terça-feira, 5 de dezembro de 2023

O ARNAUT ESTÁ NERVOSO

 


(Não tive ainda tempo de ler com atenção o vasto material disponibilizado pela Comissão Técnica Independente no âmbito da avaliação estratégica para o aumento da capacidade aeroportuária da região de Lisboa. Mas segui com atenção praticamente toda a sessão no LNEC de apresentação dos resultados que irão a discussão pública. E devo confessar que não fiquei desiludido antes pelo contrário. O trabalho parece-me bastante valioso, sobretudo porque se adaptou ao contexto de forte incerteza que paira sobre o transporte aéreo, embora os fundamentos e pressupostos utilizados são bastante sensatos e a metodologia apresenta-se bastante coerente e consistente. Mas dá para perceber que já há por aí muita gente nervosa com os resultados e hierarquização das opções estabelecidas pela CTI coordenada pela Professora Rosário Partidário. Não vou falar da indigência intelectual e jornalística do José Gomes Ferreira na SIC com a sua reação a quente sobre o que foi apresentado no LNEC. Já estou habituado à mesma e seria uma incomensurável perda de tempo dedicar minutos que fossem a escalpelizar o seu estilo de jornalismo interesseiro. Por agora, interessa-me sobretudo ir acompanhando o presente envenenado que este relatório de uma CTI, e da sua independência ficaram ecos bastante claros na sessão, representa para o PSD de Montenegro e para interesses que dele em torno giram. Isso sim é matéria da grossa e importante ao pé da qual a indigência do jornalista da SIC são meros amendoins de aperitivo.)

Entre esses interesses, o nervosismo imediato e reflexivo de José Luís Arnaut (pau mandado da VINCI como concessionária da ANA) vale a pena seguir com atenção, já que à luz dos trabalhos da CTI a solução Montijo articulada com a Portela surge claramente desvalorizada em relação às hipóteses de outras soluções duais, mas que podem evoluir para uma solução única, com encerramento a prazo longo do Humberto Delgado. Aliás, como a CTI o reconhece, a concessão representa um condicionante enorme para todo o processo de escolha de uma opção decente para o interesse nacional de longo prazo.

Por isso, o desconchavado PSD pode criar os grupos de trabalho que entender, mas terá neste trabalho da CTI um osso duro de roer e um teste de respeito à demonstração de que tem capacidade para governar, consultando ou não o oráculo e cavernáculo Cavaco.

O interesse segue dentro de momentos.

Haverá entretanto aspetos a limar, por exemplo a formação produzida a propósito da não necessidade de financiamento público adicional de quaisquer das opções estratégicas consideradas. São afirmações desse teor que podem comprometer a comunicação da qualidade e valia de todo um trabalho, pelo exigiria uma explicação mais detalhada.

 

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