terça-feira, 1 de abril de 2025

PALHAÇOS RICOS À SOLTA

 
(Idígoras y Pachi, http://www.elmundo.es) 

Aí está o mês de Abril, que fui educado a considerar, sem razões grandemente substantivas, o melhor de todos. Em 2025, ele só irá prolongar o estado de demência tresloucada que já vinha das tropelias de Putin mas foi exponenciado pela inconcebível balbúrdia que quotidianamente nos é trazida por Trump, Musk, Vance e respetivos acólitos e subalternos – uma coisa nunca vista que está a sobressaltar o mundo sem que um fim minimamente respirável esteja à vista.


Claro que a situação não se consubstancia apenas em puro absurdo, já que ela também tem o seu racional (discutível, dotado de bases essencialmente erradas, mas ainda assim um racional argumentativo e reativo ao pretexto de inércias e quase instigações aliadas, como tentarei explicar em post a vir), mas a verdade é que não passa um dia sem que aquelas criaturas nos vão sinalizando com uma espantosa desfaçatez que pior é sempre possível (da Gronelândia ao Canadá, de brincadeiras infantis na Sala Oval à hipótese anticonstitucional de um terceiro mandato, das chantagens sobre a Ucrânia às aproximações a Putin, do projeto de um resort em Gaza ao acriançado e irresponsável amadorismo da divulgação de segredos militares num chat de grupo na rede Signal, das odiosas provocações à União Europeia à inconstante jigajoga das tarifas, das exibições grosseiras de uma riqueza capaz de tudo às saudações nazis, do desmantelamento do Estado às objetivas tentativas de destruição dos checks and balances que eram a marca e a salvaguarda do regime democrático).


Neste quadro, assaz deplorável e profundamente miserável de qualquer ponto de vista que valorize a decência e o construtivismo em que devem assentar as sociedades modernas, abril trazer-nos-á certamente, e tristemente, bem mais razões de preocupação do que as “águas mil” que lhe são inerentes e já parecem estar por aí a despontar.


(Ricardo Martínez, http://www.elmundo.es)


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