terça-feira, 13 de janeiro de 2015

AS IMPRESSÕES ACIDENTAIS (VI)


Acabo, até porque já começa a bastar. E nada melhor para “dar uma terminada” do que recorrer às matérias de índole cultural ou similar. Onde desta vez o meu destaque máximo vai para o excelente espetáculo “Elis, a Musical” (no “Oi Casa Grande” do Leblon) que recria no palco a vida pessoal e a carreira da grande Elis Regina (com Laila Garin em grande plano interpretativo e vocal num texto que tem coautoria de Nelson Motta).


Mas também quereria registar alguns outros aspetos marcantes. Na música, o espetáculo de Vanessa da Mata na Praça Cairu (em plena parte baixa da cidade de Salvador da Bahia) no quadro de um réveillon que, a despeito dos visíveis esforços promocionais da prefeitura, foi organizacionalmente dececionante (a demora no show de Daniela Mercury foi mesmo um injustificado abuso da paciência do auditório!).


Também o encontro ao vivo com o artista plástico Menelaw Sete na sua galeria em pleno Pelourinho – será talvez excessivo alguns verem nele e nos seus xodós um símbolo de um certo cubismo brasileiro, mas foi gratificante conhecer alguém cuja obra a Té me tinha revelado nos tempos da “9Arte” e que figura numa das minhas paredes como parte integrante do meu mais que modesto acervo de pintura.


Terá ainda de constar dos factos eleitos a inegociavelmente obrigatória volta pelas livrarias. Com saliência para “A Travessa” da Visconde de Pirajá, onde acedi a umas tão inesperadas quanto delirantes “Noites Leblonianas” escritas pelo recém-desaparecido João Ubaldo Ribeiro, ao “Fogo Fátuo” de Patrícia Melo (há muito a minha preferida da nova literatura brasileira, aparentemente em fase de acentuada dedicação ao género policial) e ao CD comemorativo dos 70 anos de Nelson Motta – já a FNAC (pelo menos a do Barra Shopping) parece lamentavelmente em perda, cada vez menos voltada para o serviço ao cliente em favor da tecnologia e do produto/consumo mais comercial e imediatista.

(Cássio Loredano, http://veja.abril.com.br)

Uma nota finalíssima: fiquei curioso com a celebração da Imagem e do Som sob a forma museológica, quer em São Paulo (já em funcionamento) quer no Rio (ainda em construção num espaço em Copacabana onde existia uma celebérrima “boate” (Help) que entretanto parecia dar sinais de crescente decrepitude. Um reconhecimento que terá de ficar agendado para uma próxima oportunidade – se os orixás assim o vierem a permitir ou, pelo menos, a tal não torcerem definitivamente o seu divino nariz...

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