terça-feira, 12 de dezembro de 2023

DA FLEXIBILIDADE RUSSA

Enquanto a situação na Ucrânia parece dar sinais de preocupante fragilização no tocante aos níveis de envolvimento ocidental, assim permitindo à Rússia ostentar novos motivos de otimismo e arrogância, vamos também percebendo como a economia e a sociedade russas foram sendo capazes de responder adaptativamente às sanções e outras discriminações de que têm vindo a ser alvo desde há mais de um ano e meio (privilegio aqui a flexibilidade evidenciada pela Federação Russa, sem pretender minimizar as imensas dificuldades internas que igualmente se conhecem). Deixo dois gráficos disso elucidativos neste post, quer no que respeita à orientação geográfica das exportações do país (que rapidamente logrou evoluir no sentido de substituir os mercados europeus pelo mercado indiano, fazendo com que quase dois terços das suas vendas externas tenham passado a estar concentrados na Índia e na China) quer no tocante à origem nacional dos fornecedores de serviços associados às suas decisivas exportações de petróleo (que passaram de um valor em torno dos 70% garantidos pela área do G7/UE para um valor mais ou menos equivalente sem qualquer envolvimento desta área). Estes elementos comprovam também quanto o mundo não ocidental (há quem prefira focar-se num Global South em afirmação) se mantém acrítico em relação às diatribes de Putin ou, se preferirem, empenhado em promover todas as possíveis formas de facilitação de um enfraquecimento da ordem internacional centrada nos EUA em proveito do favorecimento de uma alternativa tida por mais balanceada e melhor afirmadora da manifestação de outros valores a considerar (que não os da democracia e do mercado, tal como são habitualmente valorizados pelo Ocidente). O mundo não está fácil! 

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