(O universo dos críticos ou especialistas de vinho é algo de fascinante, por vezes misturado com aspetos mais sórdidos e presença desmesurada do poder. Mas, obviamente, para um país de produção vitícola relativamente pequena, a presença nos escalões mais elevados de notação dos grandes especialistas ou a simples inclusão em propostas de aquisição recomendável emanadas de jornalistas prestigiados constitui um fator extra de competitividade. Imagino o entusiasmo de algum pequeno produtor de vinho de qualidade quando o seu vinho é incluído numa lista prestigiada. Na mesma linha, tendo a percorrer essas listas ou classificações com a intenção de encontrar um vinho português, sabendo embora que essa probabilidade é mínima, mas simplesmente retribuído quando enfim encontro uma ou duas referências, ficando com a ideia de que está salva a honra do convento, embora sabendo que a probabilidade de alguma vez beber uma dessas referências é também muito baixa, não necessariamente devido ao preço, mas simplesmente devido à exiguidade do nosso mercado.)
A jornalista Jancis Robinson, que escreve regularmente para o Financial Times e que já esteve em Portugal repetidas vezes, lembro-me que terá tido uma refeição de eleição no Gaveto em Matosinhos em companhia, se a memória não me atraiçoa, de Dirk Niepoort, é uma dessas personalidades cujo toque de Midas todos os produtores esperam um dia receber.
Foi, por isso, com curiosidade, que li avidamente a lista de propostas de aquisição que a jornalista do FT publicou ontem com o horizonte do Natal como referência.
Não foi fácil encontrar a desejada referência a vinhos portugueses e foi apenas numa segunda leitura que as encontrei.
Os felizardos com a escolha de Jancis Robinson foram os seguintes:
- Um vinho do Douro de 2020, chamado de Invincible nº 2 Tinto (Rita Marques com Marc Kent of Boekenhoutskloof), com preço de 25 libras no Reino Unido, produzido na quinta adquirida pelos dois enólogos, em Casais do Douro.
- Um vinho da Bairrada de Filipa Pato(uma grande enóloga), Nossa Calcário 2021, Tinto, com registo de preço de 30 euros, de uma casta que me tem encantado em compras recentes, a Baga
A probabilidade destes vinhos estarem esgotados é alta. Por vezes, uma distribuidora espanhola com sede em Valência, a Bodeboca, resolve-me os problemas, mas não estou seguro que desta vez possa provar a opinião de Jancis Robinson. De qualquer modo, está salva a honra do convento.
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