(James
Ferguson, http://www.ft.com)
Os analistas e comentadores deram uma muito escassa atenção a uma notícia por estes dias veiculada em vários meios de comunicação social segundo a qual o governador do Banco de Portugal (BdP) terá aduzido no decurso de um jantar-debate algumas informações significativas para um devido esclarecimento e compreensão do processo dito de “assistência financeira” a que Portugal esteve submetido. Ao contrário do que é habitual, não encontrei no site oficial qualquer menção à dita intervenção, razão pela qual me limito a este registo para memória futura com base exclusiva em citações jornalísticas.
E faço-o porque a questão é, a meu ver, relevante a diversos títulos e, muito especialmente, quanto à credibilidade técnica e política dessa Troika que nos veio tutelar e quanto à real natureza dessa estranha entidade que por cá se entranhou debaixo do alinhado e entusiástico aplauso da maioria dos nossos responsáveis e pseudoelites (diga-se que alguns foram entretanto “evoluindo” em complexos processos de demarcação, negação e mentira).
O ponto central das afirmações de Carlos Costa (CC) já vinha de trás, quando declarara no XI Fórum Banca que “quando a Troika chegou a Portugal não tinha um número de 12 mil milhões de euros para o apoio ao sistema financeiro português, tinham ideia que ia ser necessária uma capitalização pública muito maior, o dobro”. Posicionamento que agora reiterou ao referir que chegar àquele valor para o fundo de recapitalização só foi possível “depois de se ajustar o modelo de escrutínio do sistema àquilo que eram as necessidades de capital”.
O governador utilizou os exemplos irlandês, grego e espanhol – onde foi feita “uma operação muito clara de recapitalização à cabeça” dos respetivos bancos, “transferindo os ativos problemáticos para veículos e registando perdas de capital significativas” e tendo por consequência “um aumento da dívida pública da mesma dimensão” – para explicar os riscos de uma recapitalização dos bancos portugueses semelhante à realizada em outros países europeus (à época, “o modelo preconizado pela Troika“) e contra a qual o BdP se bateu num “braço de ferro” em defesa de “uma via diferente” para Portugal: evitar que a “fatia de leão” das imparidades registadas pelos bancos portugueses [em dezembro, referira o número de 31 mil milhões de euros, agora falou ilustrativamente em 40] fosse reconhecida à cabeça, na medida em que, dada a dificuldade de encontrar esse nível de capital nos acionistas privados, “não diria que se estava perante uma nacionalização, mas de protonacionalização, tal o nível de capital público que seria injetado nos bancos”.
Ou seja, e cito: “Tínhamos dois modelos alternativos: termos em 2012 o sistema financeiro todo nacionalizado por insuficiência de capital, e tínhamos hoje um grande programa de privatizações em curso e mais dívida pública, ou termos seguido o processo que seguimos, com os riscos que obviamente comporta, e segui-lo de forma metódica”. Nestes termos, sublinha, “a história dos bancos portugueses é uma história de convalescença longa que resulta do facto de se ter poupado o agente público ao impacto de um endividamento súbito que teria necessariamente uma dimensão dos 20 a 30 pontos percentuais”.
A ter sido esta a realidade dos factos, e nada me leva a não o aceitar como tal, difícil será discordar de CC quando ele conclui que “feito o balanço, acho que fizemos a escolha certa” ou que “para mim, foi um grande risco, mas para o país estou convencido que o futuro dirá que foi um grande alívio, porque evitámos um aumento do stock da dívida que teria criado junto dos mercados internacionais uma noção de insustentabilidade, o que teria para um país como o nosso um resultado muito grave”. Mas, e a adicionar ao justo sublinhado dessa intervenção pertinente e competente do BdP e do seu governador, uma nota de clara denúncia e forte protesto é também devida quanto à ligeireza e impreparação dos troikistas, por aqui me ficando para evitar entrar por campos alternativos em que fossem a serventia e os interesses a constituir os verdadeiros e vergonhosos fundamentos...
E faço-o porque a questão é, a meu ver, relevante a diversos títulos e, muito especialmente, quanto à credibilidade técnica e política dessa Troika que nos veio tutelar e quanto à real natureza dessa estranha entidade que por cá se entranhou debaixo do alinhado e entusiástico aplauso da maioria dos nossos responsáveis e pseudoelites (diga-se que alguns foram entretanto “evoluindo” em complexos processos de demarcação, negação e mentira).
O ponto central das afirmações de Carlos Costa (CC) já vinha de trás, quando declarara no XI Fórum Banca que “quando a Troika chegou a Portugal não tinha um número de 12 mil milhões de euros para o apoio ao sistema financeiro português, tinham ideia que ia ser necessária uma capitalização pública muito maior, o dobro”. Posicionamento que agora reiterou ao referir que chegar àquele valor para o fundo de recapitalização só foi possível “depois de se ajustar o modelo de escrutínio do sistema àquilo que eram as necessidades de capital”.
O governador utilizou os exemplos irlandês, grego e espanhol – onde foi feita “uma operação muito clara de recapitalização à cabeça” dos respetivos bancos, “transferindo os ativos problemáticos para veículos e registando perdas de capital significativas” e tendo por consequência “um aumento da dívida pública da mesma dimensão” – para explicar os riscos de uma recapitalização dos bancos portugueses semelhante à realizada em outros países europeus (à época, “o modelo preconizado pela Troika“) e contra a qual o BdP se bateu num “braço de ferro” em defesa de “uma via diferente” para Portugal: evitar que a “fatia de leão” das imparidades registadas pelos bancos portugueses [em dezembro, referira o número de 31 mil milhões de euros, agora falou ilustrativamente em 40] fosse reconhecida à cabeça, na medida em que, dada a dificuldade de encontrar esse nível de capital nos acionistas privados, “não diria que se estava perante uma nacionalização, mas de protonacionalização, tal o nível de capital público que seria injetado nos bancos”.
Ou seja, e cito: “Tínhamos dois modelos alternativos: termos em 2012 o sistema financeiro todo nacionalizado por insuficiência de capital, e tínhamos hoje um grande programa de privatizações em curso e mais dívida pública, ou termos seguido o processo que seguimos, com os riscos que obviamente comporta, e segui-lo de forma metódica”. Nestes termos, sublinha, “a história dos bancos portugueses é uma história de convalescença longa que resulta do facto de se ter poupado o agente público ao impacto de um endividamento súbito que teria necessariamente uma dimensão dos 20 a 30 pontos percentuais”.
A ter sido esta a realidade dos factos, e nada me leva a não o aceitar como tal, difícil será discordar de CC quando ele conclui que “feito o balanço, acho que fizemos a escolha certa” ou que “para mim, foi um grande risco, mas para o país estou convencido que o futuro dirá que foi um grande alívio, porque evitámos um aumento do stock da dívida que teria criado junto dos mercados internacionais uma noção de insustentabilidade, o que teria para um país como o nosso um resultado muito grave”. Mas, e a adicionar ao justo sublinhado dessa intervenção pertinente e competente do BdP e do seu governador, uma nota de clara denúncia e forte protesto é também devida quanto à ligeireza e impreparação dos troikistas, por aqui me ficando para evitar entrar por campos alternativos em que fossem a serventia e os interesses a constituir os verdadeiros e vergonhosos fundamentos...
Sem comentários:
Enviar um comentário