Ontem, num “Batalha Centro de Cinema” repleto de gente, uma sessão muito especial: a projeção de um dos grandes filmes de sempre (“Sunset Boulevard” de Billy Wilder, por cá traduzido como “Crepúsculo dos Deuses”), por ocasião do 75º aniversário desse notável clássico do cinema noir, e a coincidente divulgação pública do “Cineclube Sérgio Lopes” (nome que homenageia o maior cinéfilo do grupo, entretanto infelizmente desaparecido) em que, mensalmente e desde há treze anos, se exibe uma obra na presença de uma dúzia de casais amigos (as casas de exibição, a cargo do projecionista Fernando Teixeira dos Santos, são rotativas) que assistem e debatem e também jantam e convivem. Na apresentação que antecedeu o filme, e além do Fernando e dos igualmente “nossos” Alberto Castro e Jorge Velhote, esteve o reputado especialista Mário Augusto (que trouxe consigo uma pequena curta sobre o filme e o seu enquadramento). Julgo que já foi a terceira vez que vi “Sunset Boulevard”, a história de um argumentista falido (Joe Gillis) que entra na vida decadente de uma antiga estrela do cinema mudo obcecada por reviver as luzes e retornar à fama (Norma Desmond), mas não deixei de confirmar a sua inigualável excelência, sobretudo patentes na genialidade da realização de Billy Wilder (oito vezes nomeado e duas vezes “óscarizado”, com “The Lost Weekend” ou “Farrapo Humano”, em 1945, e “O Apartamento”, em 1960), nascido na região da Galícia (Polónia) que pertencia ao Império Austro-Húngaro e emigrado para os EUA por ocasião da ascensão de Hitler, e na brutal qualidade da representação de Gloria Swanson (três vezes nomeada para um “Óscar” que nunca obteve, incluindo pela sua atuação no filme aqui em causa e que só lhe não proporcionou a estatueta de 1951, segundo Mário Augusto, pelo facto de a Academia não se ter prestado a optar entre ela e outra diva, Bette Davis em “All About Eve” ou “A Malvada” de Joseph L. Mankiewicz, e ter acabado por se inclinar para Judy Holliday em “A Mulher que nasceu ontem” ou “Born Yesterday” de George Cukor), atriz que soube ontem ter passado boas temporadas em Portugal (numa casa que adquiriu em Sintra). Uma tarde do Porto cultural no seu melhor, fazendo lembrar os bons velhos tempos que marcaram a sua tradição cineclubista sob a batuta de Henrique Alves Costa.
segunda-feira, 7 de abril de 2025
ILUSTRANDO O BATALHA A CUMPRIR A SUA MISSÃO
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário