Esta é uma semana de grande animação em Estrasburgo, onde se procede à eleição dos dois top jobs que dependem de aprovação por parte do Parlamento Europeu, a saber, o da Presidência do próprio Parlamento e o da Presidência da Comissão Europeia. A primeira aconteceu ontem sem grandes surpresas, com a renovação do mandato da maltesa Roberta Metsola através da expressiva aprovação de 562 dos 623 deputados presentes (90,2%). A segunda ocorrerá amanhã e a expectativa dominante aponta igualmente no sentido de uma reeleição, no caso da alemã Ursula von der Leyen (UvdL), sendo todavia visível algum nervosismo associado às falhas (ausências ou “ódios” particulares) que podem vir a verificar-se conforme tem sido habitual em situações precedentes e sendo um dado objetivo a existência de uma margem relativamente escassa de aprovações partidariamente garantidas (os europeístas convencionais do PPE, dos S&D e do ALDE possuem um total de 401 deputados e o sim a UvdL obriga ao assentimento de 361, ou seja, estamos dentro de uma margem de conforto de apenas 10%).
É certo que a mobilização parece maior do que a costumeira – os socialistas até têm lá António Costa a servir de “controleiro” para que do seu lado nada saia dos carris! –, pelo que o mais provável é que não surjam contrariedades para o lado europeísta, but we never know what may happen in Europe... E até pode ser que, ao invés, Meloni apareça a dar um ar de sua graça, apoiando UvdL e distanciando-se dos “patriotas” que Orbán reuniu e já são o terceiro grande grupo político no Parlamento (registe-se que o somatório dos três grandes populistas de direita já equivale a uma assustadora representatividade de 26%). Goste-se ou não de UvdL, e eu não aprecio especialmente nem o estilo nem a substância, o seu chumbo nas atuais circunstâncias significaria uma dificuldade adicional para a União e uma razão de contentamento para as forças do mal que crescem no mundo.
(Eulogia Merle, https://elpais.com)
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