Foi já tardiamente que pus o motor a trabalhar neste primeiro mês de 2015, mas a estonteante velocidade dos acontecimentos rapidamente de tal se vingou. Impressionante como um mês sempre impiedoso do ponto de vista climático, gélido mesmo este ano, conseguiu dar lugar a um real feel verdadeiramente escaldante! Ora recordem, do terrorismo à economia sem esquecer a velha Europa...
sábado, 31 de janeiro de 2015
UM NOVO FACTO ESTILIZADO?
A formação de base em economia do crescimento
trabalha tradicionalmente com o pressuposto de que no longo prazo a percentagem
de salários (da remuneração do trabalho) no rendimento é constante. Essa
percentagem é supostamente variável a curto prazo, mas essas variações processar-se-iam
em torno de um valor de referência tendencialmente constante. Tal pressuposto
corresponderia de acordo com alguns modelos de referência na teoria do
crescimento económico a uma evidência empírica dos movimentos a longo prazo das
economias que apontava para o valor tendencialmente constante observado na
relação entre salários e rendimento.
A percentagem de salários no rendimento (W/Y) em
que W representa a massa de remunerações do trabalho e Y o rendimento das
economias pode ser decomposta num quociente: a taxa de salário média dividida
pela produtividade média do trabalho, ou seja: (W/Y) = w * (L/Y) = w / (Y/L).
Ora, nas economias mais avançadas, com foco
especial para a economia americana, a percentagem (W/Y) tem manifestado nos tempos
mais recentes uma tendência marcadamente descendente, como o mostra o gráfico
que abre este post. Regressando à decomposição atrás realizada, se o rácio
(W/Y) é descendente isso acontece porque o salário médio tem descido percentualmente
mais do que tem subido a produtividade do trabalho. Como é conhecido, apesar da
produtividade do trabalho revelar um crescimento anémico, a verdade é que não
tem cessado de aumentar. Assim, temos de estar perante uma desvalorização clara
da remuneração do trabalho para ser possível a descida tendencial da
percentagem de salários no rendimento.
Ou seja, o crescimento económico anémico e
moderado tem sido concretizado com um novo facto estilizado, a descida e não a
constância da percentagem dos salários no rendimento.
Aliás, é com base nos sinais de que o crescimento
mais recente da economia americana não tem sido acompanhado por uma subida do
salário correspondente pelo menos à produtividade que alguns economistas sustentam que a progressão da economia americana para uma taxa de desemprego
mais próxima do desemprego natural e incompressível não está ainda devidamente
consolidada.
YANIS E JEROEN
Estamos decerto, e novamente, a assistir em direto a momentos históricos para a Europa. Terminem eles em cenários de tragédia (sendo uns piores do que outros) ou em menos prováveis saídas felizes (sendo umas de dimensão relativa e outras, hoje impensáveis, de happy ending). As imagens do encontro de Atenas entre Yanis Varoufakis (“com a troika, que pretende implementar um programa cuja lógica consideramos antieuropeia, com esta comissão que, de acordo com o Parlamento Europeu está mal estruturada, nós não pretendemos trabalhar”) e Jeroen Dijsselbloem (“dar passos unilaterais ou ignorar acordos prévios não é a forma de avançar” mais “no que se refere à ideia de uma conferência sobre reestruturação da dívida, devem perceber que essa conferência já existe e chama-se Eurogrupo”) traduzem bem um desses momentos através da indisfarçável tensão que ambos tentavam disfarçar – uma verdadeira delícia!
MENTIRA SEGUNDO ANÍBAL
Cavaco tem uma especial vocação para a asneira, o que somado à sua boçalidade e à dimensão incomparável do seu ego só serve para criar conflitos e para desacreditar os homens públicos de boa fé. Vejamos o caso mais recente: depois de Ricardo Salgado ter informado a comissão parlamentar de inquérito ao BES de que teria tido com o PR uma reunião em maio para o alertar em relação aos riscos sistémicos que podiam estar no horizonte, Cavaco declarou ontem o seguinte, e cito: “Eu já reparei que alguns dos senhores e também alguns políticos disseram e escreveram que o Presidente da República fez alguma declaração sobre o BES – é mentira! É mentira! Alguns invocam uma declaração que eu fiz na Coreia – na Coreia, eu fiz três afirmações sobre o Banco de Portugal e mais nada”.
Ora, recuperando as declarações do PR aquando da sua referida visita à Coreia, temos então, e volto a citar: “O Banco de Portugal tem sido perentório, categórico, a afirmar que os portugueses podem confiar no Banco Espírito Santo, dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo numa situação mais adversa”. Cavaco falou realmente sobre o BP, mas também sobre o que o BP afirmava em relação ao BES e, nessa medida, ao fazê-lo num quadro de grandes elogios a Carlos Costa estava a colocar a sua chancela e a assumir perante os cidadãos a justeza de tais afirmações.
Eis, pois, a verdade da mentira ou a mentira da verdade. Porque o problema não foi o de Cavaco receber Salgado nem o de se informar junto do BP sobre a situação de entidades financeiras nacionais. O problema foi, isso sim, o de ter deixado transparecer das suas declarações asiáticas uma vontade de transmitir uma leitura de confiança no BES aos portugueses, assim induzindo em alguns (incluindo Pinto da Costa) tranquilidade quanto ao seu investimento na compra de ações do aumento de capital. Além de que, se Salgado lhe falou realmente em riscos sistémicos, seria razoável esperar de um chefe de Estado muita contenção e cautela quanto ao que viesse a pronunciar na matéria. Dito isto, qualquer pessoa de boa e católica formação lamentaria o mal entendido, deploraria a situação ocorrida no BES, compadecer-se-ia das perdas dos pequenos acionistas e seguiria adiante de cabeça entre as orelhas – só que Cavaco não é feito dessa massa porque Cavaco não é um qualquer...
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
VOANDO SOBRE O NINHO DA CIÊNCIA EM PORTUGAL
Não há dúvida que sou homem de espírito aberto e
bondoso. Em post anterior, de já há
alguns dias, mencionei aqui os resultados de avaliação exterior e internacional
dos centros de investigação em Portugal que, à primeira lupa, evidenciava
regularidades relativamente consensuais quanto aos padrões de excelência científica
reconhecidos na ciência portuguesa.
Mas o diabo está nos detalhes e neste caso a
porca torceu o rabo na transposição dos resultados dos painéis internacionais
para os padrões e volumes de financiamento a atribuir aos centros sob avaliação.
Admito que no contexto vigente da alocação de recursos públicos em Portugal
haja centros que não obtiveram resultados acima do cut-off estabelecido pelo governo e que, por essa via, verão
ameaçada a sua estabilidade (reprodução simples) já para não falar em
perspetivas credíveis de crescimento e internacionalização. Os rumores
suscitados tudo indica que não foram essencialmente determinados pelas exclusões
de financiamento, mas antes pela distribuição do financiamento.
Como assim? Então em segunda aplicação os painéis
internacionais não viram os seus resultados reconhecidos?
O que acontece, segundo informações que obtive
junto de alguns elementos conhecidos da comunidade científica, é que os critérios
de atribuição do financiamento não resultaram dos resultados da avaliação
internacional. A distribuição do financiamento resultou ao que tudo indica de
critérios estabelecidos pela própria FCT e de uma coluna algo intrigante que a
FCT designou de ajustamentos.
Uma das consequências mais gritantes foi que as
diferenças de financiamento per capita
entre as instituições foram enormes e aparentemente sem explicação. Assim, é
possível descortinar centros de investigação que praticamente com a mesma
classificação e a mesma intensidade laboratorial apresentam desvios enormes de
financiamento per capita. Resultado, o Conselho de Reitores reagiu com veemência,
o painel de avaliadores internacionais está perplexo pois da sua avaliação não
resultava esse tipo de desvios e a própria Agência reguladora vê-se obrigada a
uma de duas, ou a não respeitar a classificação FCT, ou a respeitá-la e a ter
de anular cursos de doutoramento que tinha aprovado.
Temos aqui um toque de Crato, ou toque de FCT ao
invés, ou seja tudo que tocam sai furado.
Mas para mim a metáfora é antes a de nunca
sabermos se o governo é apenas desajeitado e incompetente ou se é malevolamente
desajeitado. O que não importa, pois ambos os cenários nos conduzem à conclusão
certa, erradicá-los democraticamente de cena.
CARNEY, SILUANOV E SCHULZ: GRECO-TRANSGRESSORES?
Três personagens relativamente improváveis marcaram pontos no dia de ontem. Vejamos, sem que qualquer significado especial deva ser atribuido à ordenação e dimensão dos respetivos tratamentos.
Falando numa conferência em Dublin, o governador do Banco de Inglaterra (Mark Carney) lançou um violento ataque à austeridade na Zona Euro, com referências tão curiosas como a meia-dúzia que segue: (i) “é difícil evitar a conclusão de que, se a Zona Euro fosse um país, a política orçamental seria substancialmente mais apoiante”; (ii) “os líderes da Europa não encaram atualmente a união orçamental como parte da união monetária – tal timidez tem custos”; (iii) “a Europa ainda carece de outros mecanismos eficazes de partilha de risco [broad-based risk-sharing, via união de transferências ou pool comum de seguro de desemprego] e é relativamente inflexível”; (iv) “por difícil que tenha sido, alguns países, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido, estão agora a escapar dessa armadilha [da dívida] – outros, na Zona Euro estão a afundar-se ainda mais”; (v) “as desvalorizações internas limitam-se a realocar a procura no interior da união entre moedas – elas não estimulam a procura agregada na Zona Euro como um todo” ou “dito de outro modo, dado que a competitividade é relativa, uma solução para alguns não pode ser uma solução para todos”; (vi) “a Europa precisa de um plano compreensivo e coerente para ancorar expectativas, construir confiança e escapar à sua armadilha da dívida”.
Numa entrevista dada em Moscovo à CNBC, o ministro russo das Finanças (Anton Siluanov) declarou com a maior das naturalidades que o seu governo consideraria indiscutivelmente qualquer pedido de assistência financeira que lhe fosse submetido pelo governo grego. Os russos devem estar a gozar que nem pretos com a falta de jeito dos nossos queridos líderes europeus!
Por fim, o pragmático presidente do Parlamento Europeu (Martin Schulz ou, em grego, Μάρτιν Σουλτς) esteve de visita a Atenas – finalmente alguém da área socialista com altas responsabilidades a nível europeu a demonstrar algum sentido político, ou simplesmente a dar mostras de mínimos de senso comum? –, riu e chalaçou com Tsipras e quis assim dar a sua achega no sentido de pôr alguma água na fervura das relações entre a Grécia e a União Europeia.
O confronto ainda está no aquecimento, pelo que o resultado continua em aberto. Mas uma coisa é já definitiva: por muitos que por lá vão berrando, a Europa tremeu e dificilmente permanecerá como dantes – para o melhor ou para o pior?, that is the question...
Falando numa conferência em Dublin, o governador do Banco de Inglaterra (Mark Carney) lançou um violento ataque à austeridade na Zona Euro, com referências tão curiosas como a meia-dúzia que segue: (i) “é difícil evitar a conclusão de que, se a Zona Euro fosse um país, a política orçamental seria substancialmente mais apoiante”; (ii) “os líderes da Europa não encaram atualmente a união orçamental como parte da união monetária – tal timidez tem custos”; (iii) “a Europa ainda carece de outros mecanismos eficazes de partilha de risco [broad-based risk-sharing, via união de transferências ou pool comum de seguro de desemprego] e é relativamente inflexível”; (iv) “por difícil que tenha sido, alguns países, incluindo os Estados Unidos e o Reino Unido, estão agora a escapar dessa armadilha [da dívida] – outros, na Zona Euro estão a afundar-se ainda mais”; (v) “as desvalorizações internas limitam-se a realocar a procura no interior da união entre moedas – elas não estimulam a procura agregada na Zona Euro como um todo” ou “dito de outro modo, dado que a competitividade é relativa, uma solução para alguns não pode ser uma solução para todos”; (vi) “a Europa precisa de um plano compreensivo e coerente para ancorar expectativas, construir confiança e escapar à sua armadilha da dívida”.
Numa entrevista dada em Moscovo à CNBC, o ministro russo das Finanças (Anton Siluanov) declarou com a maior das naturalidades que o seu governo consideraria indiscutivelmente qualquer pedido de assistência financeira que lhe fosse submetido pelo governo grego. Os russos devem estar a gozar que nem pretos com a falta de jeito dos nossos queridos líderes europeus!
Por fim, o pragmático presidente do Parlamento Europeu (Martin Schulz ou, em grego, Μάρτιν Σουλτς) esteve de visita a Atenas – finalmente alguém da área socialista com altas responsabilidades a nível europeu a demonstrar algum sentido político, ou simplesmente a dar mostras de mínimos de senso comum? –, riu e chalaçou com Tsipras e quis assim dar a sua achega no sentido de pôr alguma água na fervura das relações entre a Grécia e a União Europeia.
O confronto ainda está no aquecimento, pelo que o resultado continua em aberto. Mas uma coisa é já definitiva: por muitos que por lá vão berrando, a Europa tremeu e dificilmente permanecerá como dantes – para o melhor ou para o pior?, that is the question...
O QUE FIZERAM AOS GREGOS
Provenientes do outro lado do Atlântico – e mais concretamente do “Peterson Institute for International Economics” e de um artigo assinado por Paolo Mauro e Jan Zilinsky (“How Greek Citizens Saw Their Government Services Curtailed”) –, chegaram-me às mãos dois gráficos lapidares e incontornáveis.
O primeiro, acima, é bem elucidativo quanto à dimensão comparativamente gigantesca do ajustamento orçamental a que a Grécia foi sujeita desde a eclosão da crise económica e financeira – veja-se a escala e a velocidade da quebra verificada nas suas despesas públicas, impactando esta necessariamente no bem-estar de uma parte significativa dos cidadãos gregos (aqui medido pela despesa pública primária real per capita como proxy do fluxo efetivo de bens e serviços em média fornecidos ou dispensados por cada governo a cada um dos seus cidadãos). Com efeito, e enquanto até 2008/09 o referido indicador cresceu na Grécia em relativa consonância com os restantes países da Zona Euro, o último quinquénio conheceu uma queda cumulativa em torno de 30%!
Mas o segundo gráfico, abaixo, é talvez ainda mais escandaloso. Constate-se que, desde 2007 (último ano imediatamente anterior à crise) e até ao presente, apenas quatro dos trinta e três países mais desenvolvidos considerados registaram um declínio dos seus níveis de despesa real per capita (por ordem crescente, Israel, Itália, Chipre e Grécia, esta última num montante largamente superior aos restantes e que atingiu 24% através do efeito conjugado de cortes draconianos na despesa e de uma contração do PIB e dos rendimentos em torno dos 25%).
Eis pois, e para que não deixe de constar agora que os libelos acusatórios recrudescem e que os branqueamentos parecem ganhar novas expressões, mais uma evidência da receita que os amigos e parceiros europeus impuseram aos seus desorganizados, preguiçosos e até corruptos irmãos gregos. Em nome de uma ortodoxia sem nome e com uma força diretamente proporcional à incompetência política mandante...
quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
RÉPLICAS (3)
E ao quarto dia o xadrez Grécia (SYRIZA) versus
União Europeia torna-se mais complexo, sobretudo porque na minha interpretação
não há neste momento apenas um tabuleiro, mas dois. Como é que isto é possível?
A questão é que neste momento não existe apenas a defesa ou implosão do euro e
obviamente da própria União Europeia. Ou seja, não temos apenas o tabuleiro
económico. Há também o tabuleiro político e o centro de todos os fogos o
problema Rússia – Ucrânia. O posicionamento da EU face à plutocracia de Moscovo
e às derivas bélicas e invasivas de grupos provavelmente pertencentes à sua
vasta área de proteção de interesses tem vindo a evidenciar uma cada vez maior
dificuldade de geração de consensos credíveis e eficazes. O Presidente do
Conselho Europeu, o polaco Donald Tusk, não é propriamente um homem distanciado
face aos soviéticos e capaz de grandes negociações diplomáticas e compreende-se
porquê, é só compreender a história. Alguns países bálticos são do tipo “mata e
esfola”, até porque não são tão potencialmente interessados numa abertura económica
da Rússia como outros membros da União Europeia. A combinação de tudo isto com
a questão do gás natural baralha ainda mais o panorama. Mas agora, com o SYRIZA
a suscitar velhos respeitos e proximidades com a Rússia, a formação de
consensos será ainda mais problemática, até porque a precipitação do Conselho
Europeu gerou um comunicado do qual aparentemente o novo Governo grego não foi informado.
Os dois tabuleiros não são totalmente estanques,
pelo que a complexidade dos posicionamentos ultrapassará a nossa capacidade de
os perceber com uma visão exterior. Talvez seja a altura certa para se
revisitar a história sobre o estado da arte em Uniões Políticas.
Na frente económica, as réplicas pós SYRIZA
sucedem-se e o Financial Times continua a ser um espaço de eleição para
compreender os confrontos.
Do lado dos que se opõem claramente à anulação parcial
de dívida grega, regista-se a novidade da rejeição ser agora acompanhada da denúncia
do que essa linha de argumentação considera ser a “roleta russa” (sem qualquer
alusão maldosa ao tabuleiro político) da política económica defendida pelo
governo SYRIZA. Gideon Rachman chama-lhe engenhosamente a “voodoo economics”. Essa linha de argumentação terá sempre a ajuda
preciosa da pressão dos mercados e estes começam a querer influenciar o debate,
numa anunciada maneira de influenciar as opções políticas.
Do lado dos que vêm a anulação parcial de dívida
como a única modalidade sustentada de preservar a não implosão do euro, há que
registar hoje a chegada a esta frente de um Vice-Presidente da Morgan Stanley e
antigo chefe do FMI Europa, Reza Moghadan, que teve envolvimento nas negociações
com a Troika entre 2010 e 2014 (o primeiro ato de contrição conhecido?).
A forma como conclui o artigo no FT é
esclarecedora:
“A zona euro ultrapassou os seus tabus acerca de
resgates, reestruturação da dívida privada e união bancária. Tal como o SYRIZA
precisa de ultrapassar a relutância grega em proceder a reformas estruturais
mais profundas, a Europa necessita de ultrapassar os seus tabus em matéria de
perdão de dívida”.
Mas que ato de contrição!
Tal como o cartoon que abre este post e a crónica de Philip Stephens o sugere, será que Merkel vai acordar ou teimará em sublimar
a situação procurando matar o pesadelo?
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