domingo, 31 de dezembro de 2023

2024 À PORTA

 
(adaptação de https://www.publico.pt

Chega 2024 ― porque será que agora me dão náuseas de cada vez que utilizo a terceira pessoa do presente do indicativo do verbo chegar? ―, um ano novo que, como sempre, tende a ser convencionalmente considerado imprevisível mas que desta vez parece mais cheio de escolhos do que a dose normal. Não irei aqui elaborar em torno dos porquês de tal facto, os quais têm sido aliás objeto de inúmeras considerações no quadro deste espaço; mas não quero deixar de me referir de forma reiterada, e por ordem crescente de perigosidade, aos elementos que mais diretamente contribuem para esta minha sensação de incomodidade, sejam os que mais poderão afetar o nosso pequeno retângulo, os que mais poderão atingir o nosso privilegiado espaço externo de inserção ou os que mais poderão marcar os destinos do mundo em que vivemos.

 

Começo pelo fim, que é verdadeiramente o que está na traça de tudo quanto é essencial: 2024 será um ano, e cito o “El País”, um “de exame à ordem mundial” e que irá “pôr à prova as democracias”. Por tudo quanto vem de trás, com especial destaque para as brutais guerras em curso na Ucrânia e no Médio Oriente, e por tudo quanto se lhe apresenta na agenda, das eleições em Taiwan e na Índia (entre várias outras também relevantes) à muito particular candente disputa presidencial americana que acontecerá no Outono e se arrisca a tornar-se a votação mais importante de uma geração (cito Martin Wolf) se os checks and balances da democracia americana não funcionarem devidamente e/ou se nada de disruptivo surgir do lado de Biden e dos Democratas.


(Christine Balderashttp://elpais.com)
 

Em seguida, as eleições europeias e todo o subsequente processo de substituição dos principais poderes bruxelenses, com a extrema-direita conservadora, nacionalista e eurocética a ameaçar cada vez mais a possibilidade de uma presença significativa no seio das instituições comunitárias. Sem esquecer as tendências já presentes em vários países, nomeadamente entre a destrutiva Hungria de Órban, as situações na Itália de Meloni e nos Países Baixos de Wilders ou os importantes ganhos de afirmação de Marine Le Pen em França ou da AfD na Alemanha.

 

Por fim, e no que diz respeito à dinâmica luso-portuguesa, julgo que ninguém me contestará se aqui disser com alguma segurança que, abstraindo dos profissionais da política partidária e dos interesses em sua volta, nenhum português consciente estará especialmente motivado com o processo de votação a ocorrer em 10 de março, quer no tocante à sua própria convicção na escolha quer no tocante a temores sobre o que sairá em termos de uma provável instabilidade política no horizonte. A este propósito, o artigo de António Barreto no “Público” de ontem (“A festa acabou”) é notável e termina de um modo tão inteligente quanto escassamente consequente: “Nas próximas eleições, o momento é calhado, mais propício do que nunca, para votar de acordo com compromissos, em vez de repetirmos os gestos do sonâmbulo. Votar em compromissos é melhor do que votar em rebanho.”; ou seja, porque realmente não esclarece quais os compromissos que relevam nem se lhe bastarão compromissos firmes enquanto tal ou apenas aqueles que os seus fantasmas tendem a mais apreciar ou rejeitar...

 

Associando-me aos votos do meu parceiro de blogue em relação a todos quantos nos foram lendo, mais ou menos regularmente, ao longo destes doze anos, quero também endereçar-lhe a ele e aos seus o melhor para este 2024 e desejar que a paz e a prosperidade se alarguem crescentemente aos oito mil milhões de seres que compõem a Humanidade.


(Bernardo Erlich, https://bernardoerlich.com)

O QUE TEM HOJE O COSMOPOLITISMO PARA OFERECER?

 


(O ano de 2023 caminha para o seu fim e deixou atrás de si uma onda de recriminações que alimentam o fogo do populismo e que têm alguns inimigos de estimação. A frente de matérias que protagonizam esse mal-estar e a adulteração dos valores democráticos com a estranha bênção aos partidos de extrema-direita é vasta e diversificada. O ódio às elites, aos migrantes vistos como a fonte de todos os males, aos liberais, minorias e aos experts e especialistas e muitas vezes à própria ciência, tem a cereja no bolo na rejeição do cosmopolitismo. O nacionalismo reacionário congrega e acolhe esses ódios e é entendido pela generalidade dos seus apoiantes como um abrigo seguro. Mas se quisermos ser analiticamente rigorosos, podemos perguntar o que é que a aliança cosmopolita, liberal e técnica e cientificamente informada ofereceu de alternativa às pessoas seduzidas pelo nacionalismo mais retrógrado. Por outras palavras, porque é que essa aliança, qualquer que seja a forma política que apresente, não conseguiu convencer essa população que alimenta o movimento da suspeição democrática? Porque é que os seus argumentos sucumbem ao ódio nacionalista, xenófobo e claramente anti-cosmopolita?)

Sabíamos desde o BREXIT que não foi a Londres metropolitana e cosmopolita que o votou. Uma grande maioria nessa Londres metropolitana e cosmopolita votou pela permanência na União Europeia. Foi antes a população mais velha e ainda sensível aos apelos do Império que o decidiu, revelando uma enorme separação entre esses dois Reinos Unidos. A derrota do cosmopolitismo globalizante no BREXIT foi também a derrota das elites mais internacionalizadas, largamente identificadas com a praça financeira.

Martha Nussbaum (The Cosmopolitan tradition - a noble but flawed ideal, Harvard University Press, 2019) lembra-nos que a origem da palavra, Kosmopolitês, significa nada mais nada menos do que cidadão do mundo e que na Grécia antiga Diógenes foi talvez o primeiro a identificar a sua origem como um cidadão do mundo. Ou seja, identificando-se com uma característica que pode ser partilhada com todos os outros seres humanos, homens e mulheres, gregos e não gregos, escravizados ou homens livres. Mas como sabemos essa propensão para nos identificarmos com o que partilhamos com os outros colide com os fatores de identidade que nos dividem, onde nascemos, o estatuto, a classe e o género.

Desde o BREXIT, as tendências pesadas que ele anunciava foram-se reforçando. E pode mesmo dizer-se que as vitórias à tangente que algumas forças políticas sociais-democratas e liberais foram conquistando se deveram mais a princípios de barragem da extrema-direita nacionalista, retrógrada e xenófoba do que propriamente a um convencimento do eleitorado penalizado pela globalização. O geógrafo e pensador social Ash Amin refere no Social Europe com oportunidade que foi essa barragem de última instância e não a afirmação de que uma sociedade pluralista, aberta e democrática pode representar uma fonte de prosperidade e de bem-estar. E Amin interroga-se com perspicácia porque razão a emergência de uma cultura social progressista particularmente entre os mais jovens e as populações urbanas, materializada na afirmação de uma cultura de liberdade no plano do consumo e dos comportamentos sexuais não se traduziu no apoio e reforço da democracia liberal.

Há quem pense que esta revolução cultural progressista entre os mais jovens, mais propriamente entre os mais qualificados e abastados, não se tem traduzido no reforço das democracias liberais sobretudo porque essa camada jovem tende a afastar-se da política e dos seus representantes. Por conseguinte, nessa perspetiva teríamos por um lado uma base social jovem e qualificada potencialmente defensora da democracia a afastar-se da política e da sua representação e, por outro lado, a aliança liberal, cosmopolita e tecnicamente qualificada terá afastado também largas franjas da população, retirando-lhe bem-estar material, sentido de pertença a uma identidade nacional ou territorial e intensidade de VOZ na representação e defesa dos seus interesses.

Por exemplo, tenho para mim que a maioria absoluta do PS nas últimas eleições, largamente desperdiçada por diferentes razões já analisadas neste blogue, teve na medida do apoio ao transporte público, com preços excecionalmente atrativos de passes intermodais uma das grandes fontes do apoio popular que essa maioria absoluta representou.

Imaginem agora que essa medida revolucionária, socialmente, mas também do ponto de vista da sustentabilidade ambiental e da promoção do transporte público de larga capacidade, teria sido completada com um programa público de habitação de grandes dimensões para resolver a insolvência de procura de classes médias e desfavorecidas e também por um conjunto de medidas impactantes na destreza de resposta do Serviço Nacional de Saúde.

Alguém tem dúvidas que essa simples estratégia retiraria uma larga margem de população eleitora suscetível de ser atraída pela lengalenga da extrema-direita?

Pela minha parte não as tenho e tudo farei para que o PS possa apresentar-se a 10 de março de 2024 com a força dessa simplicidade de objetivos.

Historicamente, a deriva em que os partidos socialistas europeus caíram foi a de responder a essa tendência do eleitorado afastando-se da defesa e do reforço da esfera pública. O New Public Management foi uma dessas derivas, já que rápida e insidiosamente a defesa da melhoria da eficiência na gestão pública deu lugar a uma perda de relevância da esfera pública. Ao ceder alegremente essa relevância da esfera pública, essa tendência abriu caminho à ideia peregrina defendida pelas forças nacionalistas de que o ódio às elites, ao cosmopolitismo, às burocracias públicas e aos técnica e cientificamente qualificados é a forma mais adequada de restabelecer a comunicação com as populações, substituindo essas intermediações pelo justicialismo das redes sociais empolgadas.

Por isso, em meu entender, não basta sermos céticos quanto à utopia tecnoliberal da digitalização (Juan Arnau) e dos senhores dos algoritmos. Com objetivos simples e medidas concretas dirigidas ao bem-estar dos zangados com a democracia e seguidores temporários das tentações nacionalistas e retrógradas, é absolutamente necessário recuperar a ideia que as democracias liberais e abertas ao mundo estarão sempre em melhores condições de proporcionar prosperidade e qualidade de vida do que as sociedades fechadas e resistentes à mudança. Para que esse convencimento seja possível, é fundamental reforçar a esfera pública e não reduzir a sua expressão.

Nunca o tema central deste blogue foi tão importante.

A sua resistência a mais de 12 anos de escrita empenhada tem muito que ver com este princípio.

Boas entradas a todos e que, na medida dos vossos contributos possíveis, 2024 seja menos incerto e indeterminado do que se anuncia.

 

sábado, 30 de dezembro de 2023

LEITURA OBRIGATÓRIA

Sylvie Kaufmann (SK) é uma jornalista francesa, prestigiada editora e colunista no “Le Monde” mas que também nos aparece frequentemente assinando artigos de opinião no “Financial Times” e no “New York Times”. Publicou neste último Outono um livro que não posso deixar de referenciar pela sua atualidade (no sentido de contribuir para uma melhor compreensão dos oscilantes caminhos tático-estratégicos que conduziram à plena irrupção de comportamentos expansionistas por parte da Rússia) e pela denúncia das persistentes responsabilidades franco-germânicas no branqueamento de um Putin que de há muito vinha dando sinais de manifesta instabilidade e perigosidade (levando a uma interrogação fundamental sobre as razões pelas quais a União e os principais países europeus foram quase alegremente ignorando as sucessivas manifestações do “método Putin” que o ditador russo praticava).

 

A obra é fascinante pelas suas meticulosas incursões factuais, sobretudo ao longo das primeiras décadas do século XXI, e pelos testemunhos recolhidos junto de alguns dos protagonistas dos momentos-chave que a autora tão claramente identifica. Alguns tópicos permitem-nos fazer toda uma nova luz (ou, pelo menos, consolidar toda uma assaz diferenciada perspetiva) em relação aos discursos oficiais que dominaram no que respeita ao Putin de todos aqueles anos. Alguém que se queria forçosamente encarar como colaborante e aberto a integrar a ordem internacional existente e não como alguém que pretendia encontrar as formas e os momentos adequados para “mostrar os dentes”, disso não se abstendo de deixar rastos (às vezes quase impercetíveis mas também frequentemente reveladores em outras ocasiões ― SK recorda, por exemplo, o contraste entre o muito amigável discurso de Putin de 2001 no Bundestag, falando em língua alemã, e o seu agressivo e já chocante discurso de 2007 no quadro de uma conferência sobre segurança realizada em Munique e perante a maioria dos líderes europeus, Angela Merkel à cabeça); revelações que foram sempre recuperadas pelos ditos líderes, imbuídos de uma lógica crente e tolerante (com um toque axiomático vindo dos tempos ainda próximos da queda do Muro de Berlim e dos anos de concórdia por ela inaugurados, isto para além das especificidades históricas das relações germano-russas que SK tão bem elucida nas páginas do livro) quanto ao que lhes era dado ouvir.

 

Mas aquele não terá sido o período de maior cegueira, i.e., das opções estratégicas mais inadequadas por parte de alemães e franceses perante o Putin ameaçador que ia emergindo, primeiro em face da “Revolução Laranja” na Ucrânia (2004) e depois perante os alastramentos democráticos que se iam afirmando e os possíveis alargamentos da NATO que se iam equacionando. O pior aconteceria a partir da Cimeira da NATO em Bucareste (2008), na qual Merkel e Sarkozy bloquearam a proposta de Bush de abrir negociações de entrada na Aliança Atlântica da Geórgia e da Ucrânia; deixando os europeus, doravante entregues a si próprios (posicionamento que seria reforçado com a chegada de Obama) e tendo que presenciar logo de seguida a invasão da Geórgia (2008) ― as páginas sobre a atuação de Sarkozy na negociação do cessar-fogo seriam hilariantes se não começassem por ser trágicas ― e depois, impavidamente, a invasão da Crimeia (2014). Merecendo ainda uma atenção especial o relacionamento entre Putin e o chanceler alemão Gerhard Schröder (“une si belle amitié”), um figurão que entretanto se iria tornar um lobista militante em nome de interesses russos em geral e da Gazprom em particular (fantástica a descrição do modo como Putin estudou a sua personalidade e se preparou para o seduzir); um relacionamento que teve nos acordos russo-alemães do gás um dos seus expoentes maiores (“Nord Stream 2, l’erreur fatale”), conduzindo a uma dependência energética alemã tão gigantesca quanto cumplicemente alimentada por parte dos governos da CDU de Angela Merkel (um “enigma” e um “mistério” segundo a autora, que também se refere a um “tandem paradoxal” entre a chanceler e Putin).

 

E por aí fora. O livro tem 450 páginas mas lê-se de um fôlego, sobretudo para quem o aborde depois de ter acompanhado o essencial da política europeia do pós-Guerra Fria mas já não tenha memória de alguns episódios ou não tenha podido reter na ocasião o alcance de certas decisões e de certos compromissos. Aqui deixo, pois, esta sugestão de leitura, com a garantia de que não tratei neste post de muito do melhor que encontrarão ao percorrerem as páginas de um livro que, não sendo analiticamente ou concetualmente vincado, esclarece e elucida, ajudando a recuperar elementos perdidos e a reinterpretar avaliações e tendo ademais constituído para mim uma enorme fonte de prazer.

O REGA-BOFE SUICIDA DA ESQUERDA GALEGA

 

(https://www.galizalivre.com/2020/01/03/que-fazia-a-esquerda-independentista-galega-dos-anos-30-realmente-ii/)

(Por razões profissionais, que devo confessar já foram mais intensas do que as hoje observadas, mas essencialmente por razões de amizade com Amigos galegos universitários e do universo do planeamento, sigo com atenção a política galega. A Galiza é uma autonomia que mantém há longo tempo uma relação de fidelidade controlada ao PP, foi aí que Nuñez Feijoo realizou a sua aprendizagem política até assumir a liderança nacional do PP e por isso a evolução política galega deve ser interpretada como uma espécie de contraponto às autonomias mais belicosas que apoiam hoje o PSOE de Sánchez no Congresso de Deputados, com destaque para o País Basco, a Catalunha e, em menor medida, Navarra. Claro que a recente e retumbante vitória do PP na Andaluzia, conquistando um bastião socialista de longa data e tradição, suscita equivalente atenção, mas é óbvio que pelo seu caráter mais recente não nos proporciona o mesmo capital de reflexão que a estável presença do PP na Galiza. A matéria mais sugestiva para seguir com atenção crítica na Galiza é a que está relacionada com a difícil sustentação da esquerda galega, desde o PSOE galego até às suas formas mais extremas, em que se contam o Bloco Nacionalista Galego de Ana Pontón, neste momento a força política mais organizada, as múltiplas ramificações de um PODEMOS agonizante, a presença do SUMAR de Yolanda Diáz ela também galega e os também múltiplos grupos que se acolhiam no movimento ANOVA, sob a figura tutelar de Xosé Manuel Beiras. Entretanto, a efémera pujança local do movimento MAREAS, impulsionado pelo período áureo do PODEMOS praticamente que se desvaneceu.)

 

Numa decisão política hábil e oportuna, Alfonso Rueda líder atual do PP galego e da Xunta de Galicia antecipou as eleições regionais e é nessa azáfama que vale a pena seguir e analisar o rega-bofe suicida que se vai vivendo na esquerda galega. A antecipação das eleições regionais é hábil, porque Rueda, certamente que depois de conversar com Feijoo, entendeu que seria fundamental capitalizar o descontentamento popular de direita que a atribulada manutenção do poder por parte de Pedro Sánchez está a provocar. As eleições regionais serão assim uma espécie de plebiscito desse descontentamento popular de direita e na medida em que os galegos têm-se mantido relativamente indiferentes ao radicalismo do VOX de Abascal uma vitória de Rueda com maioria absoluta representará um forte apoio às pretensões de oposição de Feijoo.

Embora com alguma presença a nível municipal, sobretudo em cidades com alguma expressão populacional, como Vigo e Corunha, por acaso lideradas por diferentes tendências do PSOE, o PSOE galego tem-se debatido com um risco sério de irrelevância política, com uma sucessão infernal de lideranças que não aquecem nem arrefecem. A relação de forças tem pendido para o Bloco Nacionalista Galego de Ana Pontón, que se tem mantido mais estável e que tem seriamente capitalizado a popularidade genuína de Pontón, galega de quatro costados. Em matéria de pensamento político, não se conhece qualquer ideia inovadora de alcance político futuro ao PSOE galego atual. A jovem Inés Rey que lidera o município da Corunha é talvez a que está mais próxima de acrescentar algo de válido à política galega, já que em Vigo o Professor Abel Caballero é mais conhecido pelas feéricas iluminações natalícias do que por alguma ideia política relevante para suscitar uma alternativa de esquerda na Galiza.

Mas onde o festim da irrelevância política, com toques suicidas, é mais saliente observa-se à esquerda do PSOE e do BNG. O SUMAR de Yolanda Diáz ensaiou uma proposta de candidatura política conjunta com as reminiscências do PODEMOS na Galiza, sugerindo que o anterior líder da ANOVA Martino Noriega, próximo da influência tutelar de Beiras, pudesse encabeçar essa aliança nas eleições regionais. As fricções entre o SUMAR e o PODEMOS agonizante estão ao rubro e os militantes galegos do PODEMOS rejeitaram por 60% de votos essa aliança, apoiando provavelmente o BNG de Ana Pontón.

O fracionamento da esquerda mais radical e alternativa na Galiza tende para um universo de grupúsculos, cuja representatividade eleitoral excede pouco a massa de inscritos nessas organizações. A consequência mais natural será o reforço do BNG, abrindo-se uma enorme interrogação quanto à capacidade do PSOE galego se reinventar.

A história da pluralidade das ideias à esquerda parece repetir-se na Galiza, com o agravante dela agora acontecer sem figuras de peso e com espessura política a animar o processo. Certamente um passo de gigante para a irrelevância política. Mas esta gente não se enxerga por uma vez?