(Era uma crónica de renovação anunciada. Mais tarde ou mais cedo, o PS teria de fazer a sua renovação. A incompetência do Ministério Público, a sobranceria de António Costa em compor as suas equipas, e como a fama de Escária era conhecida e a perda de fulgor de um governo de maioria absoluta aceleraram o processo e sabe-se lá se algum dia teremos a perceção se essa aceleração foi ou não virtuosa. Pedro Nuno Santos estava lá de plantão aguardando a sua oportunidade, aproveitava entretanto para fazer esquecer a sua saída de sendeiro da governação. Mas o tempo da política raras vezes se deixa preparar com todas as condições favoráveis. A oportunidade estava aí e Pedro Nuno Santos teria obviamente de a aproveitar. José Luís Carneiro fez, entretanto o seu papel, afinal nunca se sabe o que vai dar esta geração dos 40 no poder, se o eleitorado lhe conceder, claro está, essa possibilidade. Rodeado de grandes figuras do Partido, JLC mostrou que tem um capital político a valorizar em circunstâncias que apelem à unidade de tendências na ação, os seus 36% têm significado e o tempo o dirá se será ou não necessário capitalizar essa onda de apoios.)
A geração dos 40 tem agora a sua oportunidade de ouro para mostrar que compreende uma sociedade cada vez mais envelhecida e dependente. Dois meses e picos até ao 10 de março talvez seja pouco tempo para consolidar uma alternativa de governação que faça esquecer a sobranceria da maioria absoluta. Mas talvez o PSD de Montenegro ajude com as suas inconsistências internas e rabos de palha do ir além da Troika, das quais José Luís Arnaut e a inenarrável privatização da ANA irão ser a principal manifestação na difícil negociação do aeroporto de Lisboa.
Veremos agora se o PS vai ter internamente uma recomposição inclusiva ou se de uma vez por todas a geração dos 40 (com PNS, Duarte Cordeiro, Alexandra Leitão e outros) vai chegar-se à frente e correr riscos, tomando decisões e assumindo escolhas, designadamente de nomes e personalidades. Quem por exemplo PNS terá como referente para ministro das Finanças? Será que, por exemplo, nomes como Pedro Siza Vieira poderão regressar com a nova geração e dar continuidade ao que prometera na Economia? E para a política de habitação, terá na manga algum nome mais robusto do que o da frágil atual Ministra?
Já era tempo da geração dos 40 mostrar que sabe assumir riscos e abandonar de vez a pose de “enfants terribles” a que os nossos media costumam prestar tanta atenção.
Pelo que foi sendo conhecido de diferentes sondagens, PNS terá conseguido ultrapassar o ditame em que muitos de nós se fixaram, incluindo este vosso Amigo, de que nunca o eleitorado o aceitaria como possível primeiro-Ministro. Parecendo que esse ponto está ultrapassado, é agora tempo da nova geração ir à luta. E de tal maneira empapado está o PSD e tão vivas as suas contradições, que talvez possamos dizer que esta aceleração do tempo político foi o melhor que a geração mais jovem do PS poderia ter antecipado.
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