A barbárie do XI ème Arrondissement em Paris,
concretizada nas instalações do Charlie Hebdo em nome de uma pretensa vingança
da pureza do Profeta, mostra que o Ocidente não compreendeu ainda a sua enorme
vulnerabilidade face ao sectarismo religioso e aos perigosos meandros de guerra
religiosa e do aproveitamento perverso das condições de liberdade e de tolerância
com que as sociedades ocidentais assumiram querer viver custe o que custar.
A onda de radicalismo do islamismo intolerante e
fanático entrou numa fase obstinada de aproveitamento das vulnerabilidades
ocidentais no interior das suas próprias sociedades, tirando partido de imensos
e variados tipos de frustrações de populações em trajetória de exclusão com
cambiantes étnicos.
O maior impacto potencial desta luta desigual
entre uma sociedade tolerante e o fanatismo radical está na deriva securitária
que as sociedades ocidentais vulneráveis e fragilizadas podem querer assumir e
no medo potencial e inibidor que a barbárie pode também disseminar, derivas que
qualquer exemplar de força política populista pode querer cavalgar.
Nous sommes tous Charlie, para não emergir apenas como um slogan de circunstância que fica bem nas
redes sociais, tem de representar a convicção generalizada de que a melhor
forma de homenagear e honrar a memória dos dez jornalistas e dos dois polícias
barbaramente assassinados é defender os valores da liberdade e da tolerância
nas sociedades ocidentais como matriz civilizacional.
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