANA, mas também de alguns incêndios e o foi no passado a dimensão da pandemia.

Nós, os adeptos da governação multinível num contexto de decentralização, sabemos que não há bela sem senão e que a governação multinível tem custos de coordenação e, como os economistas costumam designá-los, de custos de transação. Devo admitir que, alguns de nós, embora não seja o meu caso, tendem a desvalorizar esses custos de coordenação e de transação, sobretudo porque pensam em contextos de cruzeiro, não em emergências climáticas ou de terror. Pois em meu entender, penso que na minha leitura, a governação multinível tem de ser reavaliada face à regularidade com que fenómenos deste tipo tenderão a acontecer no futuro próximo. Será assim fundamental que não façamos como o pobre do macaco que se afoga no rio sem tentar esbracejar e buscar o impossível – conseguir nadar. Acaso o façamos, seremos presas fáceis da lógica centralista que nos comerá como a coelhos indefesos perturbados com uma iluminação artificial qualquer.

O que quer isto dizer é que a governação multinível deve ser profundamente trabalhada e submetida a testes de stresse. O novo normal das tragédias climáticas está aí à porta, sobretudo em resultado de um urbanismo desenfreado e sem regras. Como me dizia, hoje, um amigo próximo, os rios e os cursos de água têm memória. Quando possuídos pela fúria de uma tragédia, tendem a procurar os espaços por onde passaram no passado, levando tudo à sua frente, como na Comunidade Valenciana.

Quem pensar e/ou trabalhar a governação territorial e ignorar este alerta, aconselho-o, enquanto é tempo, a abandonar a profissão.

 

PARA IR CONTROLANDO AS EMOÇÕES...

Enquanto aguardamos ansiosamente que os americanos se despachem, e se possível bem, com a sua votação presidencial de hoje, sugiro o recurso a alguns expedientes de diversão que permitam alguma mudança de registo nas cabeças dos mais inquietos. Neste plano, o último programa dominical de Ricardo Araújo Pereira constitui uma proposta que reputo de incontornável e que só não é completamente alienante – muito riso, pouco siso! – porque construiu os seus sketches em torno de factos e declarações reais e não centrados em hipérboles criadas pelo comediante.

 

Abro o apetite dos nossos leitores com quatro referências imperdíveis (mas não únicas): as despesas de viagem e alimentação sob investigação da ex-presidente da Câmara de Setúbal (Maria das Dores Meira) e as suas mal amanhadas “explicações”, as inacreditáveis “elucidações” e propostas de Manuel Pinho (que já parece mais desligado do que capaz de articular argumentos razoáveis), a audição parlamentar de um médico acerca do “caso das gémeas” (um portento simultâneo de frontalidade e descoco!) e a entrevista de um Jaime Nogueira Pinto ali perdido numa nostalgia inconsequente (desafiando a sua própria inteligência de cidadão do mundochega mesmo a ser trumpista!) em relação aos tempos em que o reacionarismo era a sua dama exclusiva e não tinha que o matizar com os mínimos de decência que as suas atuais aparições públicas lhe determinam.



Há momentos verdadeiramente hilariantes no programa, mesmo significativamente incomparáveis nessa estrita perspetiva, pena é que na realidade os mesmos correspondam a posicionamentos assumidos por gente que tinha a obrigação de ser ou ter sido menos ligeira nas opções de vida tomadas, na sua forma de estar e nas escolhas que irresponsavelmente patrocina. Entretanto, que venha logo de Washington a resposta que o mundo livre ansiosamente espera!


segunda-feira, 4 de novembro de 2024

A TENTAÇÃO DA CÓPIA E OUTRAS FORMAS DE NORMALIZAÇÃO DA ABERRAÇÃO POLÍTICA

 

(A diatribe rasco-populista do Presidente da Câmara de Loures, pretensamente iluminado pelas alimárias do Chega na denúncia dos acontecimentos nefastos do bairro do Zambujal e no ataque cobarde aos autocarros, não é, como Pedro Nuno Santos procurou desculpabilizar o seu colega de partido, um momento de infelicidade de um autarca. É antes o reflexo de um padrão que está aí, emergente, que já começou na Europa, e que vem direitinho até nós, com algum atraso, o que já não é novidade. Esse padrão está no mimetismo que as forças democráticas assumem relativamente às forças da extrema-direita, seja ela mais elaborada como Giorgia Meloni, ou mais rasca como a do VOX em Espanha ou ainda mais desqualificada como a do Chega em Portugal. Com o pretexto de querer estancar o crescimento eleitoral das posições mais radicais, assistiremos do lado do PSD e do CDS, e o caso de Loures mostra que também é possível que atinja o PS, a réplicas miméticas dos tiques anti-imigração e populistas da direita radical e antidemocrática. A ilusão de suster com essa réplica a fuga de eleitorado não passa disso, uma ilusão. Há muito tempo que a escolha dos autarcas que protagonizam as candidaturas socialistas autárquicas deixou de ser um campo favorável à defesa dos valores do Partido aplicados a territórios específicos, como se o local não fosse também um espaço de barganha dos valores políticos. Esta ideia de que os valores políticos diferenciadores são para as legislativas e que nas locais imperam outros princípios é tonta, oportunista e espaço de manobra para toda a série de estratagemas de pequena política que não enobrece o Partido e o rejuvenesce no pior sentido. O Presidente de Loures tem idade para ideias mais frescas e combativas.)
 

Em tom convergente com este mimetismo populista dos partidos democráticos anda por aí também uma outra tendência, a que eu chamaria a normalização da aberração política, mas que tem a mesma raiz. Normalização, por exemplo, dos desmandos antidemocráticos de Trump. Um bom exemplo desta nojenta normalização esteve na ida dos radicais livres (Pedro Tadeu e Jaime Nogueira Pinto) ao programa do Ricardo Araújo Pereira, momento a que só faltou a beatização de Trump, um pouco excessivo afirmou Nogueira Pinto, mas incapaz de sublinhar a clara violação de princípios básicos da democracia que o recandidato à Casa Branca exala do seu comportamento, no mesmo registo em que glorifica o tamanho do membro do grande golfista americano Harold Palmer. Essa tendência de normalização aconteceu também com a lavagem de branqueamento da boçalidade antidemocrática de Bolsonaro e, como verão, acentuar-se-á se, para nossa desgraça, Trump conseguir regressar à Casa Branca.
 

É algo que está também presente na estranha dificuldade de muita gente em Portugal discernir se votaria Kamala Harris ou Donald Trump, acaso fosse eleitor americano. Álvaro Vasconcelos insurge-se hoje no Público com a figura triste que alguns deputados portugueses do Parlamento Europeu fizeram no Programa Eurodeputados na edição de 27 de outubro de 2024, pronunciando-se sobre a disputa entre Kamala Harris e Donald Trump. Não perceber o que está essencialmente em jogo amanhã é sinal de uma miopia política que faz parte, em meu entender, da tal normalização da aberração política. É com isso a fazer-nos companhia que poderemos ficar acaso o eleitorado penda mesmo que por pequena margem para o lado de Trump.
 

domingo, 3 de novembro de 2024

DESPEJOS POR VANDALISMO OU O PS À DERIVA

Não conheço de todo o presidente da Câmara de Loures e presidente da FAUL do Partido Socialista, Ricardo Leão de seu nome. É com independência que recorro, pois, às suas declarações, na reunião pública camarária, defendendo um despejo “sem dó nem piedade” de inquilinos de habitações municipais que tenham participado nos distúrbios ocorridos na AML – “é óbvio que eu não quero que um criminoso que tenha participado nestes acontecimentos, se for ele o titular do contrato de arrendamento é para acabar e é para despejar, ponto final parágrafo" –, na sequência de um voto soclalista (e, já agora, também social-democrata) favorável a uma proposta da iniciativa do “Chega” nesse sentido.

 

Seja pela manifesta irresponsabilidade política revelada pelas estruturas lourenses do PS ou pelo silêncio ensurdecedor da sua Direção nacional, o que está em causa é, a meu ver, a evidência de um definhamento de um partido que foi fundador da Democracia e o seu agente mais representativo. Uma evolução declinante que tem vindo a ocorrer paulatinamente ao longo das décadas, sempre sem grandes sinais de reabilitação (ou esforço nesse sentido) que não tenham sido os “Estados Gerais” organizados no tempo de Guterres (já lá vão mais de trinta anos!). Atente-se no descrédito do aparelho partidário e na usura dos seus principais rostos, nas trapalhadas politiqueiras permanentes, no crescente convencimento de que a principal serventia do partido está nos empregos que torna acessíveis e nas tramas em torno dos jobs for the boys, na completa ausência de formação séria de quadros e de disponibilidade para um debate interno aberto e sincero, na mediocridade interventiva e na rebeldia desaparecida da Juventude Socialista, ao que acrescem ainda os vícios da liderança de Pedro Nuno Santos (proclamada como rejuvenescedora mas mais visivelmente apenas dogmática em termos etários).

 

Já há muito que o sabíamos, designadamente através dos dados relativos à expressão da atratividade eleitoral e geral do PS junto dos jovens, mas a última sondagem publicada (UCP/Público) reafirma-o em moldes que só não afligirão responsáveis desatentos ou autistas: os inquiridos entre os 18 e os 34 anos dispostos a votar PS são apenas 7% (12% em julho), ascendendo essa percentagem a somente 20% na faixa dos 35 aos 64 anos. Um partido de idosos, e de algum modo apenas capaz de mobilizar em defesa do status quo, eis a síntese que mais rigorosamente corresponde ao imobilista PS que temos! Onde param os ideias da dita social-democrata moderna? E que foi feito dos prometidos novos Estados Gerais?


(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)