Como é sabido, a presidência rotativa do Conselho Europeu cabe este semestre à Hungria. E o presidente do país, o polémico e desestruturado Viktor Orbán (os seus princípios obedecem àquele velho e adaptativo critério de Groucho Marx), não perdeu tempo a assumir-se na sua diferença de contestatário extremista da construção europeia. Vindo do PPE, e antes de posições bastante conciliadoras com o regime instalado em tempos soviéticos, Orbán já se dedicou neste seu primeiro mês presidencial a três missões exemplares: o lançamento de um novo grande partido europeu (“Patriotas pela Europa”), procurando juntar várias forças nacionalistas numa organização que será a terceira em lugares no Parlamento; a apresentação de um programa para estes seis meses com um título deliberadamente provocatório (“Make Europe Great Again”); a tentativa, através de viagens sucessivas a Kiev, Moscovo, Beijing e Mar-a-Lago, de sinalizar uma liderança da gestão europeia do processo de eventual negociação de uma paz na Ucrânia. Ora, e mesmo tendo consciência de que a política internacional é complexa e sinuosa, o que me parece certo é que a União não devia tolerar a Orbán estes abusos – diz o povo que “quem cala, consente” e vem nos livros que “quem amoucha” está a pôr-se a jeito...
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