terça-feira, 31 de dezembro de 2013

UM ADEUS DESPEGADO...

(R. Reimão e Aníbal F, Elias O Sem Abrigo”, http://www.jn.pt)

(Arnaldo Angeli Filho, http://www.folha.uol.com.br)

... e votos de um 2014 melhor...

O OUTONO DO NOSSO DESCONTENTAMENTO







Companheiro já insubstituível deste blogue, o cartunista do El País “El Roto” (Andrés Rábago García) é absolutamente indispensável neste final de um terrível 2013. Uma síntese da sua soberba e quase sempre outonal leitura das tendências do mundo no último trimestre...

EUROPEÍSMOS (XII)



Dois momentos inspirados de um excelente cartunista alemão (Burkhard Mohr, http://www.faz.net e http://www.cicero.de) para encerrarmos este dezembro em que a social-democracia começou a colaborar de forma verdadeiramente ativa na desconstrução europeia, tal será o julgamento dos supostamente mais realistas. Enquanto eu, que sou do contra e até ateu, caio na fraqueza de confessar uma fé de que les jeux ne sont pas faits – para o melhor e para o pior, insisto todavia em deixar claro...

INTENSIVKURSE AM GOETHE-INSTITUT

ITINERÁRIOS URBANOS (de fim de ano)



Tenho de confessar que sou um tipo de rotinas. Quando as aparências exigem que se corte a juba e se apare a barba (é preciso entrar em 2014 com aparência de mais jovem, para contrariar o destino), o meu itinerário urbano passa pelo Carmo e pela Praça Carlos Alberto. O competente Moreira espera-me solícito na Invicta e é também uma oportunidade de reencontrar um espaço da Cidade que me é extremamente caro por razões familiares (onde passei tantas horas da minha adolescência), curiosamente não muito longe de Cedofeita e da pastelaria creio que Suave qualquer coisa, referências do meu colega de blogue.
O itinerário envolve livrarias, uma breve olhada ao aspeto deprimente de algumas lojas, hoje fechadas e algumas vandalizadas, e normalmente biscoitos em breve passagem pela padaria Ribeiro, fechando normalmente com alguns minutos de tranquilidade, de leitura ou de simples contemplação da fauna urbana, seja no Piolho de todas as recordações, seja no Progresso, ícone desta zona da Cidade, hoje renovado e esperemos que sustentadamente.
A manhã de 31 de dezembro tem pouca chama e com o Piolho fechado, o itinerário bem matutino quedou-se pela Almedina e pelo Progresso.
Alguns minutos para folhear o recém-adquirido Adriano Moreira, “Memórias do Outono Ocidental, um século sem bússola” da própria Almedina. Não propriamente uma entrada empolgante para 2014, mas a clarividência serena de um Homem acima do tempo, que soube viver e gerir as suas contradições de regime e de humanista e conserva uma lucidez que nos torna mais pequenos.
Da contracapa do livro, uma serena perspetiva do nosso declínio ocidental:
É justamente o relevo crescente das inquietações de cada Estado europeu com os seus interesses privativos, a crise de estrutura europeia e o aprofundamento da sua hesitação entre a Integração na linha federalista e a União na linha da igualdade dos Estados, que faz avultar o facto da solidariedade EUA e Europa não ser invocada, visivelmente ela estar a enfraquecer, com os EUA a regressarem ao destino manifesto do Pacífico e a considerar o Atlântico uma retaguarda por vezes incómoda. O que ajuda a esquecer que é o Ocidente que está em decadência, que a violenta crise europeia é parte de uma crise mundial sem precedente, e que os países como Portugal veem crescer a situação de Estados exógenos, exíguos, atingidos pela linha da pobreza que fez renascer o limes romano ao Norte do Mediterrâneo. Pelo que não devem omitir ou esquecer o poder da voz contra a voz do poder que emerge, acima daquela linha, ignorando que, sem União, de modelo final ainda não definido, não é apenas a voz de cada Estado europeu, ou a voz da União anarquizada, é a voz do Ocidente que será pelo menos fortemente debilitada no globalismo ainda mal sabido da entrada neste século sem bússola”.
Feliz Ano para os visitantes deste blogue.

RIO?


Divido-me perante a inequívoca expressão desta sondagem, que aliás traduz à perfeição o que se pressente na maioria de todo esse Portugal fora do Porto, com destaque para o reino da superficialidade e das aparências que impera na nossa incorrigível e sempre provinciana Capital. Porque já não sei se hei de rir ou de chorar quando vejo Rio como um desejado – para os pategos que por aí pululam (entre os acomodados da política centrona, o jet-set do novo-riquismo e os analfabetos da edição e do comentário) era muito bem feito que pudessem um dia viver a experiência de levar com ele, para os portugueses iria certamente ser lastimável...

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

GRÁFICOS



James Hamilton tem no Econobrowser uma excelente peça sobre a aparente estabilidade vivida nos mercados quanto aos países da Europa do sul, resgatados, ameaçados e outros estatutos.
Os três gráficos falam eloquentemente por si.


 Dívida Soberana detida por autoridades nacionais
Um facto que impressiona mesmo qualquer observador incauto ou desprevenido é o comportamento do peso da dívida no PIB, inclusivamente numa economia como a Irlanda, sobretudo após os processos de resgate.
E também não é menos eloquente o facto dessa dívida pertencer em percentagem crescente a autoridades nacionais, facilitado pelo contributo do Banco Central Europeu.
Todo este imbróglio criou uma estabilidade aparente. Aparente é a palavra certa.

A GRANDE INTERROGAÇÃO

(Erlich)


2014 está aí à porta e bastaria ser tempo para a entrada nos 65 anos para marcar pessoalmente o ano sobre o qual todas as antecipações têm sido realizadas.
A vinheta de Erlich que abre este post antecipa o que praticamente todos aspiramos, ou seja minimizar estragos, conter danos, contrariando na medida da intervenção cívica que estiver ao alcance de cada um o rumo das coisas.
Mas 2014 tem muito de antecipável, para mal das nossas penas. Paradoxalmente, as esquerdas estão muito ativas, dando sinal de vida que não manifestavam já há longo tempo. Tenho de confessar que a legibilidade dos projetos que têm sido trazidos para a opinião pública é muito escassa, não conseguindo vislumbrar que alternativa concreta essas movimentações representam.
E essa é para mim a grande interrogação de 2014 e anos seguintes. Como gerar uma alternativa de governação que convença a Europa dos irredutíveis do pacto orçamental, que encontre um equilíbrio entre a gestão da dívida, a consolidação orçamental, o respeito pela coesão social e condições de competitividade estrutural para a economia portuguesa? Os sinais que o PS nos tem deixado não são animadores de que o possa fazer sozinho, o que é manifestamente desapontador. Será que as movimentações da esquerda não PCP não visam mais do que forçar o PS a novos equilíbrios? Se assim fosse, estaria explicada a vaguidade programática que tem marcado essas movimentações.
Já aqui falei de um governo PS aberto a personalidades de largo espectro político e fiquei agradado que Augusto Santos Silva tenha pensado num modelo de governo com essa natureza. Mas mesmo se esse figurino conseguir ultrapassar a forte oposição dos que no PS salivam já com o poder, as interrogações permanecem, sobretudo do ponto de vista de como gerir a vulnerabilidade decorrente de um tão elevado peso da dívida no PIB.
Trata-se de uma saída em fio de navalha, estreita, perigosa, trabalhosa. A alternativa é uma trajetória de empobrecimento a médio-longo prazo. Por isso vale a pena refletir sobre a sua viabilidade.

2013: A FIGURA DO ANO



 (Cristiano Salgado, http://expresso.sapo.pt)

O ano da plena confirmação nos negócios de um homem dos sete ofícios (advogado omnipresente, par da República e comentador universal, chairman todo-o-terreno com recente transferência das telecomunicações para os cimentos e a comunicação social) foi também aquele que consagrou Maria como a “nossa senhora” plenipotenciária que inspira e comanda Aníbal e um dia ainda há de ser chamada a proteger este desgraçado Portugal...