Recupero a palavra principal em título no último post do meu colega de blogue e dela me sirvo para apontar um dedo acusador a dois acontecimentos internacionais bem ilustrativos da mesma em todo o seu irresponsável esplendor.
Refiro-me, por um lado, ao registo de que está a terminar, com saldo altamente dececionante, a Cimeira Global do Clima, que decorre espantosamente no Dubai (capital de um dos grandes produtores mundiais de petróleo, os Emiratos Árabes Unidos), onde os dois maiores poluidores mundiais (China e EUA, representando, respetivamente, 26% e 11% das emissões totais) se mostraram cinicamente alheados da necessária dimensão dos compromissos esperados de redução de emissões (com a enorme agravante, no caso chinês, de uma recusa de envolvimento na eliminação de combustíveis fósseis).
Refiro-me, por outro lado, ao registo das recentes evoluções relacionadas com a guerra na Ucrânia, designadamente no tocante à séria ameaça de uma queda determinante nos apoios ocidentais (leia-se americanos, no essencial) àquele país invadido. Com o terreno de guerra em crescentes dificuldades para o lado ucraniano, o ditador russo sorri confiante com o aparente sucesso da sua estratégia de aposta na paciência (a tal fadiga, em geral, mas também e principalmente a aproximação das eleições americanas e as correspondentes manobras no seio do Senado por parte de uma franja importante do radicalizado Partido Republicano). E aproveita até para de passagem marcar eleições presidenciais para março, assim se preparando para garantir uma permanência no poder por mais uma dúzia de anos.
Triste estado de desordem a que chegou a ordem internacional que os EUA continuam a patrocinar, tendo ontem dado mais um passo disso clarificador ao suportarem objetivamente o genocídio israelita em Gaza com o seu veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas de uma resolução no sentido de um cessar-fogo imediato.
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