sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

O QUE FIZERAM AOS GREGOS


Provenientes do outro lado do Atlântico – e mais concretamente do “Peterson Institute for International Economics” e de um artigo assinado por Paolo Mauro e Jan Zilinsky (“How Greek Citizens Saw Their Government Services Curtailed”) –, chegaram-me às mãos dois gráficos lapidares e incontornáveis.

O primeiro, acima, é bem elucidativo quanto à dimensão comparativamente gigantesca do ajustamento orçamental a que a Grécia foi sujeita desde a eclosão da crise económica e financeira – veja-se a escala e a velocidade da quebra verificada nas suas despesas públicas, impactando esta necessariamente no bem-estar de uma parte significativa dos cidadãos gregos (aqui medido pela despesa pública primária real per capita como proxy do fluxo efetivo de bens e serviços em média fornecidos ou dispensados por cada governo a cada um dos seus cidadãos). Com efeito, e enquanto até 2008/09 o referido indicador cresceu na Grécia em relativa consonância com os restantes países da Zona Euro, o último quinquénio conheceu uma queda cumulativa em torno de 30%!

Mas o segundo gráfico, abaixo, é talvez ainda mais escandaloso. Constate-se que, desde 2007 (último ano imediatamente anterior à crise) e até ao presente, apenas quatro dos trinta e três países mais desenvolvidos considerados registaram um declínio dos seus níveis de despesa real per capita (por ordem crescente, Israel, Itália, Chipre e Grécia, esta última num montante largamente superior aos restantes e que atingiu 24% através do efeito conjugado de cortes draconianos na despesa e de uma contração do PIB e dos rendimentos em torno dos 25%).


Eis pois, e para que não deixe de constar agora que os libelos acusatórios recrudescem e que os branqueamentos parecem ganhar novas expressões, mais uma evidência da receita que os amigos e parceiros europeus impuseram aos seus desorganizados, preguiçosos e até corruptos irmãos gregos. Em nome de uma ortodoxia sem nome e com uma força diretamente proporcional à incompetência política mandante...

Sem comentários:

Enviar um comentário