(Antes de concluir a recolha de evidência para me pronunciar sobre a mais abjeta manifestação do narcisismo descontrolado de Trump, o “tarifão”, como dizem os brasileiros, de ontem e ainda para compensar a minha ausência do dia de ontem, tinha registado a minha excelente impressão da excelente entrevista de Miguel Poiares Maduro ao Público de ontem. Tenho para mim que a passagem de MPM pelo governo de Passos Coelho assumindo a pasta dos Fundos Europeus e do desenvolvimento regional ficou algo aquém do que eu esperava, dada a consistência do seu percurso político e académico. Mas, a partir dessa experiência governativa, o pensamento de MPM é de grande consistência e terá sido dos primeiros entre os académicos a vir a terreiro do debate público para alertar sobre os riscos que a democracia enfrentava à medida que a Internacional populista em formação se consolidava em diferentes países da União Europeia e não só. Com a responsabilidade de animar os debates suscitados no âmbito da candidatura de Marques Mendes à Presidência da República, a única palavra que me ocorre é desperdício, que grande desperdício, a entrevista ao Público revela uma grande lucidez e vem demonstrar uma vez por todas que o PSD não está ainda totalmente capturado, debilitado isso sim está, pelo estilo de política que a embrulhada em que Luís Montenegro se envolveu representa a preceito.)
Destaco duas questões da referida entrevista.
Primeiro, como seria de estimar dada a sua craveira intelectual, MPM recusa-se a alinhar com toda a chinfrineira governamental de branquear o conflito de interesses e os problemas de ética política que Montenegro trouxe para a situação política nacional. Uma coisa é reconhecer que a maioria da população portuguesa considera inadequadas as eleições do próximo maio, prezando de certo modo a estabilidade política, outra coisa bem diferente é patrocinar a leviandade e ligeireza do primeiro-Ministro. MPM coloca-se obviamente do lado dos que o problema não existiria se Montenegro tivesse dissolvido imediatamente a empresa com a chegada a primeiro-Ministro, porque essa era a única forma de cortar com o estilo videirinho do seu enquadramento profissional. Querer validar nas urnas a sua ligeireza e leviandade, e não me custa a acreditar que PSD-CDS e Iniciativa Liberal poderão configurar um resultado eleitoral que lhes permita a governação, faz parte e tem ramificações com a tal Internacional populista a que anteriormente me referia. Para mais, mesmo que se verifique essa possibilidade, tudo dependerá da arte do PS em vencer as resistências do eleitorado à liderança de Pedro Nuno Santos, a ligeireza e leviandade de Montenegro não serão apagadas do mapa e constituirão sempre uma ameaça à consistência governativa.
Segundo, MPM alerta para a eventual incidência no espectro partidário nacional do fenómeno populista em ascensão, relacionando essa possibilidade com a candidatura de Gouveia e Melo à presidência da República. Claro que nesta questão joga também a sua ligação à candidatura de Marques Mendes. Mas, ainda assim, aconselharia os mais distraídos a interpretar a adesão de algumas personalidades, incluindo do PSD, como Alberto João Jardim, Ângelo Correia, Isaltino Morais ou António Martins da Cruz como algo premonitório do que a candidatura do Almirante pode gerar em termos de transformação do xadrez partidário.
O PSD que se cuide e seguramente que a ligeireza e leviandade do videirinho Montenegro não serão o dique robusto e suficiente para conter a referida ameaça de um novo partido de inspiração populista para abafar o Chega.
Até lá, fico com a convicção de que ainda há gente que pense no PSD como MPM, Fernando Negrão e outros, poucos.
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