Mais uma morte, ontem em Londres, que me aproxima de um passado longínquo. O ator irlandês Peter O’Toole ficará para sempre como aquele “Lawrence da Arábia” de que, à beira dos onze anos, ouvi referências entusiasmadas de colegas mais experimentados (já teriam treze?) num recreio do D. Manuel II. E que assim se tornou uma das minhas grandes estreias pessoais na Sétima Arte.
Lawrence é um jovem tenente do exército britânico que, durante a Primeira Guerra Mundial, é mandado em missão à península arábica e aí acaba por servir de elemento de ligação entre a Grã-Bretanha e as divididas tribos rebeldes árabes e por formar uma frente contra os turcos que pretendiam anexar a região ao seu Império Otomano. Uma personalidade enigmática e excêntrica que o consagrado realizador David Lean (merecidamente “oscarizado”) nos revela brilhantemente, ao longo de quase quatro horas de um filme belíssimo, sobretudo na sua crescente rendição ao deserto, ao estilo de vida e à causa do povo.
Pouco tempo depois, Peter O’Toole ainda tentou que a simpática e aventureira figura de “Lord Jim” se substituísse à encarnação de Lawrence, mas o seu destino estava marcado. E assim continuou a ocorrer doravante, a ponto de parecer tocada por maldição qualquer hipótese de poder vingar uma das suas sete nomeações para Óscar subsequentes à primeira que falhou em 1962 no papel de Lawrence. Ficou-lhe a consolação de um galardão honorário pelo conjunto da carreira (2003) e a certeza agora consumada do forever...
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