Podem dizer-me que com o mal dos outros podemos nós
bem e que o fundamental é centrar baterias na situação portuguesa. Mas a situação
da vizinha Espanha é incontornável para o foco que este blogue concede a estes
temas. A Espanha é relevante porque não teve um problema de dívida a gerar toda
a situação calamitosa. A tragédia espanhola é uma ilustração inequívoca de como
os demandos do sistema financeiro e bancário (externos e internos) se podem
voltar contra os cidadãos e como crises bancárias e crises soberanas se podem
perigosamente interligar sempre à custa das condições de vida dos que nunca
viveram na sombra das rendas do sistema financeiro.
O El País de hoje tem uma síntese de leitura
obrigatória para compreendermos a extensão dessa injustiça de efeitos, num capítulo
designado de “2008-2013 Balance de Daños”:
“Menos médicos para mais pacientes com mais depressões. Menos
professores e mais mal pagos para mais alunos com menos ajudas. O PIB per
capita está ao nível de há uma década. Depois de cinco anos na centrifugadora
da crise, as condições de vida em Espanha deterioraram-se de modo alarmante”.
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