segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

AS IMPRESSÕES ACIDENTAIS (IV)



E a sociedade brasileira, as pessoas, as conversas e atitudes nas ruas, nos táxis e nos espaços públicos? Pois nesse plano, e tanto quanto pude observar nas deambulações destes poucos dias e nos lugares que fui frequentando, referiria singelamente a evidência dos seguintes três apontamentos:

· a credibilidade da política e dos políticos encontrar-se-á aos níveis mais baixos de sempre (já não havendo quaisquer intocáveis na matéria, pois que até Lula é também cada vez mais generalizadamente incluído na molhada, muito por razões que, inicialmente associadas às traquinices de amigos e camaradas, foram evoluindo em direções de si cada vez mais próximas e que culminaram junto da opinião pública brasileira na tão falada quanto incompreensível trajetória do filho Fábio Luís, vulgo Lulinha);


· o futebol vai gradualmente perdendo algum do unanimismo apaixonado e sem qualquer paralelo de que gozou durante tempos imemoriais e até muito proximamente (o trauma dos 7 a 1 de Belo Horizonte, altamente atribuível à soberba da CBF, à incompetência de Felipão Scolari e à desnorteada e presumida prestação de David Luiz e diversos outros coleguinhas de profissão, contribuiu – e de que maneira! – para esse ainda relativo mas bem visível declínio de imagem);

 (Baptistão, http://veja.abril.com.br)

· o povo, esse, permanece igual a si próprio (como se diz em certas gírias), gozando assim da felicidade de cada vez menos fazer lembrar os portugueses tidos por seus maiores alimentadores genéticos – seja na alegria e na autenticidade ou no otimismo e na esperança com que encara/defronta a vida, seja na riquíssima e imparável multiplicação das manifestações e inovações linguísticas que exibe, seja também na avassaladora abrangência convivial de um pôr-do-sol no Arpoador do Rio ou na Barra de Salvador, de um acarajé/abará ou de um açaí gelado numa esquina ou curva da estrada ou até de um nunca recusável chope (quer porque sim, quer porque não).


Ah, mas não quereria encerrar esta brevíssima digressão sem vos dar conta da minha própria verificação quanto a um dito muito bem esgalhado por Alexandra Lucas Coelho: porque, de facto, também eu continuei sem conseguir encontrar um único brasileiro declaradamente ateu...

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