segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

FRACOS SINTOMAS

 

O “Expresso” sai agora à Sexta-Feira mas eu, como seu assinante, acedo normalmente ao seu conteúdo à Quinta, antes de me deitar. E há algumas leituras quase obrigatórias que tendem a não escapar logo nessa noite, como sejam as das colunas do Diretor (João Vieira Pereira) e de Miguel Sousa Tavares. Nem sempre concordo com os escritos de qualquer dos dois mas neles reconheço qualidades que aprecio, como as da frontalidade e da independência. Esta última edição do jornal foi uma de alinhamento, designadamente nos respetivos parágrafos finais, ambos algo desligados do tema que é tratado centralmente para largarem um breve recado que aqui não quero deixar de registar, um em relação à posição adotada pelos dois improváveis apoiantes moderados de Pedro Nuno Santos (Francisco Assis e Álvaro Beleza) ― “cambalhotas políticas” que “às vezes quase que doem”, “cada uma [das explicações] é mais incompreensível e contraditória do que a outra” e “a vida partidária está cheia de intimidades não frequentáveis” ― e o outro em relação às promessas de Luís Montenegro no congresso do PSD ― “é eficiente [tentar comprar votos com promessas que não sabe se terá condições para cumprir], mas diz muito pouco sobre o que quer de facto para o país”. Dois momentos inspirados que inteiramente assino por baixo e sem necessidade de quaisquer acrescentos, independentemente de poder ser verdade que os primeiros estejam do lado certo (i.e., vencedor, embora interno) e de o segundo estar provavelmente a caminho de vir a ser o próximo primeiro-ministro de Portugal. Porque uma coisa é uma coisa (Pedro Nuno derrotar Carneiro) e outra coisa é outra coisa (Montenegro derrotar Pedro Nuno), estando eu convencido (falo menos em termos voluntaristas do que em termos analíticos, tentativamente objetivos à luz de uma interpretação sempre subjetiva da realidade político-social que temos em presença) de que, apenas se a primeira coisa não ocorrer, é que a segunda coisa pode tornar-se mais duvidosa. Voltarei ao assunto.


(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)

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