sexta-feira, 22 de setembro de 2023

INFLAÇÃO: O FAROL DA ECONOMIA AMERICANA

 


(Em matéria de inflação, ficou claro para todos que a economia europeia andou a reboque da americana e que o grande debate em torno da sua interpretação e das medidas para a controlar começou do lado de lá do Atlântico. Não é coisa que espante, pois tem sido assim praticamente com todos os disfuncionamentos da economia que vale a pena discutir. Isso deve-se ao caráter mais avançado, não no sentido de desenvolvido mas no sentido de que a inovação tende aí a acontecer primeiro, e também ao facto da tribo dos macroeconomistas ser nos EUA mais aberta ao debate, o que a blogosfera bem evidencia. Penso que por arrastamento isso se estendeu à própria ação da Reserva Federal e do BCE, tendo este último reagido com maior lentidão e estar, por isso, em meu entender, mais inseguro, o que o leva a uma perspetiva mais conservadora. E há obviamente as profundas diferenças entre os modelos económicos das economias, incluindo aí as diferentes condições de internacionalização e de financiamento externo. No tempo presente, quando se começam a perceber sinais de que finalmente a inflação poderá estabilizar, adensando a pressão para que os governos centrais revejam as suas políticas e clarifiquem a “forward guidance” que irão seguir no futuro próximo, sucedem-se as análises para tentar explicar as razões do abrandamento da inflação em contexto de política monetária restritiva ter sido alcançado, sobretudo nos EUA, sem danos relevantes no emprego. Ou seja, salvo incómodas alterações imprevistas, há muita gente a interrogar-se sobre o ter prevalecido a ideia de uma aterragem suave (soft landing) ao contrário do esperado.)

 

De facto, o abrandamento da inflação americana tem sido evidente. Várias medidas o evidenciam, sobretudo na primeira metade deste ano, após dois anos de inflação persistente. A simples comparação entre os 6,4% de julho de 2022 com os 3% em julho de 2023 no índice de preços ao consumo e, como Mike Koncsal o sublinha com perspicácia, os 3,6% de taxa de desemprego em 2023, o rácio emprego-população com 25 a 54 anos e o crescimento económico na primeira metade de 2023 de 2,2% indiciam estarmos perante o que muitos desejavam ser uma aterragem suave.

Estes valores têm despertado como é óbvio um enorme interesse explicativo. O que explicou então a aterragem suave no contexto de uma política monetária que decididamente foi restritiva?

É neste contexto que tem enorme interesse o artigo de Mike Koncsal publicado pelo Rossevelt Institute.

O economista americano demonstra, com pormenores empíricos e analíticos que transcendem o alcance deste blogue, que a desinflação registada na economia americana foi essencialmente determinada pela expansão da oferta e não pela diminuição da procura. Ele decompõe o índice de preços da despesa de consumo pessoal em 123 itens centrais e chega à conclusão que 73% dos bens e 66% dos serviços desse cabaz viram os seus preços descer concominantemente com aumento de quantidades, evidência que ele interpreta como um indicador de expansão da oferta.

Este resultado não deixa de ser surpreendente pois a política monetária restritiva visava a redução da procura e o que é ainda mais surpreendente é que isso ainda é mais evidente em categorias de bens e serviços que apresentam uma correlação muito forte com a procura.

O que é particularmente novo na análise de Koncsal é o facto dele demonstrar que a relevância da expansão da oferta como fator de desinflação não é apenas registado em categorias de bens e serviços praticamente indiferentes às condições de procura, mas mais sensíveis a desenvolvimentos globais. Koncsal que a desinflação via expansão da oferta acontece e também em grande medida em categorias que são historicamente muito sensíveis a condições de procura. Tudo isto significa que a “aterragem suave” assentou na combinação entre importantes aumentos de oferta e uma ligeira redução de procura que fez descer a inflação de forma significativa sem qualquer custo visível no nível de emprego.

Atrevo-me provocatoriamente a perguntar: foi esta “aterragem suave” produto da competência do regulador e da política monetária?

O conselho com que Koncsal termina o artigo é enigmático e não antecipa uma resposta necessariamente positiva a esta interrogação: “Paciência e deixar que os dados falem por si é por agora o objetivo mais importante para os fazedores de política”.

AS EXPORTAÇÔES EM TEMPO LONGO

(Elaboração própria a partir de https://unctadstat.unctad.org

A base de dados da UNCTAD sobre o comércio internacional é especialmente robusta, longa no tempo e muito original ao incluir também o cálculo de alguns indicadores relevantes (a eles voltarei em próxima oportunidade). Mas quase nunca é a ela que recorremos já que temos, aparentemente mais à mão, a informação do Eurostat ou da OCDE, entre outras. Contrariando este facto, fui à procura de aqui trazer a ilustração de uma primeira utilização demonstrativa da utilidade da dita base, o que traduzo nos dois gráficos que constam deste post.

 

O de cima põe a claro a pequena história do comércio mundial de mercadorias desde o final da 2ª Guerra Mundial. Ali está a hegemonia americana (21,6% das exportações mundiais totais em 1948) e o seu declínio (a ritmos por vezes paulatinos, outras vezes fortes) até à quota de 8,3% em 2022. Ali está também a progressão chinesa (apenas 0,9% do total em 1048), largamente expressa a partir da segunda metade da década de 90 do século XX e culminando nos 14,4% que tornam a China, já distanciadamente, no primeiro país exportador do planeta. Ali se observa ainda a reconstrução alemã (de 1,9% do total das exportações mundiais de 1948 para 12,9% em 1973 e com uma relativa constância em torno dos 12% até ao início do século XXI, momento a partir do qual a força alemã conhece uma quebra relativamente significativa que leva a Alemanha a atingir os atuais 6,6% de quota). Ali está, por fim, a marcante afirmação japonesa no pós-guerra (dos irrelevantes 0,4% de 1948 para cerca de 10% em 1986) e a sua subsequente perda a partir da segunda metade da década de 90 numa trajetória que conduz a quota atual do Japão a 3%. Claramente, a meu ver, uma boa ilustração de um gráfico excecionalmente falante.

 

O de baixo vai no mesmo sentido (ou seja, recorre ao mesmo indicador) mas fá-lo numa aplicação a um conjunto de economias que já foram designadas por semi-industrializadas ou por novos países industrializados (designações datadas para caraterizar economias industrializadas de rendimento médio no contexto mundial). Estão em causa os depreciativamente denominados PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha) e a Coreia do Sul, todos países com pesos negligenciáveis no comércio mundial à saída da guerra (contrariamente a um outro possível integrante desta amostra, a saber, a Itália que valia 1,8% no imediato pós-guerra). A evolução mais impressionante resulta como sendo a daquele país asiático (que cresce de 0,03% do comércio mundial em 1948 para 2,8% em 2022, já ultrapassando os 2,64% italianos), surgindo a espanhola e a irlandesa como moderadamente positivas (de 0,6% para 1,7% e de 0,34% para 0,86%, respetivamente) e a portuguesa e a grega como reveladoras de uma continuada falta de dinamismo e, assim, de uma aflitiva insignificância comparada (de 0,29% para 0,33% e de 0,16% para 0,23%, respetivamente). Outro gráfico igualmente muito falante, ademais colocando objetivamente o tantas vezes proclamado orgulho pelos resultados alcançados por Portugal en su sitio...

(Elaboração própria a partir de https://unctadstat.unctad.org)

quinta-feira, 21 de setembro de 2023

SOLIDARIEDADE DE PAPEL

 


(Ao contrário da generalidade do comentário político europeu e nacional que tem ficado quase em êxtase com a solidariedade europeia para com a Ucrânia, sobretudo por ser inesperada face ao ponto de partida, sempre achei que a história está mal contada. A principal razão para o meu ceticismo está na presença de perigosos cavalos de Troia no seio da União, protagonizados por países em significativo declive democrático e que têm integrado as hostes do apoio entusiástico ao país invadido com base em acordos em seu favor que têm muito pouco de democrático e solidário.  Por isso, entendo que a decisão de alguns países europeus, com a Polónia e Hungria à frente, se terem oposto à entrada de cereais ucranianos no seu território em manifesta defesa dos interesses agrários poderosos que sustentam sobretudo o governo conservador e reacionário polaco deveria ter sido melhor analisada como algo indiciador de que a solidariedade com a Ucrânia assenta em bases muito frágeis. Está, assim, explicado o bate-boca entre Zelensky e o Governo polaco e sobretudo a decisão deste último em suspender o envio de armas em ajuda do país invadido. À distância, Putin agradece.)

 

Zelensky, do alto da sua coragem e do estatuto de país invadido, e que por isso tem todo o direito de pedir ajuda para se defender, não tem papas na língua e perante a audiência internacional que tem torceu o nariz quanto à posição equívoca da Polónia em matéria de cereais. Aliás não é uma posição equívoca. Ela é bem clara. Os interesses agrários que sustentam entre outros fatores o conservadorismo polaco no poder valem mais do que a solidariedade europeia e por isso o Governo polaco não está disposto a abrir as fronteiras aos cereais ucranianos que estes, desesperadamente, desejam escoar antes que se deteriorem e comprometam uma fonte relevante de exportações. Não há mais clareza do que isto, trata-se de proteger um interesse nacional fundador do apoio político ao governo conservador e isso vale mais para os polacos do que a solidariedade.

Tal como o têm feito em situações de outro tipo, o Governo polaco e os seus companheiros de ocasião reservam-se a possibilidade de jogar em contrapartidas para mitigar a situação, mas neste caso os interesses da base de apoio político do conservadorismo soam mais alto.

Zelensky, sem papas na língua, teria obviamente de incomodar o “establishment” polaco de não ferir interesses internos fundamentais e, invocando a necessidade de se concentrar na sua própria estratégia de defesa, o Governo polaco anunciou o seu propósito de suspender o envio de armas para o seu vizinho invadido. Claro que pode perguntar-se se estamos apenas perante uma espécie de jogos florais e flores de estilo diplomático para consumo político interno, uma espécie de retaliação dos tempos modernos. Uma correção do tom por parte de Zelensky poderia eventualmente abrir caminho a uma não irreversibilidade da decisão tomada, mas sinceramente acho que há aqui questões bem mais profundas do que uma questão de estilo diplomático. Penso que a União está no limiar da resistência em matéria de exequibilidade da solidariedade interna e, decididamente, os cavalos de Troia não ajudam, antes suscitam nuvens negras.

Por estas razões sou cético em relação a um alargamento da União de grandes proporções, não no sentido de que será possível e até desejável sob certos pontos de vista, sobretudo o da segurança. Mas, em meu entender, as transformações internas que tal resultado poderá exigir em termos internos poderão ser de tal ordem que, ao falarmos de alargamento da União, estaremos a falar de algo que não imaginamos sequer o que será e não necessariamente o mais positivo para os mais excêntricos territorialmente.

 

REGRESSO A LAMPEDUSA

(Simon Regis e Hassan Bleibel, https://cartoonmovement.com) 

Já não há palavras que cheguem para denunciar o que se passa na Europa em relação à questão dos refugiados/migrantes que a buscam desesperadamente sob as mais variadas rotas com principal proveniência de África e do Médio Oriente. Porque tudo é demasiado mau, da luta sem limites pela sobrevivência dos protagonistas e vítimas à essencial impotência dos países-alvo por fronteiriços, da postura aflitivamente cínica e enganosa dos responsáveis destes (Meloni foi uma ilustração risível de inconsequência) ao manifesto desinteresse (quando não à ativa confrontação) dos restantes países comunitários, do recurso ao marketing político de Ursula e dos grandes decisores bruxelenses ao chocante aproveitamento da oportunidade por parte das autoridades dos países de origem (foi a Turquia, esperava-se que tivesse sido agora a Tunísia).

 

Desta vez, a crise (alguém batizou os seus resultantes contornos de afritaly) eclodiu em Lampedusa, a ilha imortalizada em romance por Giuseppe Tomasi di Lampedusa e no cinema por Luchino Visconti (com Burt Lancaster, Claudia Cardinale e Alain Delon). Com Meloni a socorrer-se de Ursula para enfrentar uma situação em que só soube falar demais, a presidente alemã da Comissão a fazer o seu número pessoal e, pior de tudo, vários (ir)responsáveis europeus a logo se virem declarar contrários a uma solução comum (o que constitui, aliás, a única via para que algum caminho possa ser feito). Sejam eles os polacos, já conhecidos pela sua lógica antieuropeia (ademais em pleno período eleitoral ― Europe will become Lampedusa, diz-se por lá), ou os alemães, com os Liberais (no governo) a declararem-se opositores a uma ajuda à Itália. Por este andar, o corrupio de viagens, negociações, discursos e promessas vai desembocar numa reedição trágica do sentido da frase mais famosa do filme acima citado, aquela em que o Príncipe de Salinas refere que “é preciso que alguma coisa mude, para que tudo fique na mesma”.

(Marinela Nardi, https://cartoonmovement.com)

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

LÍDERES E ELITES NO PORTUGAL DE HOJE

 
(cartoons de Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt Luís Afonso, “Bartoon”, https://www.publico.pt

Vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar, assim cantava Francisco Fanhais, há já mais de cinquenta anos, as belíssimas palavras escritas por Sophia para uma vigília na Capela do Rato contra a guerra colonial e a favor da liberdade (“Cantata da Paz”). Hoje, a meses do meio século do 25 de abril, temos um País formalmente livre mas incapaz de se libertar das amarras que o tolhem nos planos que mais podem fazer a diferença, da política nacional à local, da sociedade civil em geral às “elites”, dos chefes de empresa aos responsáveis académicos. Tivemos por estes dias bastos exemplos de como a saloiice impera e consequentemente arrasta uma paralisia tão nefasta quanto inconscientemente desastrosa para o coletivo nacional e o seu devir. Este é um apelo urgente a que alguma ideia nos belisque e contrarie o estertor...


(Andrés Rábago García, “El Roto”, http://elpais.com)

HABITAÇÃO

 


(Na leitura do Libération digital de hoje chamou-me à atenção um texto assinado por um coletivo de presidentes e de representantes de Câmaras Municipais europeias, em que infelizmente não reconheci a assinatura de nenhum autarca português, cujo tema é a absoluta necessidade de habitação para todos. Ou seja, ao contrário do que muita gente distinta criticou em Portugal ser uma fantasia do Primeiro-Ministro dirigir-se às autoridades europeias sobre essa matéria, esta tomada de posição coletiva de alguns dos municípios europeus vem mostrar que estamos a falar de uma questão bastante transversal na União, na sequência de particularidades do tempo de hoje. Esta matéria interessa-me de sobremaneira pois a gravidade do problema tanto pode ser vista como indicador da inépcia dos poderes públicos para lhe fazer face, como constituir um belo exemplo da hipocrisia generalizada que reina em muitos círculos políticos e de opinião cá do burgo sobre o pretenso poder do mercado. É nesta última direção que oriento o post de hoje.

 

Os signatários do documento atrás referido partem de uma evidência que convém ter sempre presente: o mercado tende a formar preços de habitação, exorbitantes ou não, mas que são seguramente desconectados do nível de rendimento que uma parte crescente das famílias, sobretudo das que vivem do seu trabalho e que não são rentistas de lugar elevado. Ou seja, antes de se falar da inépcia dos governos nacionais, regionais e locais, é de uma falha de mercado que se trata. Quando um determinado mercado não consegue assegurar o matching entre a oferta e uma procura solvente, isto é, uma procura capaz de se relacionar com essa oferta, esse mercado não está a funcionar.

Os signatários alertam para os riscos dessa falha e inépcia pública associada para a colmatar que são de três tipos – penalizam o emprego e a prossecução de níveis de emprego máximo, a inclusão social e a democracia, este último caso essencialmente determinado pela radicalização dos que não conseguem solver as suas necessidades de alojamento. O documento insiste muito e bem na relevância da falta de habitação nas proximidades e área de influência das bacias de emprego, afastando das cidades os trabalhadores da primeira linha identificada com a oferta de serviços essenciais para o pleno funcionamento das sociedades.

Como é óbvio, a dinâmica de exclusão associada a esta falha de mercado vem associada nas suas formas extremas a fenómenos como o dos sem-abrigo, colocando a política de habitação como uma das mais representativas entre as que exigem uma maior complementaridade com as políticas sociais, afastando decisivamente a ideia de que a política de habitação é exclusivamente uma política setorial.

Um aspeto interessante colocado pelos signatários é a enorme influência exercida pela financeirização da atividade, a partir do momento em que a política de habitação surgiu nos radares do investimento financeiro e dos fundos de investimento imobiliário. A lucratividade do investimento acaba por viciar todo o processo e orientar o investimento para as zonas de procura mais solvente, as quais, no contexto de incremento da desigualdade que se vive na generalidade das economias avançadas de mercado, tende a concentrar-se na oferta para os escalões de rendimento mais elevados.

O documento explicita algumas medidas necessárias como o controlo de rendas, a aplicação de taxas dissuasoras sobre alojamentos sem ocupação, a limitação do alojamento turístico de curta duração e até a expropriação de propriedades ditas institucionais. Face a estes exemplos interroguei-me se andava por aí na União algum movimento de coletivistas exacerbados, comparando com a reatividade nacional no debate sobre o pacote de habitação do Governo.

Por cá, Luísa Salgueiro, na qualidade de Presidente da Associação Nacional de Municípios, veio reconhecer atrasos na intervenção pública municipal na correção deste problema, sublinhando que não existe um problema de financiamento para a resposta necessária. É um facto que o PRR, com taxas de cofinanciamento de 100%, veio acelerar a capacidade dos municípios responderem às necessidades identificadas nas sujas Estratégias Locais de Habitação. Pergunta-se então porquê os atrasos?

Em meu entender, duas razões principais explicam a situação, uma de contexto atual e uma outra de acumulação de inépcias no passado.

No contexto atual, a construção civil atravessa uma fase de grande pressão, designadamente em termos de força de trabalho indiferenciada e especializada, que reduz a capacidade de oferta em tempo oportuno. É uma questão particularmente relevante para o financiamento PRR, muito exigente em matéria de calendarização.

No contexto do passado, a situação atual é muito condicionada pela escassez de intervenção pública desde o período do programa de erradicação das barracas. Essa escassez (ou inépcia se quisermos ser mais contundentes) traduz-se obviamente em necessidades acumuladas para o presente que nunca serão colmatadas em tempo útil, pois não é possível fazer em três ou quatro anos o que deveria ter sido feito em dez ou mais anos. E não é apenas uma questão de ambição, que poderia ser maior, de acordo. É simplesmente um problema de exequibilidade, o tempo em construção civil não pode ser comprimido. Ponto.