Encerrado ontem à noite o primeiro momento do novo ciclo político em Portugal, com uma vitória relativamente concludente (62% contra 36% e à frente em 18 de 21 Federações Distritais ― ver quadro abaixo) de Pedro Nuno Santos (PNS) sobre José Luís Carneiro (JLC). Aqui chegados, resta-nos a expectativa de que o secretário-geral eleito possa revelar-se, algo inesperadamente, como um líder capaz de se propor fazer diferente da herança que recebeu (sem prejuízo de ser taticamente obrigado a repetir o seu orgulho na obra de Costa e a importância deste para o futuro do PS, até porque palavras leva-as o vento), indo necessariamente muito para além do discurso das convicções versus radicalismo, da energia do fazedor versus a inércia do estratega. O período que agora se abre tem mesmo caráter decisivo para Portugal e só um PNS que surpreenda pela consequência pode surgir como uma alternativa capaz a um bloco de direita enfraquecido (falta qualquer coisa a Montenegro e não junta uma Iniciativa Liberal que, com Rui Rocha ao comando, se apresenta bastante mais papista do que o somatório de todos os seus Papas) e que sempre terá de acabar por contar com uma incontornável presença forte e influente do Chega (Ventura até já ameaça ter mais votos do que o PSD!). O trabalho de casa que se exige a PNS ― um jovem sanjoanense de 46 anos ― pressupõe uma dose enorme de abertura, seriedade e rigor, diria até de radicalismo do bom, i.e., em termos de uma conceção de políticas que contribuam para mudar de facto o estado de coisas que Costa não quis enfrentar, sem o que a tragédia anunciada se consumará inapelavelmente; deixando, aliás, Marcelo com as calças na mão (o que será o menor dos males!). Termino com um aceno de simpatia para com JLC, ele que se dispôs ao desempenho de uma tarefa quase impossível e que, à sua maneira e dentro das suas caraterísticas, o fez com grande dignidade pessoal e política.
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