sábado, 9 de dezembro de 2023

DESFAÇATEZ QUE BASTE!

 


(Já aqui enunciei a opinião de que o trabalho técnico apresentado pela equipa coordenada pela Professora Maria Rosário Partidário honra nos seus termos gerais o planeamento português. Caberia, por isso, depois de tantas tentativas goradas de preparar com pés e cabeça a decisão política, uma palavra de regozijo pelo trabalho concluído, sobretudo pelo facto de ter recuperado um atraso de quase seis meses, o que poderia ter protelado a apresentação de resultados para depois das eleições de março. A figura calma e sensata da coordenadora afirmou-se neste contexto de grandes expectativas e de interesses latentes: Mas, apesar disso, a coordenadora do trabalho não se inibiu, para que não restassem dúvidas, de denunciar pressões para a não publicação dos resultados antes das eleições de março de 2024 e, imagina-se, também dos interesses associados a algumas das opções estratégicas. Paradoxo dos paradoxos, um governo de maioria absoluta, demissionário, poderia ter capitalizado este momento importante da CTI acaso não se tivesse perdido nas suas próprias contradições e sobrancerias. Assim, resta-o apresentar como legado importante e estar atento à guerra surda que nos próximos tempos iremos assistir em torno do nó górdio dos interesses privados da ANA em claro conflito com o interesse público da nova localização.)

Igual a si próprio em termos de desconcerto de posições, o PSD surge mais uma vez entalado neste processo, tendo agora recorrido à figura de um grupo de trabalho interno para se pronunciar sobre o trabalho da CTI. Trata-se de uma simples manobra de diversão, pois a questão da ANA (Vinci) e da sua posição sobre o chumbo da solução Montijo, é algo que eclodirá em pleno coração do PSD. A decisão de privatização da ANA vem de um governo de Passos Coelho (a sombra da Troika que Montenegro compreensivelmente quer apagar) e, por outro lado, a figura de José Luís Arnaut, um verdadeiro hub de influências atravessa o universo dos interesses acolitados pelo PSD como um elefante em loja de porcelanas.

Tal como a Professora Maria do Rosário Partidário o tem perfeitamente claro, a elevada qualidade do trabalho realizado não é, por si só, uma condição suficiente para que desta vez seja de vez e a decisão do aeroporto seja finalmente tomada.

Mais do que qualquer outra condicionante, de financiamento ou de infraestruturas públicas complementares, a posição da ANA é crucial para o desenvolvimento do processo. Por outro lado, Pedro Nuno Santos parece ter nascido de rabinho virado para a lua, todas as sequências destes acontecimentos são-lhe favoráveis. Embora continue a achar incompreensível que o PS não seja lesado pelo processo que levou à interrupção da maioria absoluta, um cenário possível emerge como sendo um PS de Pedro Nuno Santos que negociará com a ANA o nó górdio do seu apoio à opção Alcochete. Ou seja, uma espécie de grande teste à sua maturidade negocial.

Novos episódios seguem dentro de momentos.

 

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