domingo, 22 de dezembro de 2013

O DOM DE JAIME


Não conheço pessoalmente Jaime Nogueira Pinto (JNP) e quase nada – exceptuando talvez a comum origem portuense – a ele me liga. Mas o facto é que, após uma fase em que JNP me irritava pelo que considerava de retrógrado e arrogante nas suas posições públicas, tenho vindo a adquirir uma crescente simpatia por este intelectual português de direita. A ponto de o ler com atenção e respeito, o que para mim já não é coisa pouca ou, para melhor dizer, é até coisa muita.

O carácter retrógrado das análises de JNP ganhou em mim perspetiva à medida que fui compreendendo que correspondia, sobretudo, à expressão genuína de um nacionalista e humanista. O carácter arrogante das análises de JNP ganhou em mim perspetiva à medida que fui compreendendo que tendia a manifestar, sobretudo, um profundo desrespeito pela falta de inteligência e de valores.

Passei a ler religiosamente a sua coluna semanal no “Sol”, comprei o romance autobiográfico (“Novembro”) em que conta a história de vida que partilhou com Maria José, li com gosto e proveito pedaços da sua tese de doutoramento aligeirada (“Ideologia e Razão de Estado”) e já vou a meio da mais recente publicação (“Portugal – Ascensão e Queda”), onde reflete sobre o passado e o presente desta “nação singular”. Irei ainda a tempo de aceder seguidamente à sua visão de africanista, lendo “Jogos Africanos”.

Claro que continuo a não concordar com JNP em muitos tópicos e opções, mas decerto que aprecio crescentemente nele a força das convicções, a seriedade do trabalho intelectual e a espessura do pensamento. O resto só importa depois. Como ele tão bem explica nas suas entrevistas deste fim de semana ao “Dinheiro Vivo” do JN e ao “Jornal i”, por exemplo quando se refere (ver excerto abaixo) às diferentes combinações que a vida nos vai reservando de gente boa e má com ideias boas e más…

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