segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

CRISE E IDENTIDADE NACIONAL



Num número da Visão que nos presenteia com uma crónica de António Lobo Antunes e uma longa entrevista com o escritor no aconchego da sua casa no Conde de Redondo, José Gil publica uma estimulante crónica sobre o impacto da crise e da má governação na identidade mais profunda dos portugueses. O filósofo parte da nossa característica intrínseca de nos darmos ao outro e da nossa profunda capacidade de com ele interagir. Ora um dos efeitos mais perniciosos da atual governação é colocar diferentes classes e tipos de portugueses contra outros portugueses, acirrando diferenças, provocando falsas disputas, desconstruindo a confiança das relações pessoais, interinstitucionais e das relações entre diferentes estatutos na sociedade portuguesa.
Uma das consequências mais profundas desta desconstrução arbitrária e sem sentido é projetar os portugueses para o seu recôndito mais íntimo, numa relação estritamente consigo próprios, negando a sua característica identitária mais intrínseca.
Ora, por mais apelativa e convincente que a retoma possa manifestar-se, os custos identitários são graves já que não se recuperam facilmente com retomas simplesmente económicas, desprovidas de confiança.
A palavra aos filósofos e pensadores, já que os economistas já há algum tempo perderam essa matriz, pelo menos no corpo instalado que valida as políticas em curso.

Sem comentários:

Enviar um comentário