sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A ENTREVISTA



A melhor imagem que me ocorre para sintetizar a entrevista do primeiro-Ministro Passos Coelho aos jornalistas Judite de Sousa e Paulo Baldaia é esta: temos um primeiro-ministro que afirma com o mesmo registo de tranquilidade uma determinada coisa e o seu contrário.
E ocorre-me uma expressão que Brad DeLong usa repetidamente nas suas análises críticas do jornalismo económico: Oh!Oh! Why can’t we have better press corps?
Pacheco Pereira tem razão quando denuncia a incapacidade dos entrevistadores em contraditar o entrevistado, sobretudo em relação ao caso do conhecimento do défice com o qual arranca o memorando da Troika. Maria João Avillez na SIC Notícias fez mesmo desse inverdadeiro e não contraditado facto o elemento mais importante da entrevista. Pois não se trata de contraditar opiniões, mas sim factos, simplesmente factos, ou contradições entre diferentes afirmações que vão sendo produzidas ao longo do tempo. Um jornalista incómodo não o é por suscitar temas incómodos nas suas questões, pois todos sabemos que essa incomodidade é fácil de desarmar, com respostas preparadas ao milímetro pelos assessores de comunicação. Incomodidade significa contraditar factos com a verdade ou a mentira sobre os mesmos. Mas isso implica jornalismo de investigação, que é coisa que já lá vai, salvo casos muito pontuais que não ascendem a este tipo de entrevistas.

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