(A modorra estival começa a apertar e, apesar deste nosso Douro Litoral continuar a ser um monumento de amenidade, tenho ainda duas semanas de trabalho exigente e pressionante e muito sinceramente não há amenidade que me valha neste tempo até às férias. O Estio tal como se tem apresentado significa para mim essencialmente modorra e, em regra, é um tempo que parece uma eternidade para me habituar ao ritmo das férias. A experiência diz-me que não há nada a fazer, trata-se simplesmente de deixar que o biorritmo pessoal encontre o equilíbrio certo. Antecipando esse tempo, chegou-me às mãos o novo disco de Carlos Martins, um dos nossos músicos mais imaginativos e também colaborativos, apoiado no seu sax tenor. O VAGAR é um bom disco de preparação para a modorra estival, com a inspiração alentejana a atravessar praticamente todas as treze canções. E, desta vez, Carlos Martins traz com ele a voz de Manuel Linhares, a bateria de Alexandre Frazão. O contrabaixo de Carlos Barretto, o violoncelo de Joana Guerra, o clarinete de Paulo Bernardino, o grupo PROCANTE e dois convidados, o André Fernandes na guitarra e o João Barradas no acordeão.)
Sim, um disco de inspiração e preparação para a modorra estival que se anuncia, mas essencialmente a manifestação evidente de que a nova música portuguesa está viva e vibrante, agora que a geração que marcou a viragem do 25 de abril começa a fenecer. Aliás, com as dificuldades que são conhecidas às práticas culturais e artísticas em Portugal, o que se vai ouvindo na música, a literatura que vai emergindo, a pujança do novo cinema e o teatro que vai resistindo mostra-nos que a sociedade portuguesa vai mexendo, com gente nova a resistir e a poder expressar a força de uma geração que não renega, mas que vai mais além dos que fizeram a transição do 25 de abril.
Por tudo isso, o VAGAR é um disco que recomendo.
NOTA FINAL e complementar
Quem seguramente não vai ter tempo para doces modorras de imobilidade são os Democratas americanos. Com a desistência esperada de Biden, vejamos como é que os Democratas se saem da difícil escolha de um novo candidato. E esse é o primeiro round. Depois, há que impor no terreno o novo candidato e combater a fera que já se dá ao desplante de afirmar que foi alvejado para defender a democracia. Que os Deuses nos valham.
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